Gêmeas Mel e Lis, separadas por cirurgia complexa no DF têm alta médica

As irmãs siamesas Lis e Mel, separadas, em abril, por uma cirurgia inédita no Distrito Federal, comemoraram o aniversário de um ano no sábado, dia 1º e, de presente, receberam alta médica, na manhã de segunda-feira. De acordo com a Secretaria de Saúde, esta foi a primeira cirurgia do tipo realizada no Distrito Federal, a terceira do Brasil e a décima do mundo.

As meninas estavam internadas há 36 dias, no Hospital da Criança de Brasília. A alta foi assinada pelo médico Benício Oton, coordenador da equipe que realizou o procedimento.
A história das meninas que passaram 10 meses unidas pela cabeça, emocionou além da família e da equipe médica do Hospital da Criança de Brasília, muita gente. Camila Vieira, mãe das gêmeas, diz que elas despertaram nas pessoas um sentimento maior: a fé.
A mãe das gêmeas não esconde que teve medo. Diz que será eternamente agradecida à equipe e à medicina. “Agora, nós vemos a vida de uma forma diferente. Assim como elas lutaram, também aprendemos a dar mais valor à nossa vida”, declarou Camila Vieira, mãe das gêmeas.
A alegria e a esperança pela nova vida de Lis e Mel foi comemorada por todo o Distrito Federal. “Só de saber que elas tocam as pessoas assim, trazendo fé e amor, já me deixa extasiada de felicidade. A gente não fez coisa muito extraordinária, só precisamos cuidar delas, e cuidamos com muito amor”.
“A gente tá indo embora do hospital consciente que ainda tem fisioterapia e muito cuidado. Elas estão bem, mas o zelo continua”, afirma a mãe das gêmeas. Para Camila Vieira e Rodrigo Martins Aragão, os pais de Mel e Lis, a maior expectativa agora é poder ver as filhas brincando juntas. “Mas cada uma com sua independência”.

O médico Benício Oton diz que não se pode falar em garantias de nenhuma sequela, mas se mostra esperançoso, “não existe tempo exato para perceber se há sequelas, a gente vai notar a partir do tempo”, explica. “Tem que ver como vai ser a habilidade delas de ler e escrever, de fazer cálculos. Mas nós só vamos ter ideia mesmo quando elas estiveram um pouco mais velhas, indo para a escola”, concluiu o coordenador da equipe que realizou o complexo procedimento.
Mel e Lis passaram 10 meses unidas pela cabeça, na altura da testa. A separação das gêmeas siamesas ocorreu no dia 27 de abril. O procedimento, de alta complexidade, é considerado “raríssimo” pelos médicos e durou cerca de 20 horas – com 36 etapas.

Mais de 50 profissionais participaram do procedimento, todo feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Hospital da Criança de Brasília José de Alencar. Segundo a equipe médica, não havia veias ou artérias ligando o cérebro das meninas. Mas o processo, além de raro, exigia extremo cuidado. No local em que os cérebros ficavam encostados não existia nenhuma membrana revestindo o sistema nervoso.