Música de luto: morre Moraes Moreira, o gênio da música brasileira

É com pesar que registro o falecimento do cantor e compositor Moraes Moreira, aos 72 anos. O novo baiano morreu em sua casa na Gávea, no Rio de Janeiro, onde morava sozinho. A assessoria do artista confirmou que ele sofreu um infarto agudo do miocárdio, nesta segunda-feira.
Em quarentena desde março, devido à pandemia de Covid-19, Moraes Moreira estava recluso em casa, compondo e escrevendo. Uma das obras recentes foi um cordel de esconjuro ao coronavírus: “Eu temo o coronavírus / E zelo por minha vida / Mas tenho medo de tiros / Também de bala perdida, / A nossa fé é a vacina / O professor que me ensina / É a minha própria lida”.
A morte do cantor, compositor e músico brasileiro, ex-integrante do grupo Novos Baianos, mas em carreira solo desde 1975, foi lamentada pelos fãs e também pelo leal amigo Paulinho Boca: “Moraes era meu grande amigo, meu amigo de todos os dias”.
“A música que a gente começou a fazer há 50 anos está aí viva e o Moraes Moreira era o grande timoneiro: aquele violão que não existe nada igual, todos os artistas brasileiros que tocam violão sabem da capacidade que ele tinha de fazer um show voz e violão, botar todo mundo para dançar; as composições contando a vida, aquilo que a gente estava vivendo”, completou Paulinho Boca.

Gilberto Gil, Lulu Santos, Nando Reis, Daniela Mercury e Maria Rita, lamentaram morte e homenagearam o grande cantor nas redes sociais. Maria Rita que foi casada com Davi Moraes, filho do cantor, escreveu um texto no Instagram sobre o ex-sogro e a relação dele com a neta. “Minha admiração vem de berço. Que talento, que facilidade em compor e escrever – e aquele violão? e os cordéis, que o levaram à academia brasileira?”, compartilhou a cantora.

Moraes Moreira foi o primeiro artista a cantar em trio elétrico no Carnaval de Salvador, junto ao Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar. A partir daí, seus frevos trieletrizados, como ele denominava, passaram a ser marca registrada da festa baiana. Em 2017, ao completar 70 anos, ele foi homenageado pelo carnaval soteropolitano. O trio teve um problema técnico na embreagem e atrasou bastante a saída no circuito. O público, no entanto, manteve-se fiel, esperando-o e seguindo-o durante todo o percurso.
Ativo, enérgico e versátil , Moraes Moreira estreou no final do ano passado o show Elogio à inveja, em que interpretava canções que gostaria de ter feito. Quem há de dizer, de Lupicínio Rodrigues, Gente humilde, de Vinicius de Moraes, Chico Buarque e Garoto, e Aos pés da cruz, de Orlando Silva faziam parte do repertório.
Antônio Carlos Moraes Pires, nasceu em Ituaçu, na Chapada Diamantina da Bahia. Ali, aos 13 anos, começou a tocar sanfona nas festas de São João. Ainda na adolescência, aprendeu a tocar violão. Foi para Salvador prestar vestibular para medicina, mas desistiu ao conhecer Tom Zé em um seminário de música.

Anos depois, formou com Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Luiz Galvão e Paulinho Boca, os Novos Baianos, grupo que marcou o Brasil de 1969 a 1975 e cujas canções eternizaram-se nas gerações posteriores.
Ao lado de Luiz Galvão, Moreira compôs a maioria das canções do grupo, responsável por um dos álbuns mais icônicos da música brasileira, Acabou Chorare, de 1972.

Sua arte, sua voz e violão, serão para sempre reverenciados por várias gerações. Nossos sentimentos a família, amigos e fãs.