Grêmio: gigante nacional paga caro pela falta de rumo no Brasileirão

O Tricolor Gaúcho, mesmo com o luto do seu treinador Vagner Mancini pela perda da mãe no interior de São Paulo, fez uma uma partida maiúscula contra o Atlético-MG vencendo por 4 a 3. Porém, um dos resultados da rodada, Juventude vencendo o Corinthians, não ajudou o Imortal a evitar o rebaixamento para a Série B.
Claro que não podemos esquecer que 2021 foi um ano atípico por causa da pandemia da Covid-19. O Grêmio começou mal o Brasileiro por causa da Covid. Treinador teve Covid assim como vários jogadores. Resultado: dois pontos em sete jogos. A doença comprometeu o desempenho do elenco. O time perdeu várias partidas, mas as vidas foram salvas.
Infelizmente alguns torcedores não entenderam a gravidade da pandemia e só queriam saber de vitórias. Criticavam e vaiavam quando o time perdia. Os problemas aumentaram com a troca de três técnicos e a falta de comando no elenco recheado de estrelismo. Os dirigentes fizeram vista grossa como se o problema não fosse deles.

O campeonato inteiro foi de desilusão para o torcedor. O time não reagia e jogava apático na maior parte do tempo. O Grêmio ficou as 37 rodadas dentro do Z-4 e a direção só dizia que o time ia reagir. Palavras ao vento.
O Grêmio é um clube bem organizado, que não deixa de pagar o salário de seus jogadores, mas mesmo assim o time foi se afundando e deu no que deu.

Mesmo com toda desilusão, o amor pelo clube centenário falou mais alto e mais de 30 mil pessoas foram injetar ânimo aos jogadores. A torcida esteve na Arena apesar de todas as dificuldades para o Grêmio se manter na Série A. Mesmo sabendo que só um milagre manteria o Tricolor Gaúcho na Série A, mesmo assim cantaram com lágrimas nos olhos as músicas do clube e jogaram com o time. O que se viu foi time e torcida na mesma batida.

Os dois gols rapidamente criados e convertidos por Diego Souza e Campaz em jogadas coletivas elevaram o nível do apoio. A vibração das arquibancadas era tanto que o Atlético-MG estava perdido em campo. Não durou muito para Diego marcar o terceiro em uma cobrança de falta espetacular.

Tudo indicava que o Universo conspirava a favor do Grêmio até que o gol do Bahia foi sentido pela torcida e o desânimo atingiu o elenco gremista. Em um piscar de olhos o Atlético fez dois gols, um deles em falha coletiva, e se aproximou no placar. A tensão passou a tomar conta não só pela esperada ajuda nas outras partidas.
Para piorar o Juventude estava ganhando do Corinthians. Os resultados paralelos rebaixavam o Grêmio. O sopro de alguma esperança veio no final do primeiro tempo por conta do empate do Fortaleza no Castelão.

Com o empate do Fortaleza os ânimos voltaram e o quarto gol do Grêmio foi marcado por Douglas Costa, num chute forte e à à queima-roupa de Rafael, complementou jogada com lançamento preciso de Ferreira. Mais importante que aquele gol seria os gols nos outros jogos. Todos ligados e apreensivos com à necessidade dos placares paralelos.
O Grêmio retomou o comando da partida e por sorte o Fortaleza virou contra o Bahia. Com a vitória do Fortaleza e a vitória do Grêmio só faltava o Corinthians vencer para o milagre acontecer. O time paulista não jogou nada e ainda teve um jogador expulso no ocorrer no Alfredo Jaconi.

Nos minutos finais, Miguel Borja entrou no lugar de Diego Souza. E ao cobrar a penalidade marcada após jogada de Jhonata Robert isolou. Perdeu o quinto para o Grêmio. Aos 45 minutos, o Galo marcou o terceiro de falta com chute preciso de Hyoran.
Momentos de êxtase e baque ao mesmo tempo porque até o apito final havia esperança, mas prevaleceu o que se mostrou tendência ao longo de toda a temporada.


O rebaixamento do Grêmio aconteceu porque faltou um resultado paralelo para a única combinação salvadora acontecer.A vitória em Porto Alegre precisava da companhia das derrotas de Juventude e Bahia, diante de Corinthians e Fortaleza, respectivamente. No Castelão, deu certo. Mas o time de Caxias do Sul venceu por 1 a 0 o Corinthians.

Era o fim do martírio para os mais de 33 mil torcedores que estavam na Arena do Grêmio. Uma noite que começou com esperança, euforia e terminou com desolação. Tudo rápido e muito sofrido. O Grêmio caiu, mas de pé.

A torcida como última manifestação de amor, mesmo com dor e indignação, cantou o hino gremista ao término da partida. A ida para casa foi de maneira melancólica e atônita.
Um momento de dor no peito para os mais de 10 milhões de gremistas espalhados por este Brasil afora. Uma paixão passada de pai para filho nos 118 anos de história do Tricolor.
A lição que fica é que mesmo se a direção e alguns jogadores não honraram a história centenária do clube, o torcedor continuará leal ao Grêmio. Sentimento é inegociável e quem ama não abandona.

A confirmação do rebaixamento do Grêmio para a Série B foi um prato cheio para os rivais zoarem e humilharem o clube nas redes sociais. Alheios ao sofrimento dos torcedores e dos jogadores que honram a pesada camisa, fizeram postagens de todo tipo.
Além de ter de conviver com as provocações o Grêmio, acostumado a disputar a Libertadores nos últimos anos, agora vai viver uma nova realidade.

Diferentemente de outros anos, a Série B tem machucado muito os gigantes nacionais. A partir da próxima temporada, o Tricolor Gaúcho será um dos clubes afetados financeiramente e precisa ter a cabeça no lugar para não entrar em parafuso.
2022 será o tempo de reconstrução para o Imortal Tricolor.
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