Senado inaugura Memorial em honra às Vítimas da Covid-19 no Brasil

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Senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, inaugura Memorial em honra às Vítimas da Covid-19 no Brasil

A lembrança das quase 639 mil vítimas da Covid-19, as críticas à condução do governo no combate à pandemia e a valorização das vacinas e da ciência marcaram, nesta terça-feira, dia 15, a inauguração do Memorial às Vítimas da COVID-19 no Brasil.


Localizado na parte superior do Auditório Petrônio Portela, o Memorial reúne 27 prismas de mármore, representando as unidades da Federação. Os prismas são iluminados internamente e simbolizam velas em honra das vítimas da doença no Brasil. O monumento, projetado pelos arquitetos Vanessa Bhering e André Luiz Castro, conta com rampas para o acesso de pessoas em cadeiras de rodas e permite aos visitantes circularem entre as luzes.

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Memorial reúne 27 prismas de mármore, representando as unidades da Federação, em homenagem às vítimas da Covid-19 no Brasil

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, emocionado prestou homenagem as pessoas que perderam à vida para a Covid-19, especialmente os três senadores – Arolde Oliveira, José Maranhão e Major Olímpio -, além dos servidores vitimados pela doença e dos profissionais de saúde, que fazem parte de um grupo com grande número de acometidos pela doença.


“Nós queríamos escrever a história somente com seus bons momentos e sem os eventos trágicos, mas a história registra pouco sobre as expectativas e muito sobre os fatos. É pelos fatos que nós estamos aqui reunidos. Nos dois últimos anos, o Brasil sofreu a sua maior dor.  Registramos, hoje, mais 638 mil irmãos brasileiros e brasileiras mortos pela Covid-19”, lamentou o presidente do Senado.


“Graças aos profissionais de saúde, muitos dos infectados  não serão homenageados neste memorial, pois conseguiram vencer doença.  Meu muito obrigado a todos profissionais da saúde do Brasil. Vocês são verdadeiros heróis anônimos, que trataram com coragem e disposição de milhões de brasileiros, muitas sem a devida estrutura e proteção”, disse Pacheco.


A criação do monumento está prevista na Resolução do Senado Federal nº 26, de 2021. A resolução tem origem no PRS 46/2021, apresentado pelo relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL) e relatado pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM).


Ao homenagear as vítimas e relembrar os trabalhos da CPI, o senador Renan Calheiros lamentou a postura do presidente da República, Jair Bolsonaro, durante toda a pandemia e afirmou que o Brasil foi vítima do negacionismo e da indiferença. Para ele, o péssimo desempenho do Brasil no combate à pandemia se deve ao comportamento “reiteradamente obscurantista” do chefe da nação. Para ele, muitas das mortes poderiam ter sido evitadas.

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Senadores: Simone Tebet, Rodrigo Pacheco, Randolfe Rodrigues, Renan Calheiros e Humberto Costa

“São quase 640 mil óbitos, muitos deles evitáveis se houvesse respeito às recomendações da Ciência, aquisição tempestiva dos imunizantes, correta orientação de campanhas verdadeiras sobre a situação sanitária mundial, todas as boas práticas aconselhadas pela Ciência”, lembrou o Senador Renan.

Ele fez um apelo para que os projetos oriundos da CPI sejam votados com maior brevidade possível pelo Senado. Renan Calheiros lembrou que tradicionalmente os projetos oriundos de comissão são analisados diretamente pelo Plenário e fez um apelo ao presidente do Senado para que os projetos entrem na Pauta. Em resposta, Pacheco reafirmou seu compromisso de dar seguimento às proposições.


O vice-presidente da CPI, Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que é inaceitável qualquer tipo de audiência feita por instituição pública negar vacina. O senador fazia referência à sessão temática feita na última segunda-feira, dia 14, sobre a efetividade do passaporte sanitário — proveniente da vacinação — a ser adotado como medida de enfrentamento à pandemia de covid-19.

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Senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI da Covid-19

“É inaceitável e um desrespeito às vítimas da pandemia que, em tempos atuais, ter qualquer tipo de audiência em instituição pública a negar a vacina, seja para adultos ou crianças. Esse é um memorial para que nunca mais aconteça, mas ele não é o bastante. É preciso dar seguimento ao relatório da CPI e, sobretudo, não dar espaço ao negacionismo fascista propagandeador da morte é um dever civilizatório dos tempos em que vivemos”, disse Randolfe.

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Senado inaugura Memorial em honra às Vítimas da Covid-19, na parte superior do Auditório Petrônio Portela

Sobre o debate, Pacheco afirmou que a posição da Presidência do Senado e da maioria dos senadores é de defesa da ciência e da medicina, das medidas de prevenção e da vacinação. Apesar de discordar de posturas que classificou como negacionistas, ele disse não ser possível retirar o direito de debate ou fazer qualquer tipo de censura.


“Nós discordemos de todas as manifestações negacionistas e antivacina que prestam um grande desserviço para população brasileira”, respondeu o presidente do Senado.


Sueli Aparecida Belatto,
representante da Associação Vida e Justiça, entidade de apoio e solidariedade às vítimas vivas e aos familiares das vítimas fatais da covid-19, disse que a criação do Memorial é um gesto importante, que qualquer país civilizado deve ter em consideração às vítimas.

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Sueli Aparecida Belatto, da Associação Vida e Justiça, entidade de apoio às vítimas vivas e aos familiares das vítimas fatais da Covid-19

“Para que não se esqueça, e para que nunca mais repitam tragédias como esta é que estamos juntos, lutando para que outras homenagens reais sejam prestadas, como por exemplo, a continuação do fortalecimento do SUS e de todas as instituições que socorrem agora as vítimas de covid. Estamos juntos e seguiremos nessa luta para que ninguém mais perca sua vida inutilmente”.

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Memorial às vítimas da Covid-19 no Brasil, Senado Federal

O presidente da Associação Brasileira de Vítimas da Covid, José Mauro Quijada, agradeceu a homenagem prestada pelo Senado e disse que erros na condução da pandemia vitimaram a população.

Fotos: Roque de Sá/Agência Senado