Eclipse solar total e sua importância para a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein

Presenciar coincidências celestiais despertam alegria e causam deslumbramento. Dentre eles a Lua Cheia, arco-íris, amanhecer, pôr-do-sol e os eclipses. O eclipse solar total que ocorreu no dia 8 de abril de 2024 na América Central foi um evento surpreendente até mesmo para nós aqui de Brasília que só acompanhamos por imagens e vídeos.

Para que este evento surpreendente pudesse ocorrer a Lua precisava estar no tamanho correto, na distância exata da Terra e na órbita certa para passar em frente ao Sol e bloquear totalmente a sua luz por alguns momentos.

E foi isso que aconteceu para a alegria e deslumbramento de milhões de pessoas do México, Estados Unidos e Canadá. Eles foram agraciados com um espetáculo celestial único.

Foi o primeiro eclipse solar total ocorrido em 2024. No horário de Brasília (UTC-3), ele começou às 15h07 na costa do México. Organizações como a Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos) e o Observatório Nacional, do Brasil, se organizaram para permitir que todos pudessem observar o fenômeno por transmissões ao vivo.

O evento iniciou com um eclipse parcial, momento em que o sol foi perdendo “fatias”. Cerca de 15 a 20 minutos antes da totalidade, o céu começou a adquirir uma cor estranha e escura, significando que o fenômeno estava atingindo seu ápice.

No momento em que a Lua começou a passar na frente do Sol, seus raios brilharam ao redor da Lua, criando gotas de luz chamadas de pérolas de Baily. Conforme o eclipse foi chegando em sua totalidade, elas desapareceram.

Quando chegou o grande momento do eclipse total, foi formada uma coroa ao redor da Lua, que é o brilho do Sol que não foi coberto. Depois que terminou, as pérolas de Baily reapareceram brevemente quando a Lua se moveu lentamente através do Sol.

O término deste raro fenômeno foi na costa leste do Canadá, por volta das 16h46. Segundo a Nasa 31,5 milhões de pessoas estavam em locais onde o eclipse solar total foi visto.

Segundo o Observatório Nacional, um eclipse solar total acontece em média a cada 18 meses em algum lugar do planeta, entretanto, por percorrerem uma faixa estreita, esse tipo de evento parece raro. O próximo Eclipse Solar Total visível no Brasil está previsto para 12 de agosto de 2045, às 15h58, e começará a ser visto no estado do Amapá . A faixa do eclipse vai percorrer os estados do Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e termina na costa do Pernambuco por volta das 16h20.

Presenciar este espetáculo celestial causou uma sensação de assombro e admiração, que diante daquela vastidão e dos mistérios do Universo nos fez sentir comparativamente pequenos. Uma emoção com algo tão grandioso desafia a nossa visão de mundo.

Embora a Eclipse Solar total ocorrida no dia 8 de abril de 2024, não pode ser presenciado no Brasil, a história nos mostra que há mais de 100 anos uma Eclipse no Brasil, ocorrida em 1919, comprovou a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein. O fenômeno foi registrado na cidade de Sobral, no interior Ceará, pelo astrônomo brasileiro Allyrio de Mattos, no Museu de Astronomia e Ciências Afins, em Sobral (CE)

A cidade brasileira tem em sua história um grande marco de contribuição para a ciência e a astronomia. Foi graças a observação de um eclipse solar total que a teoria Einstein pôde ser comprovada por cientistas brasileiros e ingleses no início do século passado.

Em 1915, Einstein anunciou sua Teoria da Relatividade Geral, que afirma que a massa dos corpos deforma o espaço próximo a eles, fazendo com que o caminho da luz, ao passar pelo espaço deformado, deixe de ser uma linha reta por conta do desvio.

A teoria do cientista só poderia ser testada e comprovada (ou não) quando houvesse um eclipse solar total, que permitiria observar as estrelas atrás do Sol e se o brilho emitido por elas sofreria um desvio ao passar pelo espaço deformado pela massa do Sol.

O próximo eclipse solar estava previsto para acontecer em 1919, e Sobral foi uma das cidades escolhidas para a observação dos cientistas, já que estava bem no meio da rota geográfica em que a sombra causada pela Lua na Frente do Sol seria total.

A outra cidade escolhida para observação científica foi Ilha do Príncipe, no arquipélago de São Tomé e Príncipe, na África. No dia do eclipse, expedições científicas foram instaladas em ambos os municípios para observar o fenômeno.

Pouco antes das 9h da manhã, em 29 de maio de 1919, a cidade de Sobral assistiu à Lua sobrepondo-se ao Sol. O fenômeno durou cerca de cinco minutos.

Na Ilha do Príncipe o mau tempo atrapalhou a visualização do eclipse, tornando possível registrar apenas seis estrelas atrás do Sol, em Sobral as condições meteorológicas foram boas, e 12 estrelas puderam ser registradas pelos cientistas.

O registro dessas estrelas foram usadas mais tarde como referência para medir o ângulo de desvio da trajetória de seus feixes de luz. O efeito de deflexão da luz faria com que as estrelas observadas fossem vistas em uma posição aparentemente diferente da sua posição real.

Meses depois, os astrônomos ingleses apresentaram os resultados da observação. Os registros feitos durante o eclipse comprovaram a Teoria da Relatividade Geral divulgada por Einstein anos antes e o cientista se tornou conhecido em todo o mundo.

Dois anos depois, Albert Einstein ganhou o Prêmio Nobel de Física, por suas contribuições na área.

Fotos: Hector Vivas, Mike Lawrie, Ron Jenkins e Brandon Bell, da Getty Images e Allyrio de Mattos