Vale do Amanhecer celebra 50 anos enaltecendo simbolismo, história e fé

Cores, brilhos, capas esvoaçantes, lanças nas mãos, véus nos rostos, são simbolismos que contam a história de povos antigos e fazem parte das vestimentas dos membros da doutrina mística podem ser vistos na exposição fotográfica “Luz, Cor e Fé – Cinquenta anos do Vale do Amanhecer”, em Planaltina.

A mostra que homenageia as Bodas de Ouro da comunidade mística fica aberta ao público até 13 de dezembro, no Complexo Cultural de Planaltina. Os médiuns do Vale do Amanhecer fazem parte do catálogo de 52 páginas e exposição fotográfica, a partir dos registros capturados pelo olhar do fotógrafo Lúcio Távora.

“Essa exposição é um pouco do meu olhar do que representa a doutrina para mim, um trabalho feito com muito cuidado e desmistifica para a sociedade o Vale do Amanhecer”, diz o fotógrafo Távora.

O projeto foi realizado com recursos do Fundo de Apoio a Cultura (FAC), do Distrito Federal. De acordo com Távora, a mostra “Luz, Cor e Fé” tem o objetivo de retratar os mistérios dos rituais, a beleza das indumentárias e a riqueza de cada detalhe que compõe o espaço sagrado, criado pela médium Tia Neiva.


Em 1958, a sergipana de Porpriá, Neiva Chaves Zelaya, conhecida como Tia Neiva, deixou a cidade com os filhos e outras famílias e fundou, em 8 de novembro de 1959, a União Espiritualista Seta Branca (Uesb), na Serra do Ouro, próximo a Alexânia (GO). Ela recebeu o convite do engenheiro Bernardo Sayão para trabalhar na construção de Brasília. Quando chegou ao local, que depois seria o Núcleo Bandeirante, começou a realizar os trabalhos espirituais.

Em seguida, Tia Neiva e seu grupo religioso se mudaram para o Morro da Capelinha, em Planaltina, onde demoraram 10 anos para construir o atual templo. O Vale do Amanhecer, como é conhecido hoje, foi fundado, em 9 de novembro de 1969. Tornou-se conhecido nacionalmente e recebe atualmente cerca de 5 mil frequentadores por semana.

O advogado Jairo Zelaya Leite, 46, neto de Tia Neiva, diz que o Vale do Amanhecer é uma mistura de culturas e religiões. “A nossa fé veio do céu, porque a minha avó era extremamente católica. Foi ao padre para ser exorcizada, porque via espíritos, até que o espírito de São Francisco de Assis avisou que ela tinha uma missão. Essa é a beleza da nossa religião: crer no lado espiritual”, diz o morador de Planaltina.

O projeto em homenagem aos mais de 50 anos do Vale do Amanhecer é coordenado pelo produtor cultural Léo Matos. Ele cita o afeto à doutrina expressado pela alegria das pessoas que vão ao Vale do Amanhecer. “Elas se identificavam nas fotos e ficavam extremamente felizes em se ver, fotografar o Vale enquanto um patrimônio imaterial para mostrar que ele é cultura, uma religião nascida em Brasília e que está no imaginário das pessoas, que, às vezes, nem a conhecem”.

Léo Matos diz que serão doados 700 exemplares do catálogo à Secretaria de Educação (SEDF) e outros 370 para a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), para serem distribuídos nas escolas da rede pública de ensino da capital federal. O intuito é fortalecer a identidade cultural de Planaltina e contribuir para disseminar conhecimento.

A exposição revela o dia a dia do Vale do Amanhecer, a comunhão entre pessoas, suas histórias e vivências e o misterioso espaço espiritualista.

A mostra conta com dois monitores, que também são médiuns do Vale do Amanhecer, que ficarão à disposição dos visitantes para responder perguntas.

Exposição fotográfica “Luz, Cor e Fé – Cinquenta anos do Vale do Amanhecer”
Até 13 de dezembro
Horário: 14h às 20h de terça-feira a domingo
Local: Complexo Cultural de Planaltina
Endereço: Avenida Uberdan Cardoso, Setor Administrativo, Lote 02

Fotos: Lúcio Távora/ Divulgação