Aids: evolução no tratamento não elimina necessidade de cuidados preventivos

O Dia Mundial de Combate à Aids é celebrado neste 1º de dezembro e tem por função primordial alertar toda a sociedade sobre essa doença que não tem cura e que é necessário proteção eficiente contra ela.
A evolução no tratamento não elimina necessidade de cuidados preventivos. A mensagem contendo a importância dos cuidados preventivos e do diagnostico precoce, bem como da superação de preconceitos e estigmas, deve ser constante.
O primeiro caso de Aids foi identificado em 1981. Até 1996, quando a terapia antirretroviral começou a ser aplicada, contrair HIV equivalia a receber sentença de morte. Hoje, não mais. Mas o êxito dos novos tratamentos não pode significar descuido ou desatenção com a doença: a Aids ainda mata, e muito. O melhor recado continua sendo: previna-se.

A data de hoje serve, portanto, como um alerta sobre a Aids e como uma forma de repensarmos nossas atitudes com os portadores da doença. Não se trata de um dia exclusivo para informações de saúde, é um dia que também nos remete à compaixão e solidariedade.
A data foi escolhida pela Organização Mundial de Saúde e é celebrada anualmente desde 1988 no Brasil, um ano após a Assembleia Mundial de Saúde que fixou a data de comemoração.
Ao criar um Dia Mundial de Combate à Aids, o objetivo era chamar a atenção sobre esse problema, desde sua prevenção até seu tratamento, e acabar com o preconceito.

A Aids é uma doença causada pelo vírus HIV, geralmente por contato sexual desprotegido com pessoa contaminada, mas pode ser também transmitida por transfusão sanguínea e compartilhamento de objetos perfurocortantes.
Muitos pensam que um HIV positivo, ou seja, uma pessoa que possui o vírus HIV, apresenta aids. Isso é um engano, pois a aids é uma das fases da infecção por HIV, um estágio mais avançado da doença, quando o sistema imunológico encontra-se bem debilitado.
Uma pessoa pode ser portadora do vírus e passar anos sem apresentar comprometimento grave do seu sistema imunológico. Em alguns casos, a pessoa infectada com HIV pode passar até mais de 10 anos sem desenvolver qualquer sintoma.
A Aids é uma doença que não mata por si só. Por causar um grande impacto no sistema imunológico, o paciente fica sujeito a doenças oportunistas, como a pneumonia, que surgem no organismo nesse momento de fraqueza. Assim sendo, não se morre de Aids, morre-se das complicações geradas pelas doenças oportunistas.
É importante mostrar para as pessoas que não se contrai Aids com um simples aperto de mão ou abraço em um paciente. E que uma pessoa com o vírus pode relacionar-se e trabalhar normalmente. Além disso a Aids não é uma sentença de morte e que é possível, sim, viver bem com a doença.
O laço vermelho utilizado na luta contra a Aids foi criado em 1991 pela Visual Aids de New York, que queria fazer uma homenagem aos amigos com a doença. A cor vermelha remete ao sangue e à paixão.
Diagnóstico do HIV


O diagnóstico da infecção por HIV é feito por meio de exames laboratoriais que utilizam o sangue ou fluido oral do paciente. O teste pode ser feito gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo importante destacar quem atualmente, no Brasil, existem testes rápidos que podem detectar a infecção em cerca de 30 minutos.
Outro ponto importante a ser destacado é a chamada janela imunológica. No período compreendido entre a infecção pelo vírus e a identificação dos primeiros anticorpos anti-HIV, os exames podem gerar falsos negativos. Normalmente a janela imunológica dura 30 dias. Sendo assim, caso o exame apresente resultado negativo, mas a suspeita continue, a recomendação é de que se repitam os exames após um mês.
Tratamento do HIV/aids


O tratamento para o HIV acontece por meio do uso de medicamentos conhecidos como antirretrovirais, que atuam impedindo que o HIV se multiplique de maneira exagerada. Esses medicamentos não são capazes, no entanto, de destruírem por completo o vírus, mas são essenciais para evitar que o sistema imunológico fique gravemente comprometido.
Os antirretrovirais para o tratamento do HIV são distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, atualmente existem 21 medicamentos, em 37 apresentações farmacêuticas.
A Organização Mundial da Saúde pede que líderes globais direcionem esforços para reduzir as desigualdades que impedem o progresso necessário para que a meta de acabar com a síndrome até 2030 seja atingida.
“Com solidariedade global e liderança ousada, podemos garantir que todos recebam os cuidados de que precisam. O Dia Mundial da AIDS é uma oportunidade para reafirmar e reorientar nosso compromisso compartilhado de acabar com a Aids como uma ameaça à saúde pública até 2030”, afirma Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em comunicado.
A OMS, destaca que a Aids continua a ser um grande problema de saúde que afeta uma parcela considerável da população mundial. Segundo a organização, por exemplo, 4 milhões de pessoas vivem com o vírus do HIV e não foram diagnosticadas, o que representa mais de 10% do total de 38 milhões de infectados.
Além disso, 5,9 milhões de indivíduos que sabem que vivem com o vírus não recebem o tratamento antiviral adequado, mais de 15% do total. A falta de acesso aos medicamentos é ainda pior entre os mais novos. Seis a cada dez crianças de 5 a 14 anos não utilizam os medicamentos, apontou um novo relatório publicado pela agência da Organização das Nações Unidas para Aids (Unaids).
Histórico da Aids

Os primeiros casos de Aids foram descobertos nos Estados Unidos, Haiti e África Central em 1977 e 1978, mas só foram classificados como a síndrome em 1982, quando se compreendeu melhor a doença. No Brasil, o primeiro caso foi diagnosticado em São Paulo, em 1980. As formas de transmissão da doença começaram a ser entendidas em 1982.
Naquela época, o preconceito ainda era muito grande. A falta de conhecimento sobre a doença levou à adoção do nome doença dos 5H: homossexuais, hemofílicos, haitianos, heroinômanos (que usam heroína), e hookers (termo em inglês que se refere a prostitutas).
Somente em 1985 começou-se a falar em comportamentos de risco em substituição ao termo grupos de risco. Em 1991, iniciou-se a compra de medicamentos antirretrovirais para distribuição gratuita e, em 1993, o Brasil começou a produção do coquetel que trata a Aids (AZT). Em 1996 foi criada uma lei sobre o direito do doente de receber o medicamento gratuitamente, o que impulsionou a melhora da qualidade de vida dos milhares de infectados. O Brasil avançou na luta contra a doença e, em 1999, já disponibilizava 15 diferentes medicamentos para tratar a Aids.
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