Onça-pintada: símbolo da biodiversidade brasileira e maior felino das Américas

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A onça-pintada é um animal solitário, sendo encontrado aos pares apenas no período de reprodução


Comemora-se neste 29 de novembro o Dia Internacional da Onça-pintada, símbolo da conservação da biodiversidade brasileira e maior felino das Américas. Para marcar a data a cúpula do Museu da República, em Brasília, projetou imagens da Onça-pintada feitas pelo artista plástico Siron Franco.


A obra audiovisual mostra a Onça-pintada em movimento e interage com o público. A ideia, segundo o artista, é alertar sobre a matança do animal, um dos símbolos da conservação da biodiversidade brasileira.

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Projeção na cúpula do Museu da República, em Brasília, marca o Dia Internacional da onça-pintada


O dia nacional da onça-pintada foi oficializado pelo Ministério do Meio Ambiente, em 2018, para reforçar a importância ecológica, econômica e cultural da espécie. No mesmo ano, durante a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-14), o dia 29 de novembro foi declarado, oficialmente, como o Dia Internacional da Onça-pintada.


A onça necessita de áreas de mata conservadas para sobreviver. No Brasil, ela pode ser encontrada na Amazônia, no Pantanal, na Mata Atlântica e na Caatinga, além do Cerrado. Na Caatinga, ela corre perigo de extinção.


Câmeras de pesquisadoras da UnB flagraram passagem de uma onça-pintada em uma área restrita da unidade de conservação, portanto, distante da área de visitantes, onde ficam as piscinas do Água Mineral. Pesquisadoras da Universidade de Brasília (UnB) registraram a presença de uma onça-pintada no Parque Nacional de Brasília, conhecido como Água Mineral. As imagens foram captadas por câmeras de monitoramento instaladas na região, no fim de setembro, e divulgadas no dia 16 de outubro deste ano. Desde 2017 não havia registros na capital do animal ameaçado de extinção.

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Onça-pintada flagrada por câmeras no Parque Nacional de Brasília, em 2021


Na ocasião a pesquisadora e professora do Instituto de Ciências Biológicas da UnB, Ludmilla de Souza Aguiar, disse que o registro da onça-pintada no Parque Nacional de Brasília é muito positivo. “É um indicativo de que a unidade de conservação está cumprindo a sua função, servindo de abrigo, um sinal de saúde do ecossistema. Contudo, a ameaça da permanência do indivíduo na área existe.”


Curiosidade sobre a ‘rainha das matas’

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Onça-pintada com filhote, no Pantanal

A onça-pintada habita em quase todos os biomas do país, exceto o Pampa, onde foi extinta. Esse famoso animal da fauna com pelagem que varia do amarelo-claro ao castanho, possui características e comportamentos interessantes.


O animal é caracterizado por manchas pretas em forma de rosetas de diferentes tamanhos, essas manchas são características e funcionam como marcações para diferenciar os indivíduos, pois são únicas em cada um deles. Nunca se repetem entre as onças, mesmo entre irmãos gêmeos.

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A mandíbula e os dentes da onça-pintada são bem fortes, o que permite a captura de animais maiores do que ela


Então, se entre os humanos a impressão digital é usada para o reconhecimento das pessoas, na natureza as rosetas auxiliam os pesquisadores a identificar e monitorar os felinos. Além disso, as onças-pintadas ainda têm pintinhas pretas dentro das pintas maiores localizadas no tronco do animal, característica que diferencia a espécie dos leopardos.


O Pantanal é o local com as maiores onças do país,
possivelmente pela maior oferta de alimento – um dos fatores que possibilita o desenvolvimento da massa corpórea mais avantajada. Por lá, seu peso médio é de mais de 100 kg nos machos, que são maiores que as fêmeas. O porte da onça funciona como um CEP. Dependendo do bioma os felinos são maiores e mais pesados.


Na Mata Atlântica e na Caatinga as presas mudam e, por conta disso, os felinos são menores. Nesses biomas as onças-pintadas machos não ultrapassam os 75 quilos e as fêmeas pesam menos de 40.

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Na Amazônia a copa das grandes árvores é casa para as onças-pintadas


Na Amazônia a copa das grandes árvores é casa para as onças-pintadas, principalmente durante a cheia, quando os rios transbordam. Elas chegam a ficar até seis meses no topo das árvores e podem predar macacos e até bichos-preguiça.

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A onça-pintada tem corpo e cauda com pelo curto, patas adaptadas a vida cursorial, o focinho é curto e as orelhas pequenas e arredondadas

As onças-pintadas são animais carnívoros. Com uma dieta extremamente variada que muda de acordo com a região de ocorrência do animal, esses felinos se alimentam de aproximadamente 85 espécies diferentes como capivaras, jacaré, macaco, tamanduá, tatus. Os felinos podem ficar até uma semana sem comer. No topo da cadeia alimentar, as onças têm preferência por predar mamíferos, podendo comer quantidades enormes de carne em um único dia.


A onça-pintada possui a mordida mais forte entre os felinos.
A força da mandíbula é tão grande que consegue quebrar até cascos de tartaruga. A mandíbula e os dentes são bem fortes, o que lhe permite a captura de animais maiores do que ela. O comprimento total (cabeça à cauda) é de até 2,70 metros e pesa entre 35 kg e 158 kg.

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Onça-pintada necessita de áreas de mata conservadas para sobreviver


A onça-pintada (Panthera onca) apresenta corpo e cauda com pelo curto,
as patas são adaptadas a vida cursorial, o focinho é curto e as orelhas pequenas e arredondadas. Os sentidos mais apurados são a visão e a audição, apesar do olfato também ser bem desenvolvido, quando comparado com outros animais, apresenta uma inferioridade.


Não há indícios de estes animais conseguirem sobreviver em ambientes alterados pelo homem, assim como na interação com o homem, pois costumeiramente fogem ao perceber ação humana. Em muitas regiões, as onças são chamadas de tigres, provavelmente, devido a uma herança cultural dos primeiros imigrantes e colonizadores.


As fêmeas atingem a maturidade sexual por volta dos 2-3 anos de idade e os machos aos 3-4 anos. A gestação dura de 90 a 111 dias e geralmente nascem de 1-4 filhotes por ninhada. Os filhotes permanecem aos cuidados da mãe de um ano a um ano e meio, e o pai não apresenta nenhum tipo de cuidado parental. Estes felinos podem se reproduzir durante o ano todo.

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A onça-pintada habita em quase todos os biomas do país, exceto o Pampa onde foi extinta


São considerados animais solitários
, sendo encontrados aos pares apenas no período de reprodução (acasalamento) e os filhotes-jovens que muitas vezes já apresentam o porte do adulto. Sua longevidade é de 15 anos em vida livre.


Se cada um de nós tem um dia especial no ano para comemorar a vida
, nada mais justo que o maior felino das Américas também tenha.


Fotos: Christian Vinces / Shutterstock.com, Marcelo Tchebes, ICMBio/Reprodução e Larissa Neves, Regina Cardozo e Edu Fragoso, do VC no TG