Vacina contra dengue, do Butantan, ganha Prêmio Péter Murányi 2023

A Fundação Péter Murányi e o seu prêmio foram idealizados e concebidos na década de 90, pelo empresário húngaro Péter Murányi, que se instalou no Brasil aos 24 anos, cabendo à sua família a concretização deste projeto de cunho comunitário.
O Prêmio Péter Murányi tem por finalidade reconhecer trabalhos inovadores, que tenham se destacado na descoberta ou progresso científico e com aplicação prática que promovam a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Em 2023 foram 138 estudos inscritos por 70 instituições brasileiras.

O júri foi composto por representantes de instituições nacionais e internacionais ligadas à área de Saúde, integrantes de Universidades federais, estaduais e privadas, personalidades e membros da sociedade, além dos representantes das entidades apoiadoras.
O projeto da vacina da dengue do Instituto Butantan, liderado pela cientista Neuza Maria Frazatti Gallina, venceu em primeiro lugar a edição 2023 do Prêmio Peter Murányi. O imunizante, que vem sendo desenvolvido desde 2010 para proteger a população contra os quatro tipos do vírus da dengue, está na reta final de ensaios clínicos e já mostrou uma eficácia de quase 80%.

A conquista do primeiro lugar por uma equipe coordenada por uma cientista do Butantan, na premiação promovida pela Fundação Péter Murányi, é muito relevante. Mostra a capacidade das cientistas brasileiras.
Vera Murányi Kiss, Presidente da Fundação Péter Murányi, entidade promotora do prêmio, diz que os vencedores representam a importância de pesquisas e investimentos em avanços científicos, não só nos resultados imediatos das vacinas, mas também na inibição de novos surtos de doenças. “É bastante gratificante ver a Fundação premiando trabalhos que se traduzem em produtos ou serviços inovadores que melhoram, na prática, a qualidade de vida de muitas pessoas”.
“Num país tão rico e tão diversificado, onde problemas e soluções atingem dimensões continentais e envolvem realidades distintas, tenho satisfação em ver que os trabalhos premiados envolvem duas novas vacinas (dengue e Covid) para combater doenças preocupantes e uma ferramenta capaz de tornar a resposta e a gestão da saúde pública mais eficientes”, declara Vera Murányi Kiss, Presidente da Fundação Péter Murányi e presidente do Júri do Prêmio.
Vencedores do Prêmio Péter Murányi 2023 Saúde

1º colocado – Desenvolvimento de uma vacina tetravalente para dengue – Instituto Butantan
2º colocado – Vigilância digital como ferramenta inovadora para o enfrentamento da atual e futura pandemias: da avaliação de eficácia vacinal à previsão de novas emergências – Fundação Oswaldo Cruz (Reitoria)
3º colocado – Soberania tecnológica no desenvolvimento de vacinas humanas no Brasil – FIOCRUZ – Instituto René Rachou e UFMG

A cientista Neuza Frazatti Gallina, gerente de projetos do Laboratório Piloto de Vacinas Virais do Butantan, foi homenageada na cerimônia da 21a Edição do Prêmio Péter Murányi. “A vacina é um produto que evidencia, sobretudo, a capacidade dos cientistas brasileiros.”
Além da professora Gallina toda a equipe envolvida nos estudos da importante vacina da dengue, também foi homenageado na cerimônia.
Premiados do Butantan: Neuza Maria Frazatti Gallina, Claudia Regina Menezes Botelho, Everton Magno de Sousa, Vanessa Harumi Takinami, Francisco Liauw Woe Fang, Flavio Mannaro Medeiros, Alyne Vieira Barros Cutovoi, Gustavo Gonçalves Perrotti, Vivian Massayo Kaziyama Suetugui.

O imunizante do Butantan contra a dengue, que protege contra os quatro tipos de vírus, está na reta final de ensaios clínicos. Após o fim dos estudos, a vacina será submetida à aprovação da Anvisa e poderá ser incorporada ao Programa Nacional de Imunização. A vacina foi a primeira com tecnologia brasileira a ser transferida para uma multinacional, a farmacêutica MSD, a partir de um acordo de licenciamento firmado em 2018.
Diferente dos outros imunizantes do mercado, disponíveis somente na rede privada, o produto do Butantan pode ser aplicado com segurança tanto em quem já teve dengue, como em quem nunca teve contato com o vírus. O estudo recebeu apoio da Fundação Butantan, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
É a ciência sendo reconhecida e aplaudida. Parabéns Butantan. Viva as mulheres cientistas do Brasil.
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