Pesquisa brasileira permite identificar Alzheimer antes dos sintomas

bernadetealves.comO Alzheimer é uma doença que afeta, atualmente, cerca de 46,8 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com o Instituto Alzheimer Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), a doença é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, mas pode e deve ser tratada. É caracterizada pela perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), o que é causado pela morte de células cerebrais.

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O diagnóstico da doença, hoje em dia, é uma combinação de vários exames e análise de sintomas que podem identificar a condição de demência. A causa da doença de Alzheimer atualmente é desconhecida. Porém, estudos mostram que fatores de risco, genéticos e não genéticos, podem favorecer a manifestação da Doença de Alzheimer.

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Professor Doutor em Biotecnologia Gustavo Alves

A boa notícia é que pesquisa inédita feita no Brasil, por meio de um teste de saliva, permite que a doença seja identificada 30 anos antes dos sintomas do Alzheimer aparecerem. A pesquisa é coordenada pelo farmacêutico-bioquímico Gustavo Alves, doutor em biotecnologia que atua como professor e pesquisador no Centro Universitário do Senac em parceria com a Faculdade de Medicina de Ribeirão  Preto, da Universidade de São Paulo.

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Pesquisa brasileira permite identificar Alzheimer antes dos sintomas

O cientista e bioteclólogo, Gustavo Alves e sua equipe, desenvolveram um teste que utiliza biomarcadores para identificar a doença antes dos sintomas aparecerem. Eles coletam a saliva do paciente com um swab estéril com algodão na ponta. O Dr. Gustavo diz que usar a saliva para detectar a doença 30 anos de surgirem os primeiros sintomas é inédito. “A ideia de usar a saliva veio porque ela nunca tinha sido utilizada como método diagnóstico”.

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Pesquisa brasileira permite identificar Alzheimer antes dos sintomas

O professor de pesquisa do Senac e sua equipe analisaram a saliva de 54 idosos com e sem a doença para identificar as proteínas beta amiloide e TAU. Os resultados das amostras das pessoas com Alzheimer foram positivas e a equipe resolveu aprofundar os estudos neste ano de 2020.

“O estudo tem como base a avaliação da presença na saliva dos pacientes das proteínas beta amiloide e TAU. Essas proteínas estão relacionadas com o avanço e a progressão da doença de Alzheimer, que vai ocasionar um acúmulo delas no cérebro, no córtex, em outras regiões, e caracterizar o processo de perda de neurônios, de degeneração neuronal”, explica o Dr. Gustavo Alves.

O cientista informa que serão analisadas salivas de 180 pessoas, dentre eles 60 idosos com a doença e sem a doença e 60 jovens sem a doença. As amostras coletadas serão centrifugadas para identificar as proteínas e saber quem poderá desenvolver o Alzheimer. O pesquisador diz que o diagnóstico precoce poderia levar a uma antecipação do tratamento. “Já se sabe que essas proteínas começam a se acumular no cérebro das pessoas com Alzheimer aproximadamente 30 anos antes dos primeiros sintomas. Consequentemente, se nós conseguíssemos desenvolver um diagnóstico preditivo, que fosse feito precocemente, daria tempo do indivíduo ser medicado,  ter comportamentos, padrões e estilo de vida que pudessem atenuar o avanço da doença”, garante Gustavo Alves.

Este importante estudo não tem até o momento investimento público e nem bolsa de estudo. Para tornar este diagnóstico precoce acessível à população e barrar o surgimento do Alzheimer  é necessários encontrar investidores. O Dr. Gustavo Alves informa que está montando uma startup, para funcionar o mais rápido possível, para conseguir apoiadores.

Em 2019 o estudo foi apresentado durante a Conferência Internacional de Alzheimer em Los Angeles e o método inédito para o diagnóstico precoce de Alzheimer por meio de exame de saliva, foi bastante elogiado.

Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), a doença é uma enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo, mas pode e deve ser tratada. É caracterizada pela perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), o que é causado pela morte de células cerebrais.

As principais características da doença são:

  • Perda de memória para eventos recentes;
  • Repetição da mesma pergunta várias vezes;
  • Dificuldade para acompanhar conversas ou o desenvolvimento de um raciocínio complexo;
  • Incapacidade de elaborar estratégias para resolução de problemas;
  • Dificuldade para dirigir um automóvel e encontrar caminhos conhecidos;
  • Dificuldade para encontrar palavras que exprimam ideias ou sentimentos pessoais;
  • Irritabilidade, suspeição injustificada, agressividade, passividade, interpretações erradas de estímulos visuais ou auditivos, tendência ao isolamento.

De acordo com o Manual Estatístico de Desordens Mentais utilizado no Brasil e no mundo, uma demência é uma doença caracterizada por declínio progressivo das habilidades mentais, como prejuízo em memória, linguagem, funções executivas e aprendizagem de forma evidente e suficiente para interferir na independência e na autonomia de um indivíduo

A DA acomete em sua maioria pessoas idosas,  mas há casos de pessoas que desenvolvem a  doença precocemente, ou seja, antes dos 60 anos. Por isso, sugere-se que pessoas com familiares acometidos pela doença realizem exames de rotina com periodicidade semestral ou anual.

Outro fator de risco não genético é a escolaridade, pois indivíduos que estimularam pouco as suas habilidades mentais no decorrer da vida, envelhecem com uma reserva cognitiva baixa, ou seja, ficam com maior exposição às adversidades ambientais, como a Doença de Alzheimer.

Desta forma, quanto maior for a estimulação cognitiva do indivíduo, maior será o número de conexões neurais e maior será a sua reserva cognitiva. Estas novas conexões estabelecidas podem  auxiliar a circulação do fluxo sanguíneo cerebral, assim como proteger o cérebro da agressão de proteínas tóxicas causadoras da doença de Alzheimer e outras demências. Seriam estes os chamados efeitos neuroprotetores, capazes de adiar ou prevenir o surgimento de uma doença neurodegenerativa.