Museu de Londres exibe imagens incríveis do 14º concurso fotográfico de astronomia

Tirar fotos do céu é uma tentação, mas não é fácil capturar cenas nítidas como fazem cientistas, fotógrafos profissionais e também amadores que se dedicam à fotografia astronômica usando telescópios e câmeras poderosas.
Fotos espetaculares que retrataram galáxias colidindo, luzes dançantes da aurora boreal, o brilho da Via Láctea, o vermelho infernal da superfície solar e cores da lua invisíveis a olho nu, são algumas das tantas imagens surpreendentes que disputam o mais importante prêmio de fotografia astronômica do mundo.
O concurso é organizado pelo Observatório de Greenwich, que reúne quatro museus. Fundado em 1675, é o “lar” da hora média mundial, sob a sigla GMT (Greenwich Median Time) e um dos locais científicos históricos mais importantes do mundo.
Mais de 3 mil fotógrafos amadores e profissionais de 67 países participaram da 14ª edição da competição. Os vencedores de cada uma das nove categorias e o ganhador geral terão seus trabalhos expostos no Museu Nacional Marítimo, em Londres, a partir de 17 de setembro.
A exposição mostra que nem o céu é limite para a sensibilidade e técnica de fotógrafos profissionais e amadores, que revelam ao público imagens surpreendentes que nossos olhos não enxergam.
14º concurso fotográfico de astronomia do Observatório Real de Greenwich
‘Evento de desconexão de cometa’, prêmio de Fotografia de Astronomia do Ano
Uma fotografia rara de um cometa que nunca mais será visto da Terra ganhou um prestigioso prêmio de fotografia. A imagem mostra um pedaço da cauda do cometa Leonard se partindo e sendo levado pelo vento solar.
O cometa fez uma breve aparição próximo à Terra depois de ser descoberto em 2021, mas agora deixou o nosso Sistema Solar. O Observatório Real de Greenwich, em Londres, classificou a imagem como “surpreendente”.
O fotógrafo vencedor Gerald Rhemann, de Viena, na Áustria, conta que não tinha ideia de que a cauda do cometa se desconectaria, deixando um rastro de poeira cintilante atrás.

“Os cometas parecem diferentes de hora em hora, são coisas muito surpreendentes”,conta Gerald. Ele diz que a imagem foi captada em 25 de dezembro 2021 de um observatório na Namíbia, que abriga alguns dos céus mais escuros do mundo. “Fiquei absolutamente feliz em tirar a foto. É o ponto alto da minha carreira de fotógrafo”, contou à BBC News.
O astrônomo Ed Bloomer, que foi um dos juízes da competição, disse que a imagem é uma das melhores fotografias de cometas da história.
Hannah Lyons, assistente de arte dos Museus Reais de Greenwich à BBC News, diz que a astrofotografia perfeita é a colisão da ciência e das artes. “A foto vencedora não é só tecnicamente sofisticada e projeta o espectador no espaço escuro profundo, como também é visualmente cativante e emotiva”.
‘Galáxia de Andrômeda’ – Vencedora do prêmio Jovem Fotógrafo de Astronomia
Esta categoria contempla apenas competidores menores de 16 anos.
A fotografia vencedora é dos chineses Yang Hanwen e Zhou Zezhen, ambos com 14 anos, que trabalharam juntos para fotografar Andrômeda, uma das galáxias vizinhas mais próximas da Via Láctea.

A imagem mostra as cores impressionantes de uma galáxia. “Acho que esta foto mostra o quão lindo é o nosso vizinho mais próximo”, disse Yang Hanwen.
Hannah Lyons disse que ficou “deslumbrada” com a qualidade dos jovens fotógrafos, “que produziram as imagens mais notáveis”.
Imagens vencedoras e altamente elogiadas
‘O Olho de Deus’ – Vencedora na categoria Estrelas e Nebulosas

Weitang Liang tirou esta foto da Nebulosa Helix em Rio Hurtado, no Chile.
“É fácil ver como os antigos costumavam observar as estrelas no céu e imaginar que o cosmos estava nos vigiando, mantendo um olhar atento sobre nós”, interpretou o juiz Imad Ahmed.
‘No Abraço de uma Dama Verde’ – Vencedor na categoria Aurora

Esta imagem do fotógrafo eslovaco Filip Hrebenda mostra a aurora boreal refletida em um lago gelado da Islândia perto da montanha Eystrahorn.
‘Mosaico Mineral da Lua’ – Altamente elogiada na categoria Jovem Fotógrafo de Astronomia
Peter Szabo recebeu menção honrosa na categoria na Jovem Fotógrafo de Astronomia do Ano por esta fotografia da Lua, que ele tirou em Debrecen, na Hungria.

A imagem usa processamento de alta qualidade para mostrar a superfície da Lua com detalhes incríveis, revelando uma visão que é familiar para a maioria das pessoas, mas de uma maneira extraordinária.
‘O Centro da Nebulosa do Coração’ – Menção honrosa na categoria Estrelas e Nebulosas
Péter Feltóti capturou esta imagem da Hungria. O IC 1805 é uma área que abriga enormes quantidades de gás ionizado e poeira interestelar. Um forte vento estelar sopra o material circundante para fora, criando uma forma oca semelhante a uma caverna em uma nuvem de gás.

“É muito difícil capturar nebulosas escuras com qualquer tipo de clareza”, explicou Ed Bloomer. Essa astrofotografia é importante, acrescentou o especialista, porque revela características do cosmos que o olho humano não pode ver olhando apenas para o céu noturno.
‘A ponte da Via Láctea’, Vencedora do Prêmio Sir Patrick Moore na categoria Melhor Iniciante

Usando uma câmera comum, Lun Deng capturou esta imagem da Via Láctea ao subir a Montanha Minya Konka, o pico mais alto de Sichuan, na China.
Árvore Solar Tree’ – Vencedora do Prêmio Annie Maunder na categoria Inovação Digital
Esta imagem de Pauline Woolley combina fotos tiradas por grandes telescópios e ganhou o prêmio de inovação. Ela mostra como o sol muda ao longo do tempo utilizando a ideia de datação por anéis das árvores.

Que bom que a internet permite compartilhar o talento dos fotógrafos. Fiquei encantada. Espero que este sentimento também chegue até você.
Fotos: Gerald Rhemann, YangHanwen e Zhou Zezhen, Weitang Liang, Filip Hrebenda, Peter Szabo, Péter Feltóti, Lun Deng e Pauline Woolley