Marianne Peretti, a artista que deu luz e cores a monumentos em Brasília, morre aos 94 anos

A vitralista Marianne Peretti, única mulher da equipe de Oscar Niemeyer na construção de Brasília, estava internada no Hospital Português, na região central de Recife e faleceu na segunda-feira (25). A morte só foi divulgada na sexta-feira, 29.


A artista será enterrada neste sábado em Brasília. O velório ocorrerá no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul de Brasília, das 13h às 15h. A missa de sétimo dia de Marianne Peretti foi marcada para o domingo, 1º de maio, às 10h, na Igreja Rainha da Paz, aqui em Brasília. Outra missa deve ocorrer às 18h, na Catedral de Brasília, cujos vitrais foram idealizados pela fabulosa artista.

Marianne morava em Pernambuco e nos últimos tempos produzia suas obras em sua casa, no Sítio Histórico de Olinda. A artista deixa rico legado espalhado por todo o mundo, com uma visão leve e suave de que a vida com cores e personalidade pode colorir com alegria a vida das pessoas.

Marie Anne Antoinette Hélène Peretti, nasceu em Paris, 13 de dezembro de 1927, era filha de uma modelo francesa e historiador pernambucano, cresceu e estudou na França. Radicada no Brasil desde 1956, quando começou a desenhar e pintar por Pernambuco, Ceará e Bahia. Até que em um momento de coragem, conforme a artista relatou em entrevista, foi até o Rio de Janeiro para se apresentar a Niemeyer e dizer o quanto admirava sua obra.

Três meses depois o arquiteto convidou a vitralista para fazer parte de sua equipe na construção de Brasília. Ao lado de Athos Bulcão, Lúcio Costa e Burle Mark, Marianne orgulhou as mulheres e se destacou com trabalhos incríveis.


Coube a Marianne Peretti levar luz e cores a prédios do arquiteto Oscar Niemeyer,com seus icônicos vitrais da Catedral de Brasília, Palácio do Jaburu, Teatro Nacional Cláudio Santoro, Câmara dos Deputados, Panteão da Pátria, Superior Tribunal de Justiça, e no Memorial JK.

A Catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida, mais conhecida como Catedral de Brasília, tem projeto arquitetônico arrojado de Oscar Niemeyer e vitrais de Marianne Peretti em tons brancos, verdes e azuis que cortam as laterais e o teto. O templo foi inaugurado em 1970 e era revestida com vidro transparente.

Os vitrais só foram idealizados na década de 1980, quando Niemeyer convidou a vitralista Marianne Peretti para projetá-los. Não há, hoje, como imaginar a catedral sem aqueles belíssimos vitrais.

Mais do que uma mestra em vitrais, a artista reúne na carreira importantes esculturas, trabalhos em design e também trabalhos em desenho puro, chegando a ganhar prêmios por ilustrações.


As obras de Marianne vão além de vitrais. Ela criou belíssimas esculturas como um painel em ferro retratando uma árvore de 12 metros de altura. A arte de Marianne está em vários estados do Brasil e também em países da Europa, como Itália e França, onde se encontra seu primeiro vitral, feito para a Câmara Sindical de Eletricidade, no Boulevard Voltaire, em Paris.

A pintora, escultora e desenhista Marianne Peretti se vai, mas sua arte monumental viverá para sempre na história de Brasília. Obrigada Marianne por alegrar nossos olhos com suas belas obras.
Siga no caminho da Luz.

Fotos: Breno Laprovítera / Divulgação e Kadu Niemeyer/Divulgação e Marcello Casal Jr/Agência Brasil