Museu Nacional da República destaca a urgência da saúde dos ambientes naturais

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Flores de Aguapé, a planta que se propaga rapidamente e despolui a água

Pelas mãos habilidosas de duas mulheres, plantas aquáticas colhidas no Lago Paranoá, enfeitam o espelho d’água do Museu Nacional da República. A intervenção artística Aguapé destaca a urgência da saúde dos ambientes naturais e a discussão climática.

A obra das artistas Gisel Carriconde Azevedo e Isabela Couto, com curadoria de de Sissa Aneleh, fundadora do Museu das Mulheres, pode ser conferida neste domingo 21 de maio e faz parte da 21ª Semana Nacional dos Museus. Até 16 de julho os brasilienses poderão acompanhar o crescimento das centenas de plantinhas ao redor do monumental prédio cultural no coração de Brasília.

As artistas preencheram os espelhos d’água do Museu Nacional da República, em Brasília, com mais de oito mil mudas de aguapés do Lago Paranoá para compor, junto à paisagem predominantemente cinza da arquitetura moderna de Oscar Niemeyer, um jardim flutuante.

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Obra de arte viva no Museu Nacional da República, em Brasília, defende a natureza

Natural da Amazônia, o aguapé vive em harmonia com espécies nativas, porém espalha-se facilmente em paisagens degradadas pela ação predatória humana. Por outro lado, essas plantas podem funcionar como reguladores de sistemas, removendo poluentes e toxinas pesadas das águas que habitam.

A “Intervenção: Aguapé” conta com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Caesb, Multcor, Departamento de Ecologia da UnB, Laboratório de Limnologia da UnB, e Mimo Bar.

O Museu Nacional integra o Conjunto Cultural da República e foi inaugurado em 2006. É um espaço que insere Brasília no circuito internacional das artes e mostra o que há de melhor na arte brasileira. O espaço é utilizado para exposições itinerantes de artistas renomados e temas importantes para a sociedade, palestras, mostra de filmes, seminários e eventos importantes. É administrado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal.

Criadoras da Obra

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Museu Nacional da República destaca a urgência da saúde dos ambientes naturais

Gisel Carriconde Azevedo é artista visual graduada pela Universidade de Brasília, com mestrado e doutorado em artes nas universidades de Brighton e de East London – UEL, respectivamente. Entre 2000 e 2016, trabalhou com design de exposição, direcionando sua atenção para as relações entre espaço, objeto e público. Sua produção artística inclui instalação de objetos, pinturas e fotografias, expografia e design de mobiliário. Trabalha com gestão cultural e, desde 2014, está à frente do deCurators, um espaço de arte independente dedicado a experimentos expositivos e curatoriais.

Isabela Couto vive e trabalha em Brasília. Bacharel em Arte pela Universidade de Brasília. Mestranda em Arte pela Pontifícia Universidade Católica do Chile. Atua principalmente nas mídias da aquarela, instalação, videoarte. A artista faz parte da atual busca por modos de existência que atravessam as barreiras impostas pela segregação entre cultura e natureza. Tem experimentado paisagens que resultam do envolvimento entre humanos e não humanos. Seu interesse está em revelar o protagonismo dos elementos naturais em detrimento da participação humana. Isabela participa de exposições desde 2014, possui obra na coleção do Museu Nacional de Brasília e em coleções particulares. Em 2023 tomou posse como suplente do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do DF para atuar na área de arte e cultura inclusiva. Em 2022 realizou a individual Guardadora de Água no Museu Nacional de Brasília, foi selecionada para a mostra internacional e virtual Declare/Decay do coletivo Xor Space e participou da Residência Rio São Miguel, na Chapada dos Veadeiros. Em 2021 foi selecionada para o VII Festival Internacional de Cinema Experimental Dobra, para a coleção Sound Archive and Exhibition Series, Stuttgart. Em 2019 foi indicada ao Prêmio Pipa, selecionada para o Salão Mestre D’armas e para a residência Epecuen.

Sobre a curadora

Sissa Aneleh Batista de Assis é fundadora, diretora e curadora geral do Museu das Mulheres (Brasília). É doutora e mestra em Artes, historiadora da arte, professora universitária e diretora artística. Possui licenciaturas em História e Pedagogia. Sua pesquisa aborda a história da arte, mulheres artistas, arte brasileira, arte decolonial, cinema e poéticas curatoriais.

Aguapé

Eichhornia crassipes, ou aguapé, é uma bonita planta aquática flutuante, com grandes folhas redondas. Floresce o ano todo e produz flores azul-arroxeadas.

Cientistas ouvidos pela BBC News Brasil disseram que o aguapé pode ser a solução para despoluir rios mundo afora e ainda produzir etanol e materiais plásticos. A planta que mais cresce rapidamente em todo o mundo, é muito usado na piscicultura para manter a temperatura da água e proteger os peixes do excesso de sol, além de funcionar como um despoluente. Sua propagação é vegetativa ou por semente (que é liberada na água e pode sobreviver 15 anos submersa).

Fotos: Reprodução