Paciente é curado do HIV após transplante de células-tronco

Remissão do HIV - bernadetealves.com

Pesquisadores do Instituto Catalão de Pesquisa e Estudos Avançados, conseguiram mais um caso de remissão do HIV. A boa notícia foi publicada na revista científica Nature.  Apelidado de Paciente de Londres, não apresenta sinais do HIV no corpo há 18 meses, após ser submetido a um transplante de células-tronco. O transplante mudou o sistema imunológico do paciente de Londres, dando a ele a resistência do doador ao HIV, segundo os autores do estudo.

De acordo com a Sociedade Internacional para a Aids (IAS), o caso do “paciente de Londres” significa uma validação do conceito de que a Aids tem cura. O avanço abre caminho para tratamentos futuros.

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O paciente de Londres foi diagnosticado em 2012 com linfoma de Hodgkin avançado. Trata-se de um câncer do sistema linfático. Para tratar a doença, ele foi submetido a quimioterapia e, em 2016, a um transplante de células-tronco hematopoiéticas (precursoras das células sanguíneas). O doador tinha duas cópias mutantes do CCR5. Além de destruir as células cancerosas, a quimioterapia ajudou a matar as células do HIV que se dividiam.Com o transplante, as novas células do paciente começaram a nascer com a variação do doador. Dessa forma, elas não expressam o receptor CCR5, impedindo que o HIV consiga adentrá-las.

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Segundo os cientistas, o HIV infecta o organismo entrando nas células CD4, do sistema imunológico. Uma vez no interior, ele usa o maquinário da própria célula para replicar seu material genético. Para conseguir entrar na CD4, o HIV se junta a receptores na superfície da célula. O mais comum é o CCR5. Pessoas que têm duas cópias mutantes do alelo CCR5 são resistentes à variante HIV-1 do vírus. Sem “permissão” do receptor, o vírus não entra na célula e, portanto, não as infecta.

Javier Martínez-Picado, coautor do estudo acredita que o resultado abre janela para novas estratégias de tratamento.“O primeiro caso de remissão do HIV a longo prazo, revelado há mais de 10 anos, não foi uma mera eventualidade, como se chegou a insinuar”, diz Javier.

Ele diz que o norte-americano Timothy Brown, então conhecido como Paciente de Berlim, ficou livre do vírus após passar por um transplante de medula óssea para tratar de uma leucemia. “Esse novo relato demonstra que o Paciente de Berlim não foi um caso isolado e que é possível alcançar a remissão total do HIV.”

A avaliação é que, caso se confirme a remissão a longo prazo, abre-se uma nova janela de pesquisas, que visem reproduzir o efeito do gene mutante no organismo dos pacientes. “O segundo caso reforça a ideia de que é possível encontrar uma cura”, disse Sharon R Lewin, diretora do Instituto Doherty Peter para Infecções e Imunidade da Universidade de Melbourne, à agência France-Presse (AFP) de Notícias.

“Um transplante de medula óssea como uma cura não é viável. Mas podemos tentar determinar qual parte do transplante fez a diferença e permitiu que esse homem parasse de tomar seus medicamentos antirretrovirais”, conclui Lewin.

Cerca de 37 milhões de pessoas em todo o mundo estão infectadas com o vírus da Aids, mas apenas 59% estão em dia com os tratamentos com os ARVs. Estima-se que quase um milhão de pessoas morram todos os anos de doenças relacionadas à infecção por HIV. Embora não eliminem o vírus, os tratamentos antirretrovirais prolongam a vida dos infectados pelo HIV.