Jô Soares, vocacionado comediante e ilustre personalidade brasileira, morre aos 84 anos

É com pesar que registro o falecimento de uma das mais ilustres personalidades brasileiras: Jô Soares, aos 84 anos. O vocacionado comediante, de inteligência afiada que amava Jazz, deixa o Brasil de luto.

José Eugênio Soares, o incomparável Jô, que fez escola na TV brasileira, estava internado no Sírio Libanês, em São Paulo, desde o dia 28 de julho e faleceu nesta madrugada, 5 de agosto de 2022.

Ele parte deixando um legado de devoção à literatura, ao teatro, ao entretenimento e à música. De talento versátil, ágil na oratória, Jô atuava com maestria em tudo que fazia. Falava fluentemente cinco idiomas: português, francês, italiano, espanhol e inglês.
Uma das figuras mais marcantes da TV brasileira, Jô Soares, levou seu humor também para o teatro, literatura e cinema.

Escritor notável, entrevistador sensível, humorista brilhante, ele foi um intelectual e artista de grande dimensão. Um democrata e artista de princípios com rara sensibilidade. Ele era único. Um comediante que amava seu ofício acima de tudo, um ator fora de série. Um cidadão apaixonado pelo seu país e seus amigos.


Depois de uma carreira de imenso sucesso em programas humorísticos na TV durante as décadas de 1960 e 1970, desde o clássico Família Trapo, na Record, ao revolucionário Faça humor, não faça a guerra, na Globo. Em 1986, Jô passou a comandar um talk-show no SBT.

Jô foi um dos maiores nomes da TV brasileira, onde fez muitos programas de humor, além de entrevistas brilhantes e clássicas. Fez escola, passou muitos ensinamentos e divertiu com maestria.

O Jô Soares Onze e Meia o transformou no mais famoso entrevistador da televisão brasileira. O programa passou para a Globo em 2000, sendo produzido por mais 16 anos com muitas entrevistas clássicas.

Mas ele não foi apenas isso, atuou, gravou músicas, dirigiu peças de teatro, escreveu inúmeros artigos e livros. Sua trajetória é riquíssima e a imensa obra cultural e artística será eterna em nossos corações.

Livros


Jô Soares escreveu vários livros, sempre com bom humor e texto refinado. São eles: O astronauta sem regime (1983), O humor nos tempos de Collor (1992), O Xangô de Baker Street (1995), O homem que matou Getúlio Vargas (1998), Assassinato na Academia Brasileira de Letras (2005) e As esganadas (2011). Os dois primeiros foram publicados pela editora L&PM.


Ao lado do jornalista e amigo Matinas Suzuki Jr., Jô escreveu dois volumes contando sua vida, chamados O livro de Jô: uma biografia desautorizada, em 2017 e 2018, ambos pela Companhia das Letras.

Para celebrar a carreira, trajetória e recordar, uma das melhores entrevistas do humorista e apresentador de TV foi com as atrizes Nair Belo, Lolita Rodrigues e Hebe Camargo em 2000, durante o Programa do Jô, e foi marcada pelo humor, tom sarcástico e pelas falas espontâneas.

Mensagens

“Dediquei a minha vida a fazer a vida dos outros um pouquinho mais alegre. Talvez eu devesse contabilizar o meu patrimônio em sorrisos”, Jô Soares.
“Aprendi com o tempo e com os erros, que não devemos nos importar com comentários que não vão mudar a nossa vida”, Jô Soares.
“A vida é como um quebra-cabeça. O importante não é ter todas as as peças, é colocá-las no lugar certo”, Jô Soares.

Gratidão Jô Soares por sua existência. Que sua nova Jornada no Oriente Eterno seja conduzida com toda Luz e Amor.

Fotos: Débora Montenegro, Ramón Vasconcelos e Zé Paulo Cardeal/Globo, Estadão Conteúdo/Arquivo Agência Estado