Paulo Freire: o centenário do notável pesquisador da história da pedagogia mundial

O filósofo e pedagogo, Paulo Freire, um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, completaria 100 anos neste 19 de setembro de 2021. O pernambucano que se preocupou em fazer da educação um ato de transformação se tornou o intelectual brasileiro mais lido no mundo.
Paulo Freire é o brasileiro mais homenageado no mundo com 29 títulos de Doutor Honoris Causa dado por universidades da Europa e da América, além de vários outros prêmios, como o Educação pela Paz, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura (Unesco).
O brasileiro, nascido em Recife, é reconhecido mundialmente pelo seu método especial de educação que defende que o maior objetivo da educação é conscientizar o estudante sobre seu papel na sociedade. Ele acreditava numa educação questionadora, crítica.


Paulo Freire, o educador do povo, faleceu em 1997, mas sua grandiosa obra, garra e bom humor permanecem vivos e atuais. Segundo estudiosos as ideias do educador continuam representando um norte para escolas e universidades que veem a sala de aula como mecanismo de transformação social.
Conhecido desde 2012 como “Patrono da Educação Brasileira”, Freire atuou principalmente na educação de adultos em áreas proletárias de Pernambuco. Freire defende o papel primordial da educação no processo de conscientizar o povo e levá-lo ao senso crítico.
O educador brasileiro é o terceiro pensador mais citado do mundo em universidades da área de humanas, de acordo com levantamento da London School of Economics. Seu trabalho é reconhecido mundialmente: ele tem títulos em 41 instituições de ensino, como nas universidades de Harvard, Cambridge e Oxford.
Nas universidades inglesas, a obra “Pedagogia do Oprimido”, escrita em 1968, é o livro mais lido e está no topo, na área de humanidades. Paulo Freire trabalhou a máxima que “ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinha, os homens se educam em comunhão mediatizados pelo mundo”.

Paulo Freire defendia a teoria chamada “pedagogia do afeto”, a importância de compreender a realidade do aluno, por meio do diálogo aberto, com empatia e constantes trocas de conhecimento. Ele dizia que para ser efetiva a educação tinha que ser transformadora. Se o professor abrisse a ‘‘porta para o diálogo” o estudante entenderia que podia contribuir com o desenvolvimento de todos, descobriria mais sobre sua identidade e ficaria mais interessado e criativo.
“Se a educação não se mostra comprometida com a efetiva inclusão da pessoa em sua sociedade; se a educação não promove condições sociais mais justas, então não merece ser chamada de educação. Trata-se de adestração, mistificação e engano, mas não é educação”, pregava Paulo Freire.



Segundo estudiosos as 5 publicações mais relevantes para quem trabalha com ensino regular são: Educação como prática da liberdade (1967), Pedagogia do oprimido (1968), Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar (1993), Pedagogia da Autonomia (1996), e À sombra desta mangueira (1995).
No Distrito Federal o educador deixou sua marca no Centro de Educação Paulo Freire (Cepafre), organização sem fins lucrativos fundada em 1989, na Ceilândia.Uma metodologia freiriana que já ajudou a alfabetizar cerca de 16 mil jovens e adultos.
Citações de Paulo Freire

“A educação é um ato de amor, por isso um ato de coragem”.
“Uma das coisas que eu acho que a gente precisa fazer é não ficar velho nunca. É não deixar envelhecer o menino, a menina que a gente foi. Nesse sentido, eu sou e não sou novo. Eu sou um velho que se renova. Eu me sinto bem na medida em que procuro fazer bom o momento em que vivo. A minha busca é uma busca de quem não pretende jamais ficar de braços cruzados diante do presente, diante da realidade atual, da realidade em que estou.”
“A educação, sozinha, não faz as coisas todas, mas, sem ela, as coisas todas não podem ser feitas”
Freire se tornou eterno pela amorosidade da sua entrega pela educação, pela coragem de lutar sem perder a esperança no valor da educação. Uma inspiração para a prática pedagógica cotidiana.
Em tempos sombrios, manter a esperança viva é em si um ato revolucionário. Viva Paulo Freire.!!!
Fotos: Reprodução, Divulgação e Clovis Cranchi/Estadão Conteúdo/Arquivo