Prêmio Faz Diferença 2020 destaca Margareth Dalcolmo como Personalidade do Ano

A Casa Firjan foi palco da 18ª edição do Prêmio Faz Diferença, promovido pelo GLOBO em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e consagrou pessoas, instituições e empresas brasileiras que se sobressaíram por seu talento e seu trabalho. O principal destaque é o de Personalidade 2020, concedido à pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo.
A cerimônia, apresentada pelos colunistas Ancelmo Gois e Míriam Leitão, foi aberta pelo Diretor de Redação do GLOBO, Alan Gripp, acompanhado pelo primeiro vice-presidente da Firjan, Luís Césio Caetano.

Alan Gripp destacou os desafios ainda maiores enfrentados por todos diante da pandemia.“Nossos desafios, os desafios do mundo, se multiplicaram. No Globo, trabalhando remotamente, tivemos que nos defender do negacionismo, reafirmar a importância da democracia e lutar pela verdade. São bandeiras que nunca vamos abandonar e que estão refletidas nos trabalhos dos premiados desta noite. O que passamos juntos nesse último ano tem sido um aprendizado para a redação do Globo, é um aprendizado até hoje. Mas temos convicções das nossas escolhas”.

Luís Césio Caetano citou a parábola do beija-flor: “O nosso querido e saudoso Hebert de Souza, o Betinho, gostava de contar a parábola do beija-flor, enchendo o papo de água e jogando no incêndio da floresta. Perguntado sobre o porquê, já que ele não conseguia apagar as chamas, respondeu: “Estou fazendo a minha parte”. O prêmio mais que nunca, diante a tragédia que se abateu sobre o mundo, mostra o exemplo de muitos beija-flores que com suas ações dignificam a condição humana”.
A premiação foi dividida em 14 categorias

- Personalidade do ano: Margareth Dalcolmo
- País: Consórcio de veículos de imprensa
- Rio: Márcio Antônio do Nascimento Silva
- Economia: Itaú
- Desenvolvimento do Rio: CSN
- Mundo: Sue Ann Costa Clemens
- Ciência e Saúde: Fiocruz e Butantan
- Educação: o professor brasileiro
- Diversidade: Mirtes Renata
- Esportes: Diego Ribas
- Ela: Teresa Cristina
- Música: Emicida
- Audiovisual: Marcelo Adnet
- Livros: Itamar Vieira Junior
- TV: Jornal Nacional
Conheça quem Fez Diferença na vida de milhares de pessoas
Categoria Mundo

A primeira premiação da noite foi na categoria Mundo, entregue a Sue Ann Costa Clemens. A especialista em vacinas foi convidada por Andrew Pollard, coordenador da pesquisa de Oxford, para ser investigadora-chefe dos testes clínicos no Brasil do imunizante de Oxford/AstraZeneca. “O Brasil contribuiu muito para trazer as vacinas no ano em que a pandemia foi declarada. Nós conseguimos voltar para a rota da pesquisa internacional e ainda em 2020 conseguimos duas vacinas registradas internacionalmente. Gostaria de agradecer aos voluntários porque sem eles não haveria vacina”, disse Clemens, ao receber o prêmio.
Categoria Segundo Caderno/Livros

A premiação foi vencida por Itamar Vieira Junior pelo fenômeno “Torto arado” (Todavia), que recebeu importantes prêmios literários, como o Leya, o Jabuti e o Oceanos, e vendeu mais de 200 mil cópias (físicas e digitais). “Foi um ano em que fomos privados de muitas atividades, viagens, teatro, cinema, espaços públicos. E os livros foram os grandes companheiros neste período. Então me sinto honrado por saber que, de alguma forma, fui companhia de muitos brasileiros por conta do livro “Torto arado” ,agradeceu o autor, por vídeo.
Categoria Rio

A premiação de Márcio Antônio do Nascimento Silva, foi um dos muitos momentos emocionantes da premiação. O taxista Márcio Antônio foi premiado pela atitude de recolocar no lugar cruzes fincadas na areia de Copacabana pela ONG Rio de Paz, para homenagear os mortos da Covid-19. Elas haviam sido derrubadas por negacionistas. O homenageado se emocionou ao lembrar do filho, de 25 anos, uma das 575 mil vítimas da doença no Brasil: “Esse dia foi um ato espontâneo de resistência à intolerância, mas principalmente foi um ato de amor. A nossa dor não é “mimimi”, é real. E a gente só consegue rebater a intolerância alimentando nossos corações com amor e solidariedade”.
Categoria Ciência e Saúde

Butantan e Fiocruz dividiram a premiação de O Faz Diferença 2020. Responsáveis por 80% das vacinas brasileiras, os institutos foram representados por Cintia Retz, diretora de projetos estratégicos do Butantan (por vídeo), e Nisia Trindade, presidente da Fiocruz, que recebeu o troféu na cerimônia: “Hoje a Fiocruz está completamente mobilizada com pesquisas, ações de vigilância, de educação e desenvolvimento para que tenhamos a vacina totalmente nacional”, declarou Nisia.

Categoria Esportes
O vencedor foi o meia do Flamengo Diego Ribas provou que é craque também fora de campo. O jogador e sua mulher, Bruna Leticia, destacaram-se pelo engajamento na prevenção ao suicídio e pela participação em campanhas de conscientização, revelados em reportagem do GLOBO em setembro. “Como jogador de futebol e figura pública, eu procuro sempre compartilhar minhas alegrias e dores, para que nós possamos nos conectar e fazer a diferença positivamente na vida um do outro”, destacou em vídeo de agradecimento enviado à cerimônia.
Categoria Ela

A cantora Teresa Cristina se emocionou ao subir ao palco para buscar seu prêmio, concedido pela série de lives que vem fazendo desde o início do isolamento, em março do ano passado. Ao receber o prêmio, a cantora agradeceu à mãe, que a inspirou a iniciar as transmissões ao vivo, aos artistas e ao público, que participou ativamente: “Nos últimos dois anos enfrentamos uma campanha dura de demonização da arte. Mas foi a arte que colocou as pessoas para dormir, que foi travesseiro, e foi a matéria prima que usei para dizer que a gente não tinha motivo para desistir”.
Categoria Segundo Caderno/Audiovisual

Marcelo Adnet, não se limitou pelas restrições impostas pela pandemia: de sua casa, o ator e humorista criou esquetes improvisando acessórios, figurinos e cenários, e transformou o seu “Sinta-se em casa” em um dos destaques do Globoplay. “Quero agradecer muito pelo prêmio, ainda mais numa época tão difícil, em que o nosso povo precisa tanto de esperança, precisa tanto rir. Numa época em que a gente perdeu Paulo Gustavo e mais 600 mil brasileiros, acho que a gente conseguiu, aqui de casa, fazer um humor crítico, um humor da crônica atual do Brasil, com poucos recursos, com esperança, com observação”.
Categoria Educação
Dois profissionais de ensino representaram a classe na categoria Educação, que elegeu o professor brasileiro como grande destaque de 2020 na área. Jayse Ferreira, de Pernambuco, e Kleyton Abreu, de Niterói, foram escolhidos para representar os profissionais que se reinventaram para ensinar na pandemia, muitas vezes sem as ferramentas adequadas ou suporte. “Não está sendo fácil olhar os alunos por uma telinha. Sentir a dor deles, de quem está querendo compartilhar afeto. Me sinto honrado de poder representar meus colegas. Nosso amor pela educação é a força desse país”, destacou Kleyton Abreu.
Categoria Diversidade
A vencedora a pernambucana Mirtes Renata Santana de Souza protagonizou uma das perdas mais sentidas pela sociedade brasileira em 2020. Trabalhando como empregada doméstica no Recife, ela perdeu seu único filho, Miguel Otávio de Santana, de 5 anos, de forma traumática. O menino foi deixado sozinho no elevador pela patroa da mãe, e caiu do nono andar. Agora estudante de Direito, ela diz que seu sonho é defender mulheres como ela, tornando-se um símbolo da luta contra o racismo e a desigualdade social. “Esse prêmio não é meu, é do meu filho, Miguel Otávio, das pessoas que votaram e dos movimentos negros e feministas que estão comigo nessa luta. Gratidão é a palavra que eu tenho para vocês”, declarou Mirtes, por vídeo.
Categoria Segundo Caderno/Música
Emicida fez do projeto “AmarElo”, álbum lançado junto com um documentário na Netflix, um dos maiores fenômenos culturais do período pandêmico. Em 2020, o rapper também lançou seu segundo livro infantil e, na semana passada, estreou no GNT seu programa solo, “O enigma da energia escura”. ” Fico lisonjeado, para mim é muito especial ser reconhecido, porque há muito tempo atrás nossos sonhos eram imensos, mas nossa realidade parecia não comportá-los. E neste momento, ver as mensagens de inspiração, de transformação, de ampliação da consciência que a gente tenta propagar alcançando tantos lugares pelo Brasil e pelo mundo só me faz recarregar minhas baterias”, agradeceu o rapper, em mensagem de vídeo.
Categoria Segundo Caderno/TV

O Jornal Nacional ampliou sua função social de informar a população sobre a pandemia, com incontáveis reportagens, séries especiais, plantões e editoriais. Para William Bonner, apresentador e editor-chefe do JN, a premiação representa o esforço não só da equipe de jornalismo da Globo, mas de todos os jornalistas no Brasil e no mundo. “Essa luta não é só nossa. Somos símbolos de um trabalho incansável que vem sendo desempenhado por jornalistas no mundo inteiro que vem lutado contra o negacionismo, e no nosso caso no Brasil, atentados à democracia”.
Renata Vasconcellos, editora-executiva e apresentadora do noticiário, destacou o desafio de fazer jornalismo em meio à pandemia: “Temos noção da responsabilidade que é levar notícias todos os dias, à casa de cada brasileiro, com precisão e agilidade. É uma profissão bonita que nos permite estar aqui com tanta gente importante que faz a diferença”.
Categoria categoria Desenvolvimento do Rio

O destaque foi para a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que criou o Programa Diversidade, em 2017, responsável por resultados como a ampliação do quadro de profissionais mulheres e negros na empresa. “A CSN é uma jovem de 80 anos que está fazendo e gosta de fazer a diferença. Estamos buscando diversidade e inclusão e vamos dobrar o número de mulheres na companhia”, disse Anderson Santos de Castro, gerente regional de Gente e Gestão da CSN.
Categoria Economia
O Itaú foi premiado pela iniciativa Todos pela Saúde, que gerou, entre outras ações, uma doação de mais de R$ 1,2 bilhão para enfrentar as dificuldades causadas pela pandemia. Além da doação, a iniciativa firmou parcerias com instituições de saúde e financiando ações de prevenção e de reforço a estruturas hospitalares, além de apoio a pesquisas.
Por vídeo, Leila Melo, integrante do comitê executivo responsável pelas áreas jurídicas e de relações corporativas do banco, agradeceu ao prêmio: “Quando a pandemia se instalou no Brasil nós percebemos a gravidade da situação e também que precisávamos ser for protagonistas no combate. Por isso, decidimos doar mais de R$ 1,2 bilhão, se tornando a maior ação privada para uma única causa social do país. Mas nós sabemos também que os recursos somente não eram suficientes, precisávamos atuar de maneira inteligente e muito eficiente”.
Na categoria ‘País’, o prêmio foi entregue ao Consórcio de Imprensa

O Faz Diferença reconheceu o esforço do Consórcio de Imprensa criado por GLOBO, Extra, G1, O Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e UOL, para garantir a transparência e o correto acompanhamento dos números da Covid-19 no Brasil, quando o governo federal restringiu o acesso a dados sobre a pandemia. Representando o consórcio, o diretor do G1 Renato Franzini afirmou que o reconhecimento é uma vitória do jornalismo brasileiro:
“Mesmo sendo competidores, a gente tem que se juntar nesses momentos que são mais importantes. Foi uma resposta do jornalismo. Conseguimos fazer isso com características como senso de urgência, com precisão, e trazendo segurança na informação para o público”.
A premiação terminou com a homenagem a Margareth Dalcolmo, eleita a Personalidade do Ano do Faz Diferença.

A pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo, que através de artigos em jornais, entrevistas e lives se tornou uma voz de esclarecimento para a população principalmente no início da pandemia. A colunista do GLOBO e coordenadora de estudos importantes na área se tornou referência no entendimento da Covid-19 e suas implicações. A médica influenciou o tratamento para a doença, conduziu pesquisas e enfrentou pessoalmente o vírus.
“Esse reconhecimento não é meu. É do protagonismo anônimos de milhares de profissionais da saúde que jamais deixaram seus plantões, jamais deixaram de atender seus pacientes. A eles e as quase 600 mil pessoas brasileiras, muitas que não precisariam ter morrido, que dedico esse prêmio”, disse a Dra.Margareth Dalcolmo .
Poucos cientistas vivenciaram a pandemia da Covid-19 com tanta intensidade quanto a médica pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Maria Pretti Dalcolmo.
Vendo que o coronavírus era capaz de provocar dano neural e, sobretudo, nos vasos sanguíneos, Dra. Margareth Dalcolmo e outros colegas influenciaram a comunidade médica brasileira a mudar o protocolo de tratamento da doença, então muito focado em suporte respiratório. A nova abordagem era mais atenta para danos em outros sistemas vitais dos pacientes, e introduziu o uso de corticoides para conter problemas vasculares.
Fotos: Alexandre Cassiano, Cléber Júnior / Agência O Globo