Arnaldo Jabor, cineasta, diretor e jornalista, morre aos 81 anos

É com pesar que registro o falecimento do jornalista, colunista e cineasta Arnaldo Jabor, aos 81 anos, ocorrido na madrugada deste 15 de fevereiro. De acordo com a família a morte foi causada por complicações em decorrência de um AVC que ele sofreu em dezembro de 2021. Desde então Jabor estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
O escritor brasileiro descendente de libaneses teve extensa carreira dedicada ao cinema, à literatura e ao jornalismo. No cinema, dirigiu sete longas, dois curtas e dois documentários.
Formado no ambiente do Cinema Novo, Jabor participou da segunda fase do movimento, um dos maiores do país, conhecido por retratar questões políticas e sociais do Brasil inspirado no neorrealismo italiano e na nouvelle vague francesa.
Mesmo antes de se tornar um premiado diretor e roteirista, já mostrava paixão pela sétima arte. Foi também técnico sonoro, assistente de direção e crítico de cinema. Ele se formou pelo curso de cinema do Itamaraty-Unesco em 1964.

Em 1967, produziu o documentário “Opinião Pública”, seu primeiro longa metragem e uma espécie de mosaico sobre como o brasileiro olha sua própria realidade.
Sucessos de bilheterias e obras premiadas marcaram a carreira do cineasta. Em 1973, fez um dos grandes sucessos de bilheteria do cinema brasileiro: “Toda Nudez Será Castigada”, uma adaptação da peça homônima de Nelson Rodrigues. Por ele, Jabor venceu o Urso de Prata no Festival de Berlim em 1973.

Também era cronista, jornalista, diretor de TV, produtor cinematográfico, dramaturgo e crítico. Arnaldo Jabor como cronista político ficou conhecido por suas ironias ácidas e comentários polêmicos. Foi colunista do O Globo, Estadão e CBN.
Conhecido pela brilhante trajetória nos telejornais da TV Globo e pela reconhecida atuação no cinema, dirigiu sucessos como “Eu te Amo”, de 1981 e deixou seu nome gravado na crônica jornalistica.
Jabor dirigiu “Eu sei que vou te amar” (1986) indicado à Palma de Ouro de melhor filme do Festival de Canes.

Nos anos 1990, o cineasta Jabor se afastou do cinema por “força das circunstâncias econômicas ditadas pelo governo Fernando Collor de Mello. Foi quando decidiu buscar no jornalismo uma nova fonte de renda.
A partir de 1991, ele passou a escrever crônicas para jornais e também a fazer comentários políticos em programas de TV da Globo — “Jornal Nacional”, “Bom Dia Brasil”, “Jornal Hoje”, “Fantástico” e de rádio na CBN.
Publicou oito livros de crônicas. O primeiro deles, “Os canibais estão na sala de jantar”, foi lançado em 1993, Sanduíches de Realidade (Objetiva, 1997), A invasão das Salsichas Gigantes (Objetiva, 2001), “Amor é prosa”, de 2004, e “Pornopolítica” (2006), se tornaram best-sellers. Em 2007 publicou Eu Sei Que Vou Te Amar.

Foi escolhido TOP 50 em 2014 entre os ‘+ admirados jornalistas da imprensa brasileira’, iniciativa do J&Cia e Maxpress. Recebeu uma votação expressiva e foi classificado em 24º lugar, no ranking dos 50 Mais. Em 2015 conquistou ainda melhor classificação e ficou entre os TOP 10.
Meus sentimentos aos familiares, colegas e amigos. Que Deus conforte seus corações neste momento de dor.
Uma grande perda para o jornalismo brasileiro. Descanse em paz!
Fotos: Iara Morselli e Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo/Arquivo e Reprodução