Francisco celebra 10 anos de pontificado fiel, fraterno e pacificador

Jorge Mario Bergoglio apareceu pela primeira vez na varanda central da Basílica de São Pedro, vestido de branco na noite de 13 de março de 2013, para se tornou o maior líder da Igreja Católica, após a renúncia do Papa Bento XVI.
O jesuíta argentino de grande carisma prestou, naquela ocasião, uma homenagem afetuosa ao seu predecessor emérito e a sua saudação inicial já continha alguns traços salientes do pontificado: a ênfase em ser o Bispo de Roma, a Igreja “que preside na caridade a todas as Igrejas”; a centralidade do povo fiel de Deus ao qual o novo Pastor pediu uma bênção antes de a conceder; a oração por “uma grande fraternidade” no mundo dilacerado pela injustiça, violência e guerras. Nos dias que se seguiram, o Papa explicou o significado do nome que quis assumir, ligando-o ao sonho de “uma Igreja pobre e para os pobres”: Francisco de Assis, disse ele, é “o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e protege a criação”.

E alguns meses depois, em novembro do mesmo ano, o Papa publicou a exortação Evangelii gaudium, verdadeiro roadmap do pontificado, pedindo aos cristãos que testemunhem com a própria vida a alegria do Evangelho, para levar a toda parte, e em particular aos que mais sofrem, a proximidade e a ternura de um Deus que perdoa, acolhe, abraça.
Pela primeira vez na história, em 28 de março de 2014, cinegrafistas e fotógrafos puderam imortalizar a cena de um papa se confessando perante um padre. Isso encorajou os católicos a redescobrir o gosto pelo sacramento. No ano seguinte o Papa lançou um Jubileu da Misericórdia.


Francisco teve uma grande curva de aprendizado sobre o abuso sexual do clero, aos cinco anos de seu pontificado, após uma visita problemática ao Chile quando tomou conhecimento que centenas ou milhares de fiéis chilenos foram estuprados e molestados por padres católicos ao longo de décadas. O abuso era também espiritual e psicológico. “Essa foi a minha conversão”, disse ele à AP. “Foi quando a bomba explodiu, quando vi a corrupção de muitos bispos nisso”.
A batalha contra a cultura do abuso sexual cometido contra menores por membros da Igreja e a fome no mundo tem sido desafios dolorosos de seu papado.


Enquanto a história do pontificado de Francisco é escrita, capítulos inteiros podem ser dedicados as lições do Papa pacificador, reformista, fiel e fraterno. A filosofia de Francisco de que os bispos devem ouvir uns aos outros e os leigos definiu sua visão para a Igreja Católica: ele quer que seja um lugar onde os fiéis sejam acolhidos, acompanhados e ouvidos.
Em 2014 Francisco abriu a porta para permitir que casais divorciados e casados novamente recebessem a Comunhão. Apelos para permitir padres casados marcaram seu sínodo de 2019 na Amazônia, embora Francisco tenha rejeitado a ideia.
Seu sínodo de outubro envolveu uma sondagem sem precedentes dos fiéis católicos sobre suas esperanças para a Igreja e os problemas que encontraram, provocando demandas das mulheres por maiores papéis de liderança, incluindo a ordenação.

Francisco fez mais para promover as mulheres na Igreja do que qualquer outro papa antes dele, inclusive nomeando várias mulheres para cargos de destaque no Vaticano.
O Papa Francisco tem pedido respeito as pessoas LGBTQIA+ há muito tempo marginalizados. Ele disse que eles podem encontrar um lar bem-vindo na igreja. Em pronunciamentos disse: “Quem sou eu para julgar?” e “Ser homossexual não é crime”.
Em suas pregações, Francisco tem abordado temas como a luta por justiça social, a proteção ao meio ambiente e a defesa dos migrantes, vítimas de guerras e da miséria. Sobre este, inclusive, chegou a fazer denúncias, a exemplo do conflito entre a Ucrânia e a Rússia e se ofereceu como um grande mediador.

Momentos importantes marcaram a primeira década do líder maior do Vaticano. Nos encontros inéditos com líderes religiosos de outras religiões Francisco promoveu sempre o diálogo, a paz e a tolerância entre todas as pessoas.
Ensinamentos de Francisco

- Nossa vida é um caminho. Quando paramos, não vamos em frente.
- Deus não cansa de perdoar, nós é que cansamos de pedir perdão.
- O segredo da vida cristã é o amor. Só o amor preenche as lacunas causadas pelo mal.
- Deus não pertence a nenhum povo.
- Quem pensa em construir paredes e não pontes não é cristão.
- Apenas os que dialogam podem construir pontes e vínculos.
- Deus dá as batalhas mais difíceis aos seus melhores soldados.
- O dinheiro tem que servir, não governar.
- A verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração.
- Não deixe que ninguém tire a sua esperança.

Francisco levou novos ares a Roma. Rejeitou o suntuoso Palácio Apostólico e optou por viver em um apartamento modesto. Frequentemente convidou à sua mesa moradores em situação de rua. Ele continua mobilizando os mais de 1,3 bilhão de católicos para o acolhimento dos irmãos e a prática do perdão.
Papa Francisco, de 86 anos, é o primeiro papa latino-americano da história com marcas importantes nesta década e pode ter ainda mais impacto nos próximos anos. Mesmo com a saúde que demanda mais atenção, Francisco segue priorizando missões que possam ajudar aqueles que mais precisam.
Vida longa ao Papa da paz e ternura!!!
Fotos: Max Rossi/Pool/AFP e Reprodução