Exercícios físicos: remédio para retardar o Alzheimer
A importância do exercício físico para a saúde como um todo é unanimidade entre os cientistas.Diversos estudos têm demonstrado ao longo dos anos que a prática de exercício físico aumenta não só a capacidade regenerativa do cérebro, mas também a plasticidade das funções cerebrais.
Pesquisadores do Hospital Universitário de Tubingen,na Alemanha comprovam que adultos que cumprem a meta semanal de prática de atividades físicas recomendada pela OMS (duas horas e meia de atividade física ) têm menos sinais precoces de surgimento da doença neurodegenerativa.
“Um estilo de vida fisicamente ativo é viável e pode desempenhar um papel importante em retardar o desenvolvimento e a progressão do Alzheimer. Indivíduos com risco genético para demência devem, portanto, ser aconselhados a buscar uma vida mais ativa”, escreveram os autores do estudo, liderado por Christoph Laske.
A diretora científica da Associação de Alzheimer, Maria C. Carrillo, diz que o resultado do estudo é encorajador. “Se pesquisas adicionais confirmarem essa relação entre atividade física e aparecimento tardio dos sintomas de demência no ADAD, precisamos expandir o trabalho para ver se ele é também eficaz para quem já está com a doença”.
Este estudo alemão soma-se a um trabalho importante realizado na Universidade de Coimbra, em Portugal. Uma equipe de investigação liderada por Ana Teixeira, da qual fazem parte José Pedro Ferreira e Luís Rama, tem apostado no desenvolvimento de programas de exercício físico e na verificação daqueles que são mais efetivos na melhoria da saúde e do bem-estar.

O estudo deles foi apresentado em 2017, durante Simpósio da Sociedade Internacional de Exercício e Imunologia, organizado pela FCDEFUC, que reuniu recentemente em Coimbra especialistas oriundos de mais de 30 países, entre os quais Brasil, Estados Unidos da América, Austrália, Canadá, Japão, Espanha, Alemanha, Suécia, França e Reino Unido.
O professor José Pedro Ferreira, da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra, declarou que há cerca de 20 anos, pensava-se que toda a gente nascia com um número pré-definido de células cerebrais que ia decrescendo ao longo da vida e com o processo de envelhecimento, resultando na perda progressiva das funções cognitivas até desencadear a morte.

“Hoje sabe-se que o número de células não está definido, nascimento de novas células e que, através de diferentes mecanismos, é possível melhorar as funções cerebrais, aumentando a plasticidade do cérebro e possibilitando melhorias no desempenho cognitivo mesmo em idades mais avançadas”. Quanto ao exercício físico, desempenha “um papel muito importante no desenvolvimento dessas células”, declarou o mestre.
Estudos desenvolvidos em cobaias revelam que a realização de programas de exercício físico, com determinado nível de intensidade e de duração, desenvolvem, a nível cortical, um aumento do nascimento, da diferenciação e da sobrevivência de novas células em determinadas zonas do córtex.
Existem estudos promissores também na área oncológica que, segundo Luís Rama, indiciam que “quando o exercício físico é usado acompanhado das terapêuticas utilizadas no tratamento destas doenças, tem benefícios quer para a qualidade de vida dos doentes, quer para o efeito a prazo e contributo para a cura”.
A prática regular de exercício – preferencialmente, três vezes por semana – reduz em cerca de 16% a probabilidade de vir a sofrer de depressão. A conclusão é de um novo estudo britânico, da University College London, coordenado por Snehal Pinto Pereira e publicado na revista científica JAMA Psychiatry.
Depois da comprovação de que a atividade física é o alimento do corpo, da mente e da alma, vamos sacudir a poeira e dar a volta por cima.