Fumaça de incêndios na Austrália cruza Oceano Pacífico e chega ao RS

A fumaça dos incêndios que atingem a Austrália, percorreram 12 mil quilômetros e chegam até a América do Sul. Imagens do satélite japonês Himawari 8 e do Observatório da Terra da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) publicadas na internet revela extensão do fogo e mostra colunas de fumaça dos incêndios chegando até a América do Sul.
Nesta terça-feira a fumaça chegou ao Rio Grande do Sul, conforme o MetSul Meteorologia. Em Santana do Livramento, fronteira com o Uruguai, o céu ficou acinzentado.
Ontem dia 6, a fumaça foi vista no Chile e na Argentina . Segundo técnicos da NASA, a quantidade de material particulado é tão grande na atmosfera que foi capaz de cruzar todo o Oceano Pacífico.

Enquanto a fumaça se espalha pelo mundo, a Austrália continua sofrendo. A estação de incêndios florestais da Austrália começou mais cedo do que o normal em 2019 após uma seca de três anos que deixou as terras selvagens do país vulneráveis ao fogo.

Milhares de pessoas ficaram desabrigadas, e muitos moradores de cidades rurais passaram dias sem eletricidade, telecomunicações e, em alguns casos, água potável. Os esforços de resgate e apoio coordenados pelos militares estão em andamento.
De acordo com a BBC, os incêndios já mataram 25 pessoas neste verão e devastaram mais de 8,6 milhões de hectares de terras, destruindo milhares de edifícios e cortando a energia e as comunicações.
Animais silvestres, como coalas e cangurus, são algumas das principais vítimas das chamas. Outro aspecto que tem preocupado autoridades é a poluição e a baixa qualidade do ar das áreas afetadas pelo incêndio têm deixado algumas cidades cobertas por fumaça. Os custos financeiros e ambientais só aumentam.

Os incêndios florestais que atingem o sudoeste da Austrália estão comprometendo também o turismo, já que a fuga dos veranistas está transformando algumas estâncias do estado de Nova Gales do Sul em cidades fantasmas no auge da temporada de férias. Paraísos litorâneos como Hyams Beach (190 km de Sydney) teve os acessos bloqueados devido ao recorde de temperaturas altas e ventos que atiçam incêndios localizados a meros 15 quilômetros de distância.

O grande problema dos incêndios é o gás carbônico – um dos gases responsáveis pelo efeito estufa que está sendo liberado em enormes quantidades no ar pelos incêndios florestais. Várias pesquisas indicam que isso pode provocar um superaquecimento global e ter consequências absurdas. Sem falar dos prejuízos à saúde das populações e dos animais.

Especialistas explicam porque os incêndios florestais são tão letais. O calor solar provoca desidratação nas plantas, que recuperam a água perdida do substrato. Não obstante, quando a umidade do terreno desce a um nível inferior a 30 % as plantas são incapazes de obter água do solo, de modo que se vão secando pouco a pouco. Este processo provoca a emissão para a atmosfera de etileno, um composto químico presente na vegetação e altamente combustível.
Tem lugar então um duplo fenômeno: tanto as plantas como o ar que as rodeia se tornam facilmente inflamáveis, de modo que o risco de incêndio se multiplica. E se a estas condições se soma a existência de períodos de altas temperaturas e ventos fortes ou moderados, a possibilidade de que uma simples faísca provoque um incêndio se torna significativa.
Há que se destacar que a grande maioria dos incêndios florestais não surgem das causas naturais, mas sim a ação humana, quer seja de maneira intencionada ou não. A prevenção do fogo baseia-se, por um lado, em tentar evitar que se provoquem incêndios florestais, e por outro lado em criar condições que minimizem as suas consequências uma vez declarados. Conscientização e responsabilidade são as palavras de ordem.