Taekwondo dá ao Brasil dois ouros nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019
O Brasil fechou a sua melhor campanha na história do taekwondo em Jogos Pan-Americanos com sete medalhas. Ouro com Milena Titoneli e Edival Marques, prata com Talisca e Ícaro e bronze com Rayany e Maicon Andrade.

Além do foco, determinação, competência, persistência e superação, o amor ajudou nas conquistas. Os casais Talisca e Netinho, prata e ouro, Raiany e Ícaro Miguel, bronze e prata, ajudaram o taekwondo brasileiro a bater o recorde de medalhas conquistadas em uma edição do Pan.

A atleta Milena Titoneli, 20 anos, conquistou o ouro na categoria até 67 Kg. De quebra, a lutadora foi a primeira mulher do país a ser campeã da modalidade em Jogos Pan-Americanos.

Além do título de Milena o atleta Edival Marques do Taekwondo masculino até 68kg conquistou Medalha de Ouro.Os outros atletas premiados foram: Ícaro Martins (-80 Kg) ficou com a prata, assim como Talisca Reis foi prata na categoria até 49kg. Paulo Ricardo ganhou bronze na categoria até 58kg, Maicon Andrade (+80 Kg) bronze e Raiany Fidelis (+67Kg) bronze. Assim, o Brasil termina com sete medalhas no taekwondo em Lima: dois ouros, duas pratas e três bronzes.

A melhor campanha do Brasil no taekwondo havia sido nos Jogos do Rio, em 2007, quando conquistou um ouro, duas pratas e um bronze. Antes de Lima 2019, os brasileiros haviam conquistado dois ouros, quatro pratas e oito bronzes, somando 14 medalhas. Agora, são quatro ouros, seis pratas e 11 bronzes.

“Eu nem consigo parar de chorar. Eu já pensava muito nisso, mas quando acontece, é inexplicável. Foi uma luta muito difícil (a final) porque era contra uma das favoritas. Mas foi muito gratificante. É indescritível para mim. Eu sempre sonhei com isso e consegui realizar. Graças aos meus treinadores que estão ali diariamente comigo, pegando cada adversário e fazer um treino cada vez melhor em cima delas para eu encaixar meu jogo no delas. É algo que eu já esperava, mas a ficha ainda não caiu. Mas ainda não acabaram as minhas metas. Quero chegar nas Olimpíadas e repetir esse feito, se eu for escolhida para representar o país. Está escrito num papel no meu quarto em cima da cama e eu leio todo dia: “Eu vou para as Olimpíadas e vou ser o ouro” – comemorou Milena Titoneli, emocionada, após o título.

No Taekwondo masculino até 68kg , Edival Marques, conhecido como Netinho, ganhou ouro para o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Lima na noite do dia 28 de forma emocionante. O atleta Netinho, 21, virou para cima do dominicano Bernardo Pie na parte final no terceiro e último round e venceu por 17 a 14 a decisão do taekwondo.
“Estamos pensando em Tóquio já com certeza. Vamos tentar classificar pelo ranking. Aqui soma 40 pontos, e eu vou subir bastante”, disse Netinho. “Vamos continuar na briga”.

Netinho passou a ser considerado uma grande promessa do taekwondo brasileiro desde que surgiu aos 16 anos, quando foi campeão sul-americano e ouro no mundial juvenil e nas Olimpíadas da Juventude, tudo em 2014. Ao passar para o time adulto, seu desempenho caiu e ele acabou não participando da Rio-2016. Agora se apresenta como uma realidade do esporte de elite brasileiro. “Sim, com certeza [deixa de ser promessa]. Só eu medalhei em dois Grand Prix, então venho mostrando no decorrer do tempo que não seria só promessa. E está aí, graças a Deus: campeão dos Jogos Pan-americanos”, afirmou o campeão.
Até a conquista do ouro, o paraibano de João Pessoa contou com o apoio da torcida brasileira, formada por outros atletas, turistas e brasileiros expatriados no Peru. Na arquibancada do centro esportivo de Callao, uma cidade na região metropolitana de Lima, havia uma bandeira do Brasil e outra do Flamengo.

Ícaro Miguel, medalha de prata é um exemplo de persistência e resiliência. O atleta Ícaro estava em um momento crucial da carreira: voltando a perder a visão do olho direito. Aquele mesmo que, em um acidente doméstico na infância, havia queimado a córnea, a retina e o nervo óptico. Aos poucos, o mineiro recuperou 90% do que enxergava. Mas o pesadelo retornava, enquanto a visão sumia. Para um promissor atleta de taekwondo, lutar como um pirata de tapa-olho poderia ser o fim. Surgiu a ideia de treinar corpo e mente fechando o olho que estava 100%.
Em meio à visão que mais parecia uma imagem dentro de uma sauna, surgiu a adversária perfeita para os treinamentos: a própria namorada. Foi com Raiany Fidelis, também mineira, também atleta do taekwondo, que a nova habilidade se desenvolveu. A persistência de Ícaro e a resiliência de Raiany deram frutos. Dois. Uma prata e um bronze germinaram no pódio do Pan de Lima, na segunda-feira, no peito dos corações apaixonados.

“Queria um pouquinho mais. Estou feliz com o desempenho que eu venho tendo nos últimos eventos. Mas quando a gente chega numa final, sempre quer trazer o ouro para casa. Infelizmente, não deu. Mas estamos levando mais uma medalha para o Brasil, e uma prata em Jogos Pan-Americanos não é de se jogar fora. Podia ter ganhado o ouro, mas saio feliz. Vai ter pirata no pódio, é minha marca”, disse Ícaro Miguel. Após as medalhas nos Jogos Pan-Americanos, a meta do casal que já está junto há 5 anos, é a classificação para os Jogos Olímpicos de 2020.

A 3º Sgt da Marinha, Raiany Fidelis, no centro da foto, é atleta top. No 24º Campeonato Mundial Militar de Taekwondo em 2018, ela conquistou a Medalha de Ouro ao vencer a italiana Maristela Smiraglia por 8 a 6 na categoria até 73kg.

A medalista de prata Talisca Reis conta que precisou transformar um mau dia em um bom dia.“Acordei me sentindo bem, mas fui me sentindo meio mal conforme foram passando as lutas. Mas dei meu máximo. Fiquei triste de não ter conquistado o ouro. Eu não estava me sentindo 100% na final, mas estava mentalmente bem focada para trazer esse ouro. Eu até me emocionei no pódio, me segurei para não cair no choro, mas estou contente, sentimento de gratidão de estar entre as melhores e de estar levando essa medalha para o Brasil “, diz a medalhista de prata Talisca Reis.

Maicon Andrade estava feliz porque o bronze era a única medalha que faltava para a sua coleção.“ Agora tenho todas as medalhas de todas as competições. Lutei bastante pra representar bem o Brasil. Deixei tudo em quadra. Foi no detalhe que eu perdi na semifinal. Mas tentei voltar com a cabeça para o lugar para conquistar a medalha de bronze. É uma guerra. Você tem que estar preparado pra tudo. Uma hora você vai ganhar, uma hora você vai perder. É muito triste para um atleta perder a semifinal e ter que voltar para o terceiro lugar. Eu tive um minuto, um minuto e meio para lamentar e voltar com a cabeça no lugar. Mas no final deu tudo certo – comemorou Maicon Andrade.
