Dançarino de Brasília faz sucesso esculpindo cabelos

As redes sociais têm sido um poderoso disseminador de ideias e da diversidade da população. Que o diga o jovem brasiliense Mateus Kili, dançarino profissional na área de danças urbanas e especialista em Breaking.
Mateus Kili é respeitado no Distrito Federal por transformar a dança em instrumento conscientizador e transformador da sociedade. O produtor cultural, filho de uma cabeleireira, é também um artista em cabelos esculpidos. A habilidade é tanta que ele resolveu se especializar, também, em cortes Afrostyle.
A cada corte foi pegando gosto pelo ofício de fugir dos padrões impostos pela sociedade e postando nas redes sociais. Os posts faziam tanto sucesso que a ‘obra de arte’ feita no modelo Luís Davi, viralizou. O visual que Mateus imprime e publica nas redes sociais foi inspirado no estilo militar dos anos 1940 e 1950 e teve seu auge na era de ouro do Hip-hop.

A curiosidade pela criatividade do jovem barbeiro foi tanta que ele resolveu abrir um espaço para atender os amigos. Há menos de um mês Mateus montou um espaço especializado em cabelos afro para atender os moradores da Ceilândia. A Under Family Studio é composta por ele, Luan Oliveira, Tânia Sarah e Moisés Pretinho.
“As pessoas ficam curiosas, entram, perguntam o preço. Também tem um lance de representatividade, do impacto que tem para a galera ver os cabelos esculpidos e negros empoderados”, diz Mateus.
O jovem ceilandense diz que a opressão por um padrão estético europeu produziu graves efeitos na auto-estima dos jovens negros. “ Mesmo com toda a mudança recente na forma de manipulação do cabelo crespo como resgate de uma história que nos foi negada, ainda é persistente a ideia de que o cabelo volumoso, com tranças ou dreadlocks é feio”, diz Mateus.
Mateus não está sozinho. Artistas negros estão contribuindo para que os jovens repensem sua autorrepresentação na sociedade. O movimento de transição capilar e de redescoberta do cabelo crespo extrapola o campo da beleza para tornar-se um encontro com a identidade, uma resposta ao racismo e um símbolo de resistência.