José Perdiz, fundador do Teatro Perdiz, morre aos 89 anos

O fundador do Teatro do Perdiz, José Perdiz, 89 anos, morreu na madrugada do dia 20/2, após enfrentar problemas no coração agravados por um diagnóstico recente de Covid-19. A informação foi divulgada no perfil oficial do teatro no Instagram. No relato, a Oficina de Teatro explica que o entusiasta do teatro e grande símbolo de resistência já enfrentava problemas no coração desde 2021.

A trajetória do pioneiro entusiasta do teatro e símbolo de resistência virou um documentário dirigido por Marcelo Díaz que ganhou o Troféu Candango de Melhor Curta 35mm do DF no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e o Festival Internacional de Curtas São Paulo, de 2007.
A história de Perdiz começou com a criação da oficina mecânica em 1969, que ganhou ares de cultura em 1975, quando o mecânico cedeu espaço para ensaios do grupo de teatro do sobrinho, aluno de teatro da Faculdade Dulcina de Moraes.

No fim da década de 1980, o local tornou-se um espaço cultural com a chegada do diretor de teatro Mangueira Diniz e da adaptação da peça Esperando Godot, de Samuel Beckett. Entre 1991 e 1992, o local chegou a receber 7,5 mil pessoas.
Nos anos 2000, a oficina enfrentou problemas com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por funcionar em área pública. Em setembro daquele ano, um grupo de pessoas realizou um cordão humano para defender o teatro. Já em 2007, a situação se agravou e uma construtora começou obras ao lado do terreno e afetou o telhado da oficina-teatro. Assim pereceu mais uma fonte de cultura e abalou o emocional do líder.

Graças a um terreno doado na 710 Norte, após ser desalojado de área pública que ocupava há 38 anos, o Teatro Perdiz foi reinaugurado e passou a ser dirigido pela atriz Julia Karla Perdiz, filha mais nova do fundador.
Segundo Júlia Karla Cunha Perdiz, José passou a ter arritmia. “Ele até colocou marco-passo (no coração) para ver se melhorava, mas continuou tendo muito problema de desequilíbrio e cansaço. Então, em janeiro deste ano ele pegou covid-19 e foi quando, por ele já estar debilitado do coração, que ele ficou bem ruim e com pneumonia”.
Júlia diz que o grande legado deixado pelo pai “é o amor pela arte e o respeito pelo trabalho das pessoas. Meu pai foi um grande trabalhador, um grande cabeça dura também, que defendia as suas ideias até o fim, não abria mão dos seus ideais e nem dos seus princípios”.

A família informa nas redes sociais que as homenagens póstumas a Perdiz serão realizadas nesta segunda-feira, dia 21 das 11h às 13h, na Capela de número 3 do Cemitério de Taguatinga. “Venham com amor, não há luto pra quem viveu e partiu na luta”.
O falecimento de José Perdiz é uma grande perda para a cidade. A história e trabalho em prol da cultura permanecerão vivos na memória de Brasília. Nossa solidariedade à família, artistas e amigos neste momento de dor. Perdiz Vive!
Fotos: Marcelo Dischinger e Iano Andrade/CB/D.A Press