Plano Piloto é a região com mais infectados por Covid no DF

A taxa de transmissão da Covid-19 está em 2,46 no Distrito Federal, segundo levantamento da Secretaria de Saúde divulgado nesta semana. O índice é o segundo maior desde o início da pandemia, ficando atrás apenas de março de 2020, quando esteve em 2,61. O número aponta que cada 100 infectados podem contaminar outras 246 pessoas.
Levantamento realizado pela Secretaria de Saúde aponta que no dia 21, o número de infectados conhecidos chegou a 561.457, sendo 3.297 novos casos. A região com maior incidência do vírus é, desde o dia 13 de janeiro, o Plano Piloto com 61.226 casos e 780 mortes.

Ceilândia, que estava no ranking com 57.997 contaminações e 1.690 vidas perdidas desde o início da pandemia, agora está em segundo lugar.
Conforme pesquisas, a ômicron é a variante predominante no Distrito Federal. Ela é mais transmissível e as pessoas contaminadas acabam infectando várias outras.
Segundo o pesquisador do Núcleo de Altos Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento, da UnB,´professor Tarcísio Rocha Filho, as viagens de fim de ano podem ser um dos motivos para esta inversão. “No Plano moram pessoas com mais recursos financeiros, que, com certeza, viajaram mais”, diz o especialista.

Além do poder aquisitivo, o professor diz que a localização geográfica permite que os moradores do centro tenham mais facilidade para realizar a testagem e confirmar a doença, aponta o professor. “No Plano Piloto existe uma oferta maior de laboratórios particulares, o que pode facilitar nos resultados. Nós sabemos que há falta de testes em muitos postos de saúde do DF, e que houve muita procura nos últimos dias”, afirma Tarcísio Rocha.
Segundo o pesquisador, é de “extrema necessidade” vacinar, rapidamente, a maior quantidade possível de pessoas, incluindo crianças. “Nossos estudos mostram que há uma tendência de aumento nos casos em crianças e jovens. Com a volta das aulas presenciais em escolas e universidades, a grande circulação do vírus pode facilitar o surgimento de novas variantes”, diz Tarcísio.

“Com a vacinação, está sendo possível controlar os casos mais graves. Mas, de qualquer forma, muita gente pegando a doença ao mesmo tempo é perigoso, porque pode gerar um colapso no sistema de saúde, como já vimos nos outros anos”, explica.
Mesmo que o aumento de casos não esteja provocando um aumento no número de mortes, o professor alerta que este pode não ser um reflexo a médio prazo. “Infelizmente, as mortes podem ocorrer em uma ou duas semanas”, diz ele.
Uma nota técnica feita por diversos pesquisadores do país, publicada no dia 19, estima “aumento significativo” de casos de Covid-19 no Distrito Federal. O documento recomenda que aulas presenciais em escolas e universidades sejam suspensas para evitar contaminação de crianças e do público mais jovem.
Para a análise os pesquisadores consideraram dados divulgados pela Secretaria de Saúde até 15 de janeiro. “Observamos que os dados mostram uma clara tendência em um aumento significativo nos casos em crianças e jovens, causado pelo retorno a aulas presenciais”, diz o texto.

A nota é assinada por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), entre outras.
De acordo com o documento, a projeção deve motivar uma análise sobre a possibilidade de suspensão das aulas presenciais, “até que a fase dessa nova onda fique para trás”. Outro alerta da nota técnica é de que, com grande circulação do vírus, também é mais fácil que surjam novas variantes.
O documento também sugere que as mortes provocadas pelo novo coronavírus devem subir. “Esse aumento de casos ainda não se refletiu no número de óbitos, o que deve infelizmente ocorrer em uma ou duas semanas”, afirma.

Orientações da nota técnica
Realizar extensas campanhas públicas de informação sobre os cuidados essenciais, como o porte de máscara e distância mínima entre pessoas, enfatizando a real gravidade da Covid-19, e divulgando amplamente as inúmeras sequelas observadas em pessoas curadas, a inexistência de tratamento precoce ou definitivo, e que um retorno a uma situação próxima à normalidade pré-pandemia só será possível com toda população devidamente vacinada, de crianças a idosos. Enfatizar o uso correto de máscaras e quais as máscaras mais eficazes;
Gestores e autoridades públicas devem basear suas decisões na melhor evidência científica disponível, assessorados por painéis de especialistas, das diferentes áreas do conhecimento pertinentes ao momento.
Fotos: Divulgação e Reprodução