Domingo de Ramos: “na loucura da guerra, Cristo volta a ser crucificado”, diz Francisco

A celebração do Domingo de Ramos na Praça de São Pedro, no Vaticano, reuniu neste 10 de março, cerca de 50 mil pessoas.
O Domingo de Ramos inaugura a Semana Santa e a procissão que recorda a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém foi realizada segundo a tradição, no obelisco no centro da Praça. O Papa Francisco ouviu a narração do Evangelho de Lucas e aguardou do palco a chegada dos cardeais e bispos carregando os ramos de oliveira.
Na ocasião o papa Francisco pediu uma “trégua de Páscoa” na Ucrânia “para alcançar a paz por meio de negociações de verdade”.
“Que comece uma trégua de Páscoa, mas não para recarregar as armas e retomar a luta. Não. Uma trégua para alcançar a paz por meio de negociações reais”, declarou.

O Papa disse que na loucura da guerra, Cristo volta a ser crucificado e questionou o valor de se plantar uma bandeira da vitória “em um monte de escombros”. “Uma guerra que todos os dias traz diante de nossos olhos massacres hediondos e crueldades atrozes cometidas contra civis indefesos”, disse.
Na homilia o Papa afirmou que a lógica do “salva-te a ti mesmo” é o refrão da humanidade, que se manifesta em quem comete violência.
O amor aos inimigos: o mandamento mais difícil

No momento da crucificação, prosseguiu o Papa, Jesus vive o seu mandamento mais difícil: o amor aos inimigos. Jesus nos ensina a romper o círculo vicioso do mal, mas nós, discípulos, “seguimos o Mestre ou o nosso instinto rancoroso? Se queremos verificar a nossa pertença a Cristo, vejamos como nos comportamos com quem nos feriu”.
Ao pedir perdão ao Pai, Jesus acrescenta uma frase: “porque não sabem o que fazem”. Ele é o nosso advogado, não Se coloca contra nós, mas por nós contra o nosso pecado. “Não sabem o que fazem” quem usa a violência, quem comete absurdas crueldades.

“Vemo-lo na loucura da guerra, onde se torna a crucificar Cristo. Sim, Cristo é pregado na cruz mais uma vez nas mães que choram a morte injusta de maridos e filhos. É crucificado nos refugiados que fogem das bombas com os meninos no braço. É crucificado nos idosos deixados sozinhos a morrer, nos jovens privados de futuro, nos soldados mandados a matar os seus irmãos.”
O Papa convidou os fiéis, nesta Semana Santa, a se abrirem à certeza de que Deus pode perdoar todo pecado, à certeza de que, com Jesus, há sempre lugar para mais um.

“Nunca é tarde demais; com Deus, sempre se pode voltar a viver. Coragem! Caminhemos para a Páscoa com o seu perdão. Porque Cristo intercede continuamente por nós junto do Pai (cf. Heb 7, 25) e, olhando para o nosso mundo violento e ferido, não Se cansa de repetir: Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem.”
O Domingo de Ramos é o último domingo da Quaresma, o início da Semana Santa, e comemora a chegada triunfante de Cristo em Jerusalém, dias antes de ser crucificado.
O nome vem do fato de que comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, quando a multidão tinha ramos de palmeira (João 12:13).


As palmas ou ramos são abençoados para que possam ser carregados na procissão. Simbolizam a vitória de Jesus e são levados pelas pessoas para as suas casas que os guardam como força de proteção contra tempestades e outros males.
Portanto, o significado do Domingo de Ramos é recordar o reconhecimento de Jesus como registrado nos Evangelhos: “E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas! E, entrando ele em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou, dizendo: Quem é este? E a multidão dizia: Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia.” (Mateus 21: 9-11).
Fotos: Gregorio Borgia/AP