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Ioncell: alternativa sustentável para a indústria da moda

Universidade Aalto tecnologia Ioncell - bernadetealves.com

Restos de madeira, papelão, jornais velhos e tecidos de fibras naturais, como algodão e viscose, estão sendo reaproveitados como alternativas sustentáveis para reduzir os danos ambientais da indústria da moda.

Em tempos de agressões ao meio ambiente como um todo, é importante destacar trabalhos que despertam a consciência ecológica, como o desenvolvido por pesquisadores filandeses das Universidades de Aalto e Helsínquia .

Universidade de Aalto, Finlândia

Os docentes criaram a tecnologia Ioncell  que cria fibras têxteis a partir da madeira, jornais, papelão e os transforma em tecidos biodegradáveis que não liberam microplásticos ao longo da vida útil. A pesquisa é coordenada pelo professor Herbert Sixta.

Ele explica que durante o processo, a tecnologia Ioncell, utiliza um líquido iônico não tóxico e não inflamável, que pode ser reciclado. Ele é usado no tratamento da celulose, que passa pela tecelagem e dá origem aos tecidos ecológicos.

“A tecnologia loncell, é um processo de respeito ao meio ambiente e dá oportunidade para a moda caminhar em busca de alternativas mais sustentáveis”, afirma Sixta.  A tecnologia sustentável criada pela Universidade tem o apoio da poeta e esposa do presidente da Finlândia.

Sauli Niinisto, presidente da Finlândia e primeira-dama Jenni Haukio

A primeira-dama finlandesa ,Jenni Haukio, compareceu ao aniversário de 101 anos da independência da Finlândia, o evento mais aguardado do ano no país, com um vestido branco produzido 100% de fibras de bétula, uma árvore abundante nas florestas da Finlândia, para mostrar que a nova tecnologia pode reduzir o dano ambiental provocado pela indústria da moda. As bétulas, que viraram matéria-prima do look  de Jenni Haukio, esposa do presidente Sauli Niinistö, se desenvolvem naturalmente na vegetação regional.

A peça clean, com mangas ¾, transparência nos ombros e longo, foi desenhada por Emma Saarnio e Helmi Liikanen, designers de moda da Universidade de Aalto. Elas experimentaram diferentes cores para chegar ao melhor resultado.

A estilista Emma Saarnio diz que no design combinou tradições finlandesas e, ao mesmo tempo, olhou para o futuro. “Me inspirei em fortes mulheres finlandesas, que são representadas nos traços minimalistas e linhas claras do vestido. O vestido é promessa de um futuro mais limpo e brilhante”, disse Emma Saarnio.

“O processo é mais respeitoso com o meio ambiente do que usar algodão ou fibras sintéticas e aproveita  uma madeira que, ao contrário, seria desperdiçado”, diz Helmi Liikanen. Até o momento, a equipe da universidade de Aalto desenvolveu alguns produtos por meio do processo, como capas de iPad, jaquetas, cachecóis e vestidos.

Professora Pirjo Kaariainen, Universidade de Aalto, Finlândia

A professora Pirjo Kaariainer, ficou satisfeita com a repercussão que o vestido da primeira-dada teve. “Ele foi desenhado por uma jovem estudante da moda que quis mostrar seu respeito pela natureza filandesa e pela tradição do país de ter mulheres fortes”.

A docente diz que a bétula produz uma fibra suave no contato e tem muito brilho e que a árvore tem muito simbolismo no seu país. Pirjo explica que as bétulas são árvores espetaculares que apareceram no planeta há mais de 30 milhões de anos e, depois das eras glaciais, foram das primeiras espécies a renascer e permanecem até hoje.

Floresta de Bétula na Finlândia

“As bétulas são lindas, elegantes e sempre acompanhadas por dezenas de outras, formando comunidade peculiar. Uma bétula alcança 15 metros de altura, suporta temperaturas baixíssimas e solos ácidos, tem tronco ereto, estreito e bem claro, como “branco brilhante”.Por conta da cor do caule, os finlandeses costumam plantar estas árvores ao longo das estradas, para que se tornem sinais fosforescentes quando iluminados por faróis de veículos. A árvore é conhecida como “As damas de prata da floresta”.

A indústria da moda produz 10% das emissões de carbono global e usa quase 70 milhões de barris de petróleo a cada ano para fabricar fibras de poliéster que levam até 200 anos para se decompor.

Emmanuel Macron, presidente da França, conhece tecnologia Ioncell na Finlândia

Usar roupas com materiais sustentáveis é a saída para preservar o planeta. No ano passado várias personalidades aderiram a moda sustentável. O presidente da França Emmanuel Macron, visitou a Universidade de Aalto e levou um cachecol. Ele, a primeira-dama, e tantas outras personalidades podem influenciar nesta escolha e com isso incentivar a indústria da moda a investir mais em tecnologias ecológicas.

Vamos repensar a moda. Fotos BBC

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