Dia do Professor na visão dos presidenciáveis

O Brasil está entre os países com pior desempenho em Educação no mundo. Na mais recente edição do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, em 2015, ficou na 63º posição em Ciências , na 65º em Matemática e na 59ª em Leitura, entre os 70 países analisados. De acordo com levantamento feito pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), com base nos dados do Pisa, apenas 3,3% dos estudantes brasileiros de 15 anos querem ser professores. Quando se trata daqueles que querem ser professores em escolas, na educação básica, esse percentual cai para 2,4%.
A carreira do magistério é conhecida por passar dificuldades em diversos âmbitos, como mostra levantamento do Ibope, encomendado pela Organização Todos Pela Educação. Os dados destacam a baixa média salarial da categoria, que gira em torno de 4,8 salários mínimos, e a pouca qualificação, apenas 9% deles têm mestrado.
No Dia do Professor, é importante saber o que pensam os candidatos à Presidência Fernando Haddad e Jair Bolsonaro e conferir os planos de governo de cada um deles junto ao Tribunal Superior Eleitoral.

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, e a mulher dele, Ana Stela, ambos professores universitários, destacaram nesta segunda-feira, o orgulho da profissão. Para eles, uma das maiores satisfações foi a fixação do piso nacional do magistério. O vídeo com a mensagem dos dois foi postado no Twitter.
“Quando você entra em uma sala de aula, você não pergunta se o aluno é corintiano ou torce pro Bahia, se ele é judeu ou muçulmano, se é preto ou branco. Você apenas se doa. Se doa para que as pessoas aprendam e se desenvolvam. Essa é a missão de vida de um professor”, disse o candidato ao lado da mulher Ana Stela Haddad.
Haddad lembrou que a data de 15 de outubro como Dia do Professor tem um resgate histórico, quando em 1827, a educação se tornou obrigatória nas vilas e cidades brasileiras e os professores passaram a ter salário para lecionar.

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, afirmou neste Dia do Professor, que pretende valorizar a categoria e resgatar o respeito em sala de aula.
“A inversão de valores dificulta a autoridade do professor em sala de aula. São muitos os relatos e registros de agressão, desrespeito e humilhação. Resgatar a referência que sempre representaram é também uma forma de valorizá-los”, disse o candidato Bolsonaro no Twitter.

No programa de governo, registrado no TSE, dentre as propostas para a área da educação, o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad diz que quer investir na formação dos educadores e na gestão pedagógica da educação básica. “Atenção especial será dada à valorização e à formação dos professores e professoras alfabetizadoras”, afirma o texto.
Haddad fala em fortalecer o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), que permite aos alunos de cursos presenciais com interesse no magistério que se dediquem ao estágio em escolas públicas e que, quando graduados, se comprometam com o exercício da profissão na rede pública.
O plano fala que retomará a Rede Universidade do Professor, programa criado para oferecer vagas de nível superior para a formação inicial e continuada de professores da rede pública, para que possam se graduar nas disciplinas que lecionam.
Fernando Haddad diz que concentrará esforços em avanços no ensino médio, incluindo escola em tempo integral em lugares mais pobres. O programa também fala em expandir universidades e institutos federais. Diz que quer focar o programa Educação para Jovens e Adultos em alfabetização. Fala, ainda, em introduzir trabalho com linguagens digitais desde o primeiro ano do ensino fundamental. Para combater violência em escolas, será criado o Programa Paz e Defesa da Vida nas Escolas.

O Plano de Governo do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, afirma que dará ênfase à educação infantil, básica e técnica. Bolsonaro fala em mudar a Base Nacional Comum Curricular, “impedindo a aprovação automática e a própria questão de disciplina dentro das escolas”. O programa fala que o conteúdo e método de ensino precisam ser mudados. “Mais matemática, ciências e português”, diz o texto.
Bolsonaro pretende incluir no currículo escolar as matérias educação moral e cívica (EMC) e organização social e política brasileira (OSPB), disciplinas herdadas da ditadura militar.
O candidato tem ainda intenção de ampliar o número de escolas militares, fechando parcerias com as redes municipal e estadual. A meta é que haja, em dois anos, um colégio militar em cada capital. Tem também o plano de construir o maior colégio militar do país em São Paulo, no Campo de Marte. Fala, ainda, em integração entre governos federal, estadual e municipal.
O programa do capitão reformado dá ênfase à educação a distância nos níveis básico, médio e superior. “Deve ser considerada como alternativa para as áreas rurais onde as grandes distâncias dificultam ou impedem aulas presenciais”, diz o texto. Ainda segundo o documento, o Brasil gasta mais com ensino superior do que com o ensino básico. Bolsonaro defende que isso seja invertido.
Para o ensino superior, o programa fala em parcerias de universidades com a iniciativa privada para desenvolvimento de novos produtos visando aumentar a produtividade no país. Diz, ainda, que universidades devem estimular e ensinar o empreendedorismo. Bolsonaro é contra cotas raciais, mas a favor das sociais.
Neste dia dedicado aos professores é importante lembrarmos dos ensinamentos do grande mestre Paulo Freire. “Não se pode falar de educação sem amor…Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.“ Paulo Freire.
Ensinar é mais que profissão, é vocação, é missão de vida. É a única profissão que torna as outras possíveis. Heróis de verdade não vestem capa, eles ensinam.