Exército Brasileiro tem novo comandante
A troca de comando das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) costuma ocorrer a cada quatro anos, no início dos mandatos presidenciais. O presidente da República é o comandante supremo das Forças Armadas e ele fez questão de participar da cerimônia de troca de comando de todas. Ontem foi a vez da troca de comando do Exército.
No lugar do general Eduardo Villas Bôas, assumiu o comando o general Edson Leal Pujol. O militar chega ao mais alto cargo com o crivo do presidente Jair Bolsonaro, que seguiu o critério de antiguidade e o nomeou para o posto. Edson Pujol e Bolsonaro já se conheciam. Os dois foram colegas na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Rezende, no Rio de Janeiro, nos anos 70.
Na cerimônia realizada no Clube do Exército, estavam presentes, além do presidente Bolsonaro e do vice Hamilton Mourão, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge,os ministros Fernando Azevedo e Silva da Defesa, Augusto Heleno do Gabinete de Segurança Institucional, o ministro Sérgio Moro da Justiça, o ministro Onyx Lorenzoni da Casa Civil e o ministro Gustavo Bebianno da Secretaria Geral da Presidência da República.
O general Pujol tem 64 anos, nasceu no Rio Grande do Sul, na cidade de Dom Pedrito. Seu pai, Péricles Correa Pujol, foi coronel da Polícia Militar do estado e sua mãe professora. Pujol iniciou a sua carreira em 1971, quando entrou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército.
Daí em diante realizou diversos cursos de aperfeiçoamento e formação militar, entre eles o de paraquedista, inteligência, operações na selva, montanha e caatinga. Ao chegar ao posto de oficial, serviu nos Comandos da Amazônia e do Sul, foi analista da área internacional, chefe de divisão e subchefe no Centro de Inteligência do Exército. Na área civil, possui MBA Executivo em administração de negócios, e o de gerenciamento de projetos, ambos da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, e o presidente Jair Bolsonaro não discursaram na cerimônia. A fala ficou a cargo do general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas.
O ex-comandante do Exército, o general Villas Bôas chorou e recebeu afago do presidente Jair Bolsonaro ao entregar o cargo para o seu sucessor, Edson Leal Pujol. Em discurso lido por um oficial, para uma plateia lotada no Clube do Exército, em Brasília, o general Villas Bôas agradeceu o gesto e declarou ao presidente:
“O senhor traz a necessária renovação e a liberação das amarras ideológicas que sequestraram o livre pensar, e nublaram o discernimento, e induziram a um pensamento único e nefasto. Como assinala o jornalista americano Walter Lippmann: ‘Quando todos pensam da mesma maneira é porque ninguém está pensando'”, afirmou Villas Bôas.
Villas Bôas fez um agradecimento aos jornalistas que, segundo ele, durante seu período à frente da Força, contribuíram para o “aperfeiçoamento institucional do Exército”. Ele ainda destacou a presença do Exército nos “mais remotos rincões” do país. Segundo ele, o Exército atuou, em sua gestão, “defendendo a soberania, vigiando fronteiras, distribuindo água, preservando o meio ambiente, garantindo a lei e a ordem ou promovendo a paz em nações irmãs”.
O militar também elogiou o trabalho de Sérgio Moro, ministro da Justiça e ex-juiz federal responsável pela Lava Jato. “Ele fez uma verdadeira cruzada contra a corrupção”, pontuou. O general agradeceu a ex-presidente Dilma Rousseff e Jaques Wagner, ex-ministro da Defesa. Também agradeceu a integrantes de sua equipe médica que o auxiliaram no tratamento de sua doença. Villas Bôas fez o discurso usando aparelho para respiração. Ele enfrenta um quadro de esclerose múltipla, uma doença degenerativa. No encerramento do seu discurso, o militar disse: “Brasil acima de tudo”.
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, afirmou que o general Villas Bôas lida com o delicado estado de saúde com altivez e que enfrentou instabilidade ao longo de sua gestão, o que teria colocado as instituições democráticas brasileiras à prova.“Transformou as dificuldades em oportunidades”, ressaltou.
“Ele conquistou respeito com as entregas certas nas horas certas. Seus maiores feitos foram o que conseguiu evitar, mantendo a ética. Fez do Exército solução e não parte do problema”, declarou o ministro da Defesa.
Depois de tomar posse o novo comandante do Exército, o general Edson Leal Pujol, saiu em defesa da manutenção das regras diferenciadas para a aposentadoria dos militares. Ele se posicionou contra a inclusão dos combatentes na reforma da Previdência. “Olha, a nossa intenção, minha como comandante do Exército, nós não devemos modificar o nosso sistema, se perguntarem a minha opinião como comandante do Exército é essa”, disse aos jornalistas.
Além disso, Pujol disse que há uma confusão muito grande ao falar em aposentadoria de militares. “Nós temos uma diferença muito grande de qualquer outro servidor público ou servidor privado. Nós não temos hora extra, nós não temos adicional noturno, nós não podemos nos sindicalizar. Tem uma série de diferenças e de coisas que devem ser tratadas de forma diferente”, explicou.
O general afirmou que essa distinção de civis e militares está prevista na legislação brasileira. “Isso está na Constituição. Há uma separação. Então, tudo o que se fala a respeito de Previdência Social não se refere aos militares”.
Em agradecimento ao trabalho de Villas Bôas, o Exército publicou um texto em sua página na internet enaltecendo a “firmeza” do dirigente ao longo de sua gestão e fez referência ao que chamou de “instabilidade política” que o militar teve de lidar à frente das tropas.
A publicação diz que o general aliou “serenidade, característica de sua personalidade, à firmeza na ênfase do papel do Exército, definido na Constituição, especialmente nos momentos de instabilidade política e social”.
De acordo com o texto, o general teve papel “apaziguador” diante das crises sociais e políticas, classificadas pela corporação como “turbulência”. “Em meio à turbulência, o general Villas Bôas foi a voz do Exército Brasileiro, deixando clara a percepção da crise ética vivida pelo país, mas ressaltando a importância da manutenção da estabilidade, da legalidade e da legitimidade, bem como a defesa da Constituição Federal”, diz trecho do texto.
Outro ponto ressaltado pelo Exército em relação à gestão do comandante foi a comunicação do general com as autoridades civis e veículos de imprensa, além do público em geral. O reconhecimento de toda essa trajetória, de acordo com a publicação, está visível nos comentários de internautas nas redes sociais. Villas Bôas é usuário assíduo dessas plataformas, sobretudo do Twitter, onde tem mais de 420 mil seguidores.
O general Villas Bôas foi convidado pelo presidente Jair Bolsonaro para integrar o Gabinete de Segurança Institucional. O gaúcho de Cruz Alta, Villas Bôas, vai continuar contribuindo com o desenvolvimento da Pátria. O Gabinete de Segurança Institucional é o ministério responsável pela coordenação da área de inteligência do governo, ao qual está subordinada a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
