Advogada indígena eleita deputada federal ganha Prêmio da ONU

A brasileira Joênia Batista de Carvalho, conhecida por Joênia Wapichana, a primeira mulher indígena a se tornar advogada no país e eleita deputada federal por Roraima, venceu o Prêmio de Direitos Humanos da ONU.
A notícia foi dada pela presidente da Assembleia Geral da ONU, Maria Fernanda Espinosa. Além da brasileira os outros vencedores de 2018 do Prêmio das Nações Unidas de Direitos Humanos são: a ativista de direitos humanos de mulheres e meninas da Tânzania Rebeca Gyumi, a organização irlandesa Front Line Defenders e a quarta premiada foi a advogada de direitos humanos Asma Jahangir, do Paquistão, falecida em fevereiro deste ano, recebeu o título póstumo.

A defensora dos direitos humanos das comunidades indígenas, Joênia Wapichana, dedicou o Prêmio a todas as mulheres que lutam por suas comunidades. Joênia disse acreditar que o prêmio dará mais visibilidade aos povos indígenas. “Vai fazer com que o mundo preste atenção que os povos indígenas são detentores de direitos, que têm seus valores, não somente aquele olhar de cobiça para as terras indígenas”, declarou a homenageada.
“Quando eu levo a palavra como primeira mulher indígena formada no Brasil, é justamente para dar um incentivo, para que essa minha imagem possa ser reproduzida, multiplicada dentro dos povos indígenas. Infelizmente são poucas as mulheres que são visualizadas, porque eu acredito que existem muitas delas, igual a mim, que estão se esforçando, que estão defendendo os direitos, que são guerreiras, eu conheço várias delas, que fazem um trabalho brilhante, muito antes de mim até. Mas que não são vistas ainda pela mídia, reconhecidas, e este prêmio da ONU, eu vou até dedicar a todas as mulheres indígenas, que já fazem este trabalho”, declarou Joênia Wapichana.
Joênia disse acreditar que o prêmio dará mais visibilidade aos povos indígenas. “Vai fazer com que o mundo preste atenção que os povos indígenas são detentores de direitos, que têm seus valores, não somente aquele olhar de cobiça para as terras indígenas”, declarou.
Joênia Wapichana é a primeira mulher indígena eleita para o cargo de deputada federal no país. Ela é da Rede-RO. Com 43 anos, ela está entre os oito deputados federais eleitos por Roraima este ano. Joênia Batista de Carvalho adotou como sobrenome sua etnia. Segundo estimativas não oficiais, são 3,5 mil indígenas wapichana na Região Norte do país.
Após defender um caso de disputa de terras na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Joênia se tornou a primeira advogada indígena a comparecer perante o Supremo Tribunal Federal (STF). Em 2013, foi nomeada primeira presidente da Comissão Nacional de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas.

“Quando eu levo a palavra como primeira mulher indígena formada no Brasil, é justamente para dar um incentivo, para que essa minha imagem possa ser reproduzida, multiplicada dentro dos povos indígenas”, afirmou Joênia em entrevista em Boa Vista ao ONU News, ao saber da premiação.
“São cidadãos, pessoas que querem fazer parte da tomada de decisões de muitos processos que estão sendo discutidos dentro dos países, são defensores de direitos, de conhecimentos, de vários saberes. A gente vai fazer também com que as crianças possam viver este exemplo. E eu entendo que este reconhecimento vai servir também para nos proteger”, declarou.

Criado pela Assembleia Geral da ONU em 1966, o prêmio está em sua décima edição, que coincide com o aniversário dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os vencedores são escolhidos por um comitê especial formado pela presidente da Assembleia Geral, o presidente do Conselho Econômico e Social da ONU, o presidente do Conselho de Direitos Humanos, entre outros. Para o prêmio deste ano, foram recebidas mais de 300 candidaturas. A entrega acontecerá em dezembro, na sede das Nações Unidas, em Nova York, como parte das comemorações do Dia dos Direitos Humanos.
O Prêmio de Direitos Humanos das Nações Unidas é concedido a pessoas e organizações pelas suas conquistas em direitos humanos. De acordo com a ONU, o prêmio é uma oportunidade de “enviar uma mensagem clara aos defensores dos direitos humanos em todo o mundo de que a comunidade internacional agradece e apoia seus esforços para promover todos os direitos humanos para todos”.