Gustavo Petro é eleito primeiro Presidente de esquerda na história da Colômbia

A Colômbia elegeu, na noite do dia 19, o primeiro presidente de esquerda da história. Gustavo Petro, da coalizão Pacto Histórico, entre esquerda e centro-esquerda, recebeu 50,44% dos votos no segundo turno da eleição presidencial.
O empresário do setor da construção Rodolfo Hernández, da Liga de Governantes Anticorrupção, recebeu 47,3% dos votos.
O presidente eleito da Colômbia toma posse no dia sete de agosto junto com a vice-presidente a líder ambientalista Francia Márquez, primeira afrodescendente a chegar ao posto. O esquerdista sucederá o conservador Iván Duque para um mandato de quatro anos.

Gustavo Francisco Petro Urrego é economista colombiano de ascendência italiana, Senador da República pelo período 2018- 2022 e fundador do movimento político Colômbia Humana.
“Hoje é dia de festa para o povo. Que festeje a primeira vitória popular (…) É o dia das ruas e das praças”, escreveu o presidente eleito no Twitter, comemorando sua vitória.
Em um centro de convenções no centro de Bogotá, seus simpatizantes explodiram de alegria ao conhecer o resultado.

Em uma transmissão ao vivo pelo Facebook, Hernández aceitou o resultado. “Desejo ao doutor Gustavo Petro que saiba dirigir o país, que seja fiel ao seu discurso contra a corrupção”, disse. “Justiça social e paz”.
Segundo analistas, o ineditismo da derrota da direita no país marca uma guinada política na Colômbia, iniciada com os protestos de 2019 e 2020. O outro candidato, o empresário do setor da construção Rodolfo Hernández, da Liga de Governantes Anticorrupção, recebeu 47,3% dos votos.
No seu discurso da vitória, o presidente eleito ratificou sua proposta de realizar um acordo nacional com as diferentes linhas políticas do país, incluindo a extrema direita. Petro convidou os eleitores de Hernández para que o visitem na Presidência, chamada de ‘Casa de Nariño’ (Casa de Narinho).

“Fazer a paz na Colômbia significa que os mais de dez milhões de eleitores de Hernández são bem-vindos. Não vamos trabalhar destruindo o opositor. Todos serão ‘benvindos’ para dialogar no palácio presidencial”, disse Petro.
Ele entende que somente através “do diálogo, do amor e sem ódio e vingança” será possível realizar as reformas necessárias para que o país seja mais igualitário e inclua também os indígenas, os afrodescendentes e os que foram e são vítimas da violência.

Francia Márquez, primeira afrodescendente a chegar ao cargo de vice-presidente no país, enfatizou em seu discurso de vitória, o lema de inclusão do novo governo e disse que a Colômbia, depois de 214 anos, terá um governo voltado aos “invisíveis”.
A Colômbia, como o Brasil, foi um porto de intenso desembarque de pessoas escravizadas. Petro disse que a população negra (cerca de 10% do país), os indígenas (várias comunidades) e os mais pobres terão atenção especial em sua gestão.
Fotos: Carlos Ortega, Mauricio Duenas Castaneda e Vannessa Jiménez via BBC