Ronaldo Junqueira, empresário e ex-diretor do Correio, morre aos 72 anos

Ronaldo Junqueira, empresário e ex-diretor de redação do Correio, morre aos 72 anos - Bernadete Alves
Jornalista Ronaldo Mendes Junqueira morre aos 72 anos

É com pesar que registro o falecimento do jornalista Ronaldo Martins Junqueira, aos 72 anos, em decorrência problemas neurológicos, diabetes e hipertensão, na manhã de ontem, em Brasília. Junqueira deixa quatro filhos e uma legião de admiradores. O velório de Ronaldo Junqueira será na quinta-feira, (12), a partir das 8h, na Capela 1 e o enterro às 11h30 no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.

Ronaldo Martins Junqueira nasceu em 13 de julho de 1947, em Buriti Alegre (GO). Deu os primeiros passos na política estudantil em 1962 e ingressou no jornalismo em 1967. Começou como repórter no jornal Última Hora, do Rio de Janeiro, com sucursal em Brasília. Em seguida, passou pelo Diário de Brasília, pela redação do Jornal do Brasil, Revista Manchete  e, no fim da década de 1970, chegou ao Correio, trazido pelo diretor de redação à época, Evandro de Oliveira Bastos.

Em 1982, com a saída de Oliveira Bastos da direção, Junqueira assume a diretoria de jornalismo do Correio Braziliense. Na década de 1980, marcou época no jornalismo, enquanto dirigia o Correio. Trouxe jornalistas como Gilberto Dimenstein e Josias de Souza e o cineasta Glauber Rocha  para trabalharem no jornal.

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Admirado por sua capacidade, inteligência e dedicação, Junqueira alcançou a admiração de personalidades como os ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso e de respeitados colegas jornalistas. Um intelectual que conhecia a alma das pessoas.

Colegas jornalistas como Marco Antônio Pontes, Renato Riella e Marco Aurélio Nunes Pereira, lembram a bravura de Junqueira. A execução de Mário Eugênio fez com que jornalistas do Correio dessem prosseguimento ao trabalho do companheiro de redação e apurassem o assassinato do repórter, respaldados pela bravura de Ronaldo Junqueira. “Ele tinha muita coragem de fazer as coisas. Como diretor de redação, permitiu que uma equipe de jornalista apurasse a história. A gente só conseguiu, em plena ditadura, graças à coragem do Ronaldo. Ele foi fundamental porque bancou essa operação, que resultou no esclarecimento do crime e na prisão dos criminosos”, explica Renato Riella.

O material produzido sobre o esquadrão da morte rendeu o Prêmio Esso Nacional de Jornalismo ao veículo. “O enfrentamento foi coletivo. Mas o fato de você ter um diretor que apoiava foi muito importante. As ameaças contra a equipe foram absurdas. Perseguições, telefones, visitas à redação. A gente enfrentou uma pressão absurda e ele nos dava cobertura. A morte de Mário nos levou a ser até irresponsáveis. Mas foi importante e deu uma projeção imensa ao jornal”, diz Renato Riella ao lembrar o posicionamento firme de Junqueira sobre a continuidade da apuração sobre o caso.

No início da década de 1990, após sair do Correio, fundou o jornal BSB Brasil e, posteriormente, o Jornal da Comunidade. O semanário era distribuído gratuitamente aos domingos e se fortaleceu ao longo da década. No início dos anos 2000, o empresário Ronaldo Junqueira fundou o Jornal Coletivo e a Revista Comunidade Vip.

Ronaldo Junqueira, empresário e ex-diretor de redação do Correio, morre aos 72 anos - Bernadete Alves
Jornalista Ronaldo Junqueira, empresário e ex-diretor de redação do Correio e fundador do Jornal da Comunidade

Os negócios foram mantidos até 2015, quando a saúde ficou abalada. Em 2016, sofreu uma crise de hidrocefalia, em função do diabetes. Há cerca de quatro anos, Ronaldo Junqueira deu início à luta contra um processo degenerativo, em função de problemas neurológicos. Hipertenso, teve uma piora de seu quadro, nos últimos dois meses, em virtude de uma série de infecções.

Durante a última internação, a situação se agravou e evoluiu para um quadro de infecção generalizada. Nos últimos dias, Ronaldo era tratado e observado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI),na Ceilândia,  mas não resistiu e faleceu, na segunda-feira.

Um dos mais influentes e respeitados jornalistas da mídia impressa de Brasília, passou os últimos anos recluso e morreu sozinho. Uma perda irreparável.