Bolsonaro afirma que seu governo é o primeiro com equilíbrio de gênero
A afirmação foi feita pelo presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia alusiva ao Dia Internacional da Mulher, no dia 08, no Palácio do Planalto. Ele estava acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, do vice-presidente, Hamilton Mourão, e a esposa, Paula Mourão.
As ministras Damares Alves, da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e Tereza Cristina, da Agricultura participaram da solenidade, assim como a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e a empresária Janete Vaz, representante do Grupo Mulheres do Brasil.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o seu ministério está “equilibrado” ao ter 20 ministros e duas ministras. Na opinião de Bolsonaro, cada ministra vale por “dez homens”.
“Pela primeira vez na vida o número de ministros e ministras está equilibrado em nosso governo. Temos 22 ministérios, 20 homens e duas mulheres. Somente um pequeno detalhe: cada uma dessas mulheres que estão aqui equivale por dez homens. A garra dessas duas transmite energia para os demais“, afirmou o presidente.
Bolsonaro disse que o Dia Internacional da Mulher “não é diferente dos demais” porque, na opinião dele, as mulheres “estão em nossas vidas 24 horas por dia”. O presidente também afirmou que os homens não fazem “política séria” se não tiverem ao lado deles “uma mulher com os mesmos princípios”.
“Está na bíblia que a mulher sábia edifica o lar. Nós vivemos um momento de inflexão no Brasil. A própria eleição minha diz isso. O que vejo de mais sagrado numa pátria é a unicidade familiar. Uma família unida, responsável, com princípios e valores edifica uma nação. Em grande parte, as famílias do nosso país são dessa natureza. E boa parte disso é graças à garra, à vontade, à determinação, à dedicação e à fé das mulheres. Vocês são quem conduzem o destino de uma nação”, afirmou Bolsonaro sob aplausos das ministras, convidadas e servidoras do Palácio do Planalto.
A primeira-dama Michelle Bolsonaro, lembrou a importância de a mulher lutar por respeito e oportunidades. “O mais importante é lutar em todos os outros dias do ano para que sejamos plenas de oportunidades, lutar pelo desejo de respeito, a necessária acolhida e o merecido reconhecimento.
“Cada mulher que celebra conosco esse dia tão importante, sabe que trazemos em nós o dom de Deus, da transformação e a capacidade de reinventar a história. Somos comandantes de nossos destinos. E o destino que queremos é sermos persistentes em nossa caminhada”, declarou. Michelle agradeceu as funcionárias dos palácios do Planalto, da Alvorada e do Jaburu e da Granja do Torto, residências oficiais da Presidência, e destacou que ser mulher é “ter no coração um lugar para todos os sonhos do mundo”.
Michelle ainda desejou as mulheres do país que elas possam se “orgulhar” da delicadeza e força.”Desejo que todas nós possamos nos orgulhar, todos os dias, da delicadeza e da força feminina em edificar famílias, impulsionar solidariedade e transformar vidas”, encerrou.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, destacou que as mulheres querem respeito à dignidade delas, acrescentando que as mulheres têm os mesmos direitos civis e políticos dos homens, segundo a Constituição.
A procuradora-geral destacou, ainda, que a lei impede diferenças salariais, para as mesmas atividades, por causa de sexo, idade, cor ou estado civil. Raquel Dodge também disse ser preciso fortalecer a rede de combate à violência contra a mulher.
A empresária Janete Vaz, líder do Grupo Mulheres do Brasil, convocou as mulheres para continuarem na luta por igualdade de oportunidades e de respeito aos seus direitos. “É preciso valorizar o caminho percorrido e comemorar as transformações que ainda estão em curso, mesmo sabendo da longa estrada que temos que percorrer para a equidade de gênero, igualdade dos direito, tratamento e oportunidades”, declarou.
Janete Vaz lembrou da tripla jornada da mulher e da sua dedicação em cuidar da casa, filhos, marido, trabalho e que não sobra tempo para cuidar de si. “A mulher não pode descuidar do compromisso intransferível de cuidar de si mesma. O primeiro passo é a sua saúde e o bem-estar”, declarou a fundadora do Sabin Medicina Diagnóstica.
“A ideia de sucesso profissional é subjetiva. Para algumas pessoas é conquistar reconhecimento no mercado, para outras o conforto financeiro ou mais tempo com a família e qualidade de vida. O importante é buscar a sua felicidade. Entre as atitudes de pessoas felizes que destaco são: tirar seus sonhos da gaveta; traçar objetivos; buscar conhecimento; ter coragem e ser otimista; criar networking e confiar em Deus”, disse a representante do Grupo Mulheres do Brasil, Janete Vaz.
“Este é o primeiro Dia da Mulher do novo Brasil”, declarou a ministra Damares Alves e acrescentou: “É a primeira vez no Brasil que nós temos um ministério da Mulher”.
A ministra Damares, ao fazer esta afirmação, esqueceu que em 2015, a então presidente Dilma Rousseff, unificou as pastas de Direitos Humanos com a Secretaria de Políticas para Mulheres e criou o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.
A ministra Damares Alves disse que os números, infelizmente, mostram que as mulheres não tem muito a comemorar mas que como é um dia especial não vai falar dos números negativos. “Garanto que este governo está trabalhando para que no próximo ano seja só de comemoração. A nossa Nação vai se unir para proteger as mulheres, para acolher e defender as mulheres e as meninas do Brasil”, garantiu a ministra Damares.
Os números negativos, que a ministra não citou, mostram que o Brasil é o 5º país no mundo – em um grupo de 83 – em que se matam mais mulheres, de acordo com o Mapa da Violência de 2015, organizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). Entre 2003 e 2013, o número de mulheres mortas em condições violentas passou de 3.937 para 4.762 – o que representou 13 feminicídios por dia –, registrando um aumento de 21% na década. Para as mulheres negras, o índice foi ainda pior: os homicídios, nesse caso, aumentaram 54,2% no mesmo período, passando de 1.864 para 2.875 vítimas.
Além desta triste realidade há também a desigualdade salarial entre os gêneros. Conforme pesquisa do IBGE, hoje as mulheres em cargos de chefia ganham 1/3 dos vencimentos pago a homens.
Nós mulheres queremos o fim do machismo, da cultura do estupro e do preconceito. Nós queremos viver com respeito e liberdade, nós queremos políticas públicas de igualdade salarial e de direitos entre os gêneros. Queremos o fim da violência física e psicológica. O ciclo de agressão precisa ser interrompido. O respeito é o caminho a ser seguido por todos.
Chega de viver à base do meio termo. Ninguém vive de meio amor, meia felicidade, meio trabalho, meio reconhecimento. Viver pela metade não é viver. O Brasil que todas nós queremos é um país onde uma mulher possa ficar viva depois de terminar um relacionamento.
