Pesquisadores descobrem árvore que pode descontaminar o solo
Estudo realizado por cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, aponta que a Pycnandra acuminata, uma árvore rara da floresta tropical, que cresce na ilha de Nova Caledônia, no Pacífico Sul, tem 25% de níquel em seu látex, que tem uma exótica cor azul-esverdeada.
A Pycnandra acuminata faz parte do grupo das ‘hiperacumuladoras‘, uma esperança na luta pela preservação do meio ambiente. “Isto indica que ela poderá ser usada para limpar solos contaminados ou permitir que terras pobres em nutrientes voltem a ser férteis”, diz o pesquisador Antony Van Der Ent, que estuda a planta. O cientista acredita que a planta “sangra” o metal para se defender de insetos.
Kathryn Spiers, que também estuda a planta, usou uma técnica que permite que a amostra seja fotografada e girada muito rapidamente, antes de ser destruída pelo feixe de raios-X, para saber do que a planta é feita.“Seu látex tem uma cor azul-esverdeada exótica e uma concentração de até 25% de níquel”, explica Kathryn Spiers.
A afinidade incomum da árvore com o níquel foi identificada pela primeira vez na década de 1970, e desde então a pesquisa sobre as plantas hiperacumuladoras só se expandiu. Os cientistas ainda estão investigando por que essas plantas em particular evoluíram dessa maneira e passaram a conseguir se desenvolver em condições tão adversas.
Alguns cientistas estão esperançosos de que as hiperacumuladoras possam ser usadas para “limpar” os solos em que há acúmulo de material tóxico devido à atividade humana e também na chamada fito-mineração, neste caso, as plantas hiperacumuladoras seriam usadas em solos pobres em nutrientes, mas ricos em metais, para extrair esses elementos e permitir, por exemplo, que o solo fique mais fértil para a agricultura.
Encontrada em ilha no Pacífico Sul, Pycnandra acuminata tem 25% de níquel em seu látex, que tem uma exótica cor azul-esverdeada. Ela faz parte do grupo das ‘hiperacumuladoras’, uma esperança na luta pela preservação do meio ambiente.
Aqui no Brasil a bióloga Divina Aparecida Vilhalva, em sua tese de doutorado no Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas concluiu, em 2008, que a planta hiperacumuladora Galianthe grandifolia, uma herbácea da família do café, além de ter alto potencial para limpar solos contaminados com metais pesados, é capaz de absorver o cádmio em grandes quantidades. O cádmio produz efeitos tóxicos aos organismos vivos mesmo em concentrações relativamente baixas.
Segundo a autora, ainda não havia sido identificada nenhuma planta nativa no Brasil com poder de absorção de cádmio igual ao encontrado nessa espécie. “Existem poucas plantas hiperacumuladoras desse elemento químico no mundo e, aparentemente, essa é a primeira nativa descrita com tal característica no Brasil”, declarou a bióloga.
O trabalho de Divina também envolveu o estudo de outra espécie de planta do Cerrado caracterizada por apresentar um sistema subterrâneo espesso. Trata-se da Campuloclinium chlorolepis, que acumulou 22 miligramas de cádmio por quilo de matéria seca da parte aérea e 8 miligramas por quilo na parte subterrânea (raízes tuberosas).
Pesquisas científicas na área com plantas geneticamente modificadas têm sido realizadas principalmente para desenvolver ou adaptar plantas para a fitorremediação, a descontaminação do solo com plantas. Esses estudos ocorrem principalmente nos Estados Unidos e na Europa e ultimamente Canadá, Coréia do Sul e Japão, vêm pesquisando esta tecnologia. Fotos: Getty Imagens.