Dia da Terra: ações-chave para evitar ‘ruptura climática’
O Dia da Terra tem como finalidade criar uma consciência comum aos problemas da contaminação, conservação da biodiversidade e outras preocupações ambientais para proteger a Terra.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em mensagem de vídeo, lembrou que a biodiversidade está em declínio acentuado, enquanto a ruptura climática está alcançando um “ponto sem retorno”.
António Guterres ressaltou a importância de agir “sem hesitação para proteger o nosso planeta, tanto do coronavírus como da ameaça existencial das perturbações climáticas”. Segundo ele, “a crise atual é um despertar sem precedentes. Precisamos transformar a recuperação numa oportunidade real de fazer as coisas certas para o futuro”.
Guterres propõe seis ações relacionadas ao clima para “moldar a recuperação e o trabalho que temos pela frente”.

A primeira é relacionada à recuperação da crise provocada pelo coronavírus: “ao gastarmos enormes quantias de dinheiro para nos recuperar do coronavírus, precisamos criar empregos e negócios através de uma transição limpa e verde”.
A segunda ação pede que, quando o dinheiro dos contribuintes for usado para resgatar empresas, este “deve estar vinculado à obtenção de empregos verdes e ao crescimento sustentável”.
A terceira ação diz respeito às políticas orçamentárias: estas, diz Guterres, devem “transformar a economia cinzenta em uma economia verde e tornar as sociedades e as pessoas mais resilientes”.
A quarta ação trata dos fundos públicos, que devem ser usados para “investir no futuro, não no passado”, e ser utilizados em setores e projetos sustentáveis que ajudam o meio ambiente e o clima. Guterres acrescentou: “Os subsídios aos combustíveis fósseis devem ser encerrados e os poluidores devem começar a pagar pela sua poluição”.
Quinta ação: os riscos e as oportunidades relacionados com o clima devem ser incorporados no sistema financeiro, bem como em todos os aspetos da formulação de políticas públicas e de infraestruturas.
A sexta ação proposta por António Guterres trata da cooperação entre todos os países, comunidades e povos: “precisamos trabalhar juntos como uma comunidade internacional”.
“Estes seis princípios constituem um guia importante para juntos nos recuperarmos melhor. Os gases de efeito de estufa, assim como os vírus, não respeitam fronteiras nacionais. Neste Dia da Terra, por favor unam-se a mim para exigir um futuro saudável e resiliente para as pessoas e para o planeta”, disse o secretário-geral da ONU.
Tanto António Guterres quanto o Papa Francisco fizeram da proteção ambiental e das mudanças climáticas temas-chave para seus discursos. Francisco diz que natureza não vai perdoar danos provocados por seres humanos.
O pontífice fez um apelo passional nesta quarta-feira pela proteção do meio ambiente no 50º aniversário do primeiro Dia da Terra, dizendo que a pandemia do novo coronavírus havia mostrado que alguns desafios tinham que ser enfrentados com uma resposta global.
Francisco elogiou o movimento ambientalista, afirmando que era necessário que os jovens “saíssem às ruas para nos ensinar o que é óbvio, ou seja, que não haverá futuro para nós se destruirmos o meio ambiente que nos sustenta”.
“Vemos essas tragédias naturais, que são a resposta da Terra aos nossos maus-tratos”, disse Francisco. “Eu acho que, se eu perguntar ao Senhor agora o que ele pensa sobre isso, eu não acho que ele diria que é uma coisa muito boa. Somos nós que arruinamos a obra de Deus.”
O Dia da Terra é importante para refletirmos a respeito de como nossas ações impactam negativamente a vida no nosso planeta, e de cobrarmos medidas mais eficientes de preservação da natureza.
É um momento também de mudança de comportamento para que consigamos deixar um planeta saudável para as próximas gerações. É fundamental ensinarmos para nossas crianças a importância de preservar a natureza.
Medidas simples podem ser adotadas no dia a dia para ajudarmos o planeta como: economizar água e luz, utilizar menos o carro, reduzir o consumo de plástico, comprar só o necessário, evitar desperdício, separar o lixo em reciclável e orgânico, e sempre descarte o lixo em local adequado.
Há 50 anos, no dia 22 de abril de 1970, cerca de 100.000 pessoas ocuparam toda a extensão da Quinta Avenida, em Manhattan, Nova York. A cena se repetiu simultaneamente em ruas, praças e universidades de centenas de cidades nos Estados Unidos. Os manifestantes protestavam contra a poluição, o derramamento de petróleo nos oceanos e outras preocupações ambientais da época.
Eram tempos de intenso ativismo político por causa da oposição de estudantes à Guerra do Vietnã. Segundo os organizadores, cerca de 20 milhões de americanos – 10% da população do país na época – saíram às ruas naquele dia para exigir um planeta mais limpo. Nascia assim o Earth Day, ou Dia da Terra, que passaria a ser lembrado todos os anos em 22 de abril.
A partir de 1990, o Dia da Terra passou a ser uma data comemorada em diferentes países. A cada ano, um tema diferente é abordado nele, esses temas são relacionados com a preservação e redução dos nossos impactos negativos no planeta.
O tema central do Dia da Terra neste ano são as mudanças climáticas. Um dos pontos que devem ser debatidos nas lives é o futuro do Acordo de Paris, que foi assinado em 2016 justamente no dia 22 de abril, para homenagear a data. Firmado por 195 nações, o tratado estabeleceu metas para que os países reduzam as emissões de gases de efeito estufa com o objetivo de manter o aquecimento global abaixo de 2 ºC em relação aos níveis do período pré-industrial, buscando limitá-lo a 1,5 ºC.

Para este ano de pandemia do novo coronavírus, a ativista Greta Thunberg lançou um vídeo intitulado “Nossa casa está em chamas”, que mostra uma casa pegando fogo em analogia com a Terra. Segundo os organizadores, as campanhas de conscientização atingem cerca de 1 bilhão de pessoas em mais de 190 países.