Curicaca: o despertador do Pantanal faz morada em Brasília

A beleza física desta ave, como de seu canto semelhante a um grito, tem despertado os brasilienses nas quadras residenciais do Plano Piloto. A Curicaca é uma ave exótica, grande, com bico longo e curvo, com cauda curta, asas largas, olhos avermelhados, pescoço esbranquiçado ou alaranjado, dorso cinza-alaranjado, partes inferiores negras, pernas avermelhadas e é muito rápida.
A ave que gosta de planar nas alturas,é também conhecida como despertador do Pantanal, curicaca-comum, curicaca-branca e curicaca-de-pescoço-branco. Seu nome popular é onomatopaico semelhante ao som do seu canto, composto de gritos fortes.

Esta ave está presente em grande parte do Brasil, com mais destaque na Ilha de Marajó, no Pará, e no Pantanal mato-grossense. Ela é comum em áreas semiabertas, capoeiras, beiras de matas secas, caatingas, cerrados, plantações, cambarazal e campos. É encontrada ainda no Panamá e em todos os países da América do Sul (até a Terra do Fogo, na Argentina). No Sul do Brasil ela faz festa nos Campos de Cima da Serra. Lá é tão popular que foi exaltada em um poema por Eulália Martorano Camargo.
Ultimamente está sendo vista em várias áreas de Brasília. Segundo os biólogos, as queimadas do Pantanal e a tranquilidade que tomou conta das cidades devido a pandemia, fez com que elas encontrassem abrigo nas áreas arborizadas do Plano Piloto.
A ave se distingue pela coloração clara e asas largas, com dorso cinzento e brilho esverdeado. Os machos são um pouco maiores que as fêmeas, atingindo 69 cm de comprimento. Quando chega a noite, empoleira-se em árvore para dormir. Costuma gritar nesta hora e ao clarear o dia.

A Curicaca vive em pequenos bandos de oito a dez aves ou sozinha, costuma buscar alimento em campos de gramíneas ou em alagados, mas raramente dentro d’água. Para isso, tem no bico longo e curvo seu mais importante aliado, já que consegue extrair larvas e outros insetos da terra fofa. O menu é variado e inclui lagartixas, ratos, caramujos, aranhas, e até pequenas cobras e sapos por ser resistente a toxinas liberadas por eles.

Elas fazem seus ninhos com gravetos e escolhem os locais mais altos, inclusive em postes de luz, como o clicado pelo repórter fotográfico Marcelo Ferreira Silva, no Conic.

Os especialistas dizem que o período reprodutivo vai de julho a novembro. A ave costuma por entre dois e três ovos, durante o verão.

As curicacas, fora o grito estridente ao anoitecer e no clarear do dia, são bonitas, pacíficas, deixam ser fotografadas e ainda limpam os gramados de intrusos indesejados. Espero que elas continuem embelezando os parques da capital.

Fotos: Marcelo Ferreira Silva e Bernadete Alves