Homens morrem mais de infarto e mulheres de AVCs, segundo SBC

A triste constatação foi um dos assuntos discutidos durante o 73° Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado aqui em Brasília no último final de semana. As doenças cardiovasculares são as principais causas de mortes no Brasil e registraram 362.091, ou seja, mais de 40 mortes por hora. Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC, os infartos e os acidentes vasculares cerebrais – AVCs, popularmente conhecidos como derrames, lideram as estatísticas tanto para homens, quanto mulheres. No caso dos homens, os infartos vêm em primeiro lugar com 68.018 mortes e os AVCs vitimaram 51.753 pessoas do sexo masculino, ao longo de 2016, dados mais recentes disponíveis e contemplados no levantamento da SBC.

Entre as mulheres, a situação se inverte com mais mortes por AVCs, 51.198 vítimas. Por infarto feminino foram 48.104 mortes. “A principal explicação é porque a mulher depois da menopausa perde a proteção hormonal e se torna mais vulnerável as doenças cardiovasculares e, em muitos casos, com mais gravidade do que os homens. Em relação ao AVC, há um indicativo de que a mulher tenha maior fragilidade vascular que os homens, porém ainda não há um trabalho científico robusto que sustente de forma definitiva essa tese”, diz o cardiologista Felipe Simão.
Os homens ainda lideram as mortes gerais por doenças cardiovasculares (190.242), mas as mulheres já estão muito próximas (171.809). Há 50 anos, para cada 10 mortes por doenças cardiovasculares, nove eram homens e apenas uma era mulher. “O fato de a mulher ter entrado no mercado de trabalho e passar a ter jornadas duplas e até triplas contribuíram para esse aumento significativo”, informa o diretor de Promoção da Saúde Cardiovascular, Fernando Costa.

O cardiologista ressalta que o estresse é um fator de risco para as doenças cardiovasculares, assim como o colesterol elevado, a hipertensão, o sedentarismo, a obesidade, o diabetes, o tabagismo e o álcool em excesso. Os números foram amplamente debatidos durante o Brasil Prevent, evento que ocorreu dentro do 73° Congresso Brasileiro de Cardiologia.Os especialistas discutiram quais as mudanças no estilo de vida e as melhores abordagens sobre os fatores de risco para o coração.
“Vivemos uma verdadeira epidemia de mortes por doenças cardiovasculares e será preciso buscar caminhos melhores para conscientizar a população para que esse quadro seja revertido”, diz o coordenador das discussões no Brasil Prevent e ex-presidente da SBC, Felipe Simão, que também foi um dos idealizadores do evento sobre prevenção, juntamente com outro ex-presidente da SBC Jorge Ilha.
O encontro também debateu o despreparo de profissionais em hospitais para atender uma parada cardíaca e o Jejum intermitente: riscos ou benefícios?O Congresso Brasileiro de Cardiologia, que reuniu médicos nacionais e internacionais, é considerado o terceiro maior evento mundial na área de cardiologia. Aqui estiveram os ilustres médicos e acadêmicos Karl B. Kern, Co-Diretor da Univeristy of Arizona Sarver Heart Center; Peter Libby, da Havard Medical School; e Christopher Granger, da Duke University.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Dr. Oscar Pereira Dutra, o Diretor Científico da SBC, Dr. Dalton Bertolim Précoma, junto com o presidente do 73° Congresso Brasileiro de Cardiologia, Dr. Nasser Sarkis Simão, receberam os ilustres cardiologistas com jantar no Espaço da Corte.

“Eu me sinto muito lisonjeado por ter sido escolhido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia para presidir esse evento cientifico tão importante para a ciência médica brasileira”, disse o anfitrião Dr. Sarkis Simão.