Cesar Barney, arquiteto pioneiro de Brasília, faz voo para a Luz

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Morre César Barney, arquiteto pioneiro de Brasília

É com pesar que registro o falecimento do arquiteto pioneiro, César Barney, ocorrido no dia 17 deste mês, aos 88 anos. Ele nasceu em 24 de maio de 1934 em Cáli, Colômbia. Vai-se o gênio e fica os legados arquitetônicos e artísticos do colombiano que chegou em Brasília aos 24 anos.

Ele deixa a esposa Elvira Barney, três filhos, netos, amigos, colegas e fãs de suas obras magníficas. Nossa solidariedade aos familiares e todos que tiveram o privilégio de receber seus preciosos ensinamentos. Que sua alma criativa se expanda em luz e paz profunda.

Morreu o homem, mas permanece uma linda história de vida e seu legado arquitetônico. Barney era um ser espiritualizado, inteligente, sensível, amigo e solidário.

César Barney conheceu Brasília em obras. A convite da Novacap, se juntou a um grupo de futuros arquitetos para passar um dia na nova capital. Entre tratores, buracos e um mar de poeira, o estudante se apaixonou por aquele esboço de futuro. Deixou o grupo e ficou só com a roupa do corpo na Cidade Livre. Barney só voltou para o Rio de Janeiro cinco dias depois para para concluir o curso, reorganizar a vida, casar, e voltar de vez para Brasília.

Veio para a nova capital com a cara e a coragem. No canteiro de obras foi direto para a barraca do Departamento de Urbanismo e Arquitetura, escritório do arquiteto Oscar Niemeyer, em busca de um trabalho. No espaço, foi recebido por Nauro Esteves, braço direito de Niemeyer, que lhe propôs que o jovem trabalhasse de graça por dois meses para ser avaliado.

O escritório era um barracão de madeira, montado onde hoje é o Palácio da Justiça, na Esplanada dos Ministérios. Barney relatou em suas entrevistas, que o trabalho, naquela época, era todo feito com papel manteiga, lápis e uma escova que servia para espanar a poeira, abundante.

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Cesar Barney, arquiteto pioneiro de Brasília, faz voo para a Luz

Chamado de Texas, porque fez parte da faculdade de arquitetura nos Estados Unidos, deu o seu melhor e passou a fazer parte do time de arquitetos do escritório que ganhou fama internacional por traçar e erguer uma cidade em cinco anos, seguindo o plano de metas de Juscelino Kubitschek.

Barney começou a se destacar e deu às superquadras e prédios desenvolvidos por ele, um novo padrão de urbanismo: vitrais, espelho d’água, esculturas e painéis. O sofisticado arquiteto deixa sua assinatura em superquadras residenciais, embaixadas, residências no Lago Sul, prédios monumentais e também no Lar Maria de Madalena.

Barney foi cônsul honorário antes da inauguração oficial da Embaixada da Colômbia, e esteve à frente da função por 36 anos. Ele também assessorou a construção das embaixadas da Alemanha e da Bélgica e reformou as embaixadas do Peru e do Egito.

O sonho de JK também foi seu. Poeira, mato, desconforto e solidão foram alguns dos desafios enfrentados por ele. Apesar das dificuldades, Barney não ligou para as dificuldades e ficou para ajudar na fundação da nova capital do Brasil, inaugurada em 1960.

Trilhou com sua esposa Elvira, um caminho de pioneirismo traçado por muito amor, companheirismo e cumplicidade. Uma linda história de vida e de dedicação em prol de Brasília, cidade que escolheu para iniciar sua jornada.

Fotos: Reprodução