Rússia celebra casamento real do Grão-Duque Gueorgui Mikhailovich Romanov com Victoria Romanovna Bettarini

O Grão-Duque Gueorgui Mikhailovich Romanov, 40 anos, descendente do rei russo Romanov, deposto na revolução de 1917 e último czar da Rússia, trocou alianças com a italiana Rebecca Bettarini, 39 anos, na catedral de Santo Isaac, em São Petersburgo,na Rússia.

A cerimônia suntuosa aconteceu no dia 1º de outubro com a presença de 1,5 mil convidados, entre eles a rainha Sofia, da Espanha, o rei deposto da Bulgária Simeón II e sua esposa, Margarita, além de outros membros de famílias reais da Europa. Este foi o primeiro casamento real russo em mais de um século. O último casamento de um herdeiro dos Romanov na Rússia foi o de Nicolau II e Alexandra, há 127 anos.

Rebecca Bettarini é filha do embaixador italiano Roberto Bettarini e conheceu o noivo em Bruxelas, onde ambos trabalhavam. Os dois ficaram noivos em dezembro de 2020 após Gueorgui Romanov receber permissão para se casar. Para oficializar a união a noiva precisou se converter para a religião ortodoxa e ser rebatizada como Victoria Romanovna Bettarini.
Em uma entrevista ao jornal russo “Fontanka”, Romanov disse que escolheu se casar em São Petersburgo por “muitas razões”, pois a cidade é “a história da Rússia, a história da casa Romanov. E este foi o primeiro lugar na Rússia para o qual retornamos”.

A nova grã-duquesa da Rússia, Victoria Romanovna Bettarini, usou um vestido em seda italiana – uma homenagem à sua nacionalidade – e o véu foi bordado à mão a fio de ouro, na cidade de Torzhok, com o brasão dos Romanov. O vestido, muito clássico e simples, teve assinatura da criadora Reem Acra, estilista libanês.
Já a impressionante cauda de seis metros, bem como a capa, foram desenhados pela estilista russa Elina Samarina e da marca Sergio Marcone Moscou.
Jovens damas de honra vestidas de laranja carregavam a cauda da noiva que exibia o brasão do Império Russo, bordado em ouro

Victoria Romanovna Bettarini usou a Tiara Lacis, de ouro branco e com mais de quatrocentos diamantes, concebida pelo joalheiro francês Chaumet. A sua forma é a do tradicional toucado russo.
Por fim, os noivos lembraram a antiga família imperial russa com os anéis que foram trocados: projetados por Fabergé, a famosa casa de joalheria russa que criou tantos tesouros – como os famosos ovos – para os czares.
Cercados por padres em mantos dourados, Romanov e Bettarini brilharam enquanto o Metropolita Varsofony da Igreja Ortodoxa Russa, de São Petersburgo e Ladoga realizavam a bênção.

O Grão-Duque russo vive há três anos em Moscou, perto do Kremlin (a sede do governo russo), e afirma se dedicar a projetos de caridade.

Gueorgui Mikhailovich Romanov nasceu na Espanha e se formou em Oxford. Ele trabalhou no Parlamento Europeu e na gigante de mineração russa Norilsk Nickel. Ele é filho da Grã-Duquesa María Romanova, neta do Grande Duque Kirill, que era primo de Nicolás II, o último czar da dinastia Romanov.

Nicolás II era o último czar da dinastia Romanov, que reinou mais de 300 anos no território russo. O monarca foi derrubado pela revolução russa e feito prisioneiro pelos bolcheviques em 1917. No ano seguinte, Nicolás II foi fuzilado nos Urais, junto com sua esposa, a imperatriz Alexandra, suas quatro filhas e seu filho.
Isso pavimentou o caminho para a revolução bolchevique e 70 anos de governo comunista.

Após a cerimônia, o guarda de honra com a espada saudou os recém-casados Gueorgui Mikhailovich Romanov e Victoria Romanovna Bettarini, enquanto eles acenavam para o público do lado de fora da catedral de Santo Isaac, em São Petersburgo,na Rússia.

O bisavô de Gueorgui Mikhailovich Romanov, o grão-duque Kiril Vladimirovic, conseguiu escapar para a Finlândia e evitar o trágico destino do resto da família real na Revolução Boljevic de 1917, e mais tarde foi para a Europa Ocidental e continuou a linhagem. Marija Vladimirovna Romanova, mãe de Gueorgui é neta do grão-duque Kiril Vladimirovic, que se autoproclamou imperador com a chegada dos bolcheviques e o exílio.

O czar Nicolás II e família ficaram enterrados durante muito tempo em um local mantido em segredo pelo regime soviético, mas seus corpos acabaram levados para a catedral de São Petersburgo em 1998. Os membros da família foram canonizados pela Igreja ortodoxa russa em 2000 e são considerados oficialmente pela Justiça como vítimas do bolchevismo. (ANSA).
Fotos: Anton Vaganov/Reuters, Getty Images