Exposição na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro reúne raridades da imprensa brasileira

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Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro

O público terá oportunidade de conhecer melhor as diferentes realidades sociais do país ao longo dos anos por meio da exposição “Uma janela para o armazém de periódicos“, em cartaz na Fundação Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. A Exposição na Biblioteca Nacional reúne raridades da imprensa brasileira.

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Biblioteca Nacional é palco de mostra que conta a história dos periódicos do país

A mostra foi aberta no dia 14 pelo presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi. “Nós estamos trabalhando efetivamente para que o nosso coração – a Hemeroteca Digital e a Biblioteca Digital – recebam muitos aportes. Como tudo é muito novo e recente na sedimentação necessária dos órgãos que estão se reconstruindo com o país, é um tempo um pouco mais estendido. Mas estamos trabalhando para isso”, afirmou Lucchesi, que também agradeceu e parabenizou a todos os servidores envolvidos com o projeto da exposição.

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Marco Lucchesi, presidente da Fundação Biblioteca Nacional

Em tempos de facilidade digital e online dos acervos, a exposição foi pensada para também estimular a curiosidade do público com os suportes materiais da memória nacional. Cerca de 80 itens do acervo foram selecionados para contar a história da Coordenação de Publicações Seriadas, setor da biblioteca que completou 100 anos em 2022, e que abriga a maior e mais antiga coleção de periódicos do país (no total, são mais de 81 mil títulos e 372 mil volumes). 

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Exposição “Uma janela para o Armazém de Periódicos, da Biblioteca Nacional”, celebra o centenário da Coordenação de Públicações Seriadas

Periódicos infanto-juvenis, LGBTQIA+, religiosos, do movimento negro, de trabalhadores, de grupos políticos e imigrantes estrangeiros são alguns dos destaques. A diversidade é outra característica marcante do acervo.

As curadoras Stéfani da Silva Salgado, Raquel Ferreira e Maria Angélica Bouzada dividiram as obras em cinco módulos. Quem visitar a mostra vai encontrar uma variedade de estilos, formas e conteúdos.

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Exposição na Biblioteca Nacional reúne raridades da imprensa brasileiras

No módulo “veículos de comunicação impressos”, surpreende, por exemplo, a diferença de tamanho entre o jornal Vossa Senhoria e o Jornal do Commercio. O primeiro podia ser folheado com poucos dedos: era considerado o menor do mundo pelo Guinness World Records. Em 1935, foi publicado nas dimensões de 9 cm x 6 cm. Em 1996, passou a ter 3,5 cm x 2,5 cm. O outro jornal, fundado em 1827 e um dos mais antigos do país, media aproximadamente 75,5 cm x 59 cm

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Biblioteca Nacional é palco de mostra que conta a história dos periódicos do país com inúmeras raridades

A curadora Stéfani Salgado espera que com a exposição as pessoas consigam tirar um pouquinho o rosto do computador. “As plataformas digitais, como a nossa hemeroteca, trazem muitas facilidades, mas existe também o impresso que pode ser consultado dentro das devidas questões de preservação de cada material. E é importante lembrar que tem muito material guardado na Biblioteca Nacional que ainda não está digitalizado, porque tem questões de direitos autorais”.

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Periódicos infanto-juvenis, LGBTQIA+, religiosos, do movimento negro, de trabalhadores, de grupos políticos e imigrantes estrangeiros são alguns dos destaques da exposição

No módulo sobre “fragmentos sociais brasileiros”, o destaque é o jornal O Mulato ou O Homem de Cor, criado em 1833 por Francisco Paula Brito. Ele é considerado o primeiro periódico da imprensa negra no Brasil, dedicado à luta contra o racismo e em defesa da abolição da escravidão. Nesse sentido, também está exposta uma edição especial em cetim do A Cidade do Rio, veículo impresso do abolicionista José do Patrocínio, que lutava por impulsionar ideias de emancipação dos escravos junto à opinião pública. 

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Biblioteca Nacional é palco de mostra que conta a história dos periódicos do país e toda sua diversidade e pioneirismo

Outros acontecimentos importantes da história brasileira estão representados nas páginas dos jornais em exibição. 

Uma edição do Última Hora, jornal de Samuel Wainer, de agosto de 1954, anuncia o suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas, no Palácio do Catete, no Rio. Um número da Pif-Paf lembra da revista de humor e crítica política lançada por Millôr Fernandes em maio de 1964, poucas semanas depois do golpe militar. 

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Exposição “Uma janela para o Armazém de Periódicos, Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro

As mulheres e o movimento feminista estão representados pelo O Jornal das Senhoras, lançado por Joanna Paula Manso, em 1852. Foi o primeiro periódico editado por mulheres no Brasil. A revista Walkyrias, lançada em 1934, era dirigida pela jornalista Jenny Pimentel de Borba, e tratava de questões do movimento feminista e da emancipação feminina. 

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Biblioteca Nacional é palco de mostra que conta a história dos periódicos do país

Grupos marginalizados e vítimas de discriminação ganharam voz por meio de periódicos. O jornal Beijo da rua, criado a partir do I Encontro Nacional de Prostitutas, em 1987, trazia reivindicações de direitos para o grupo. 

A “Exposição Uma janela para o armazém de periódicos”, que traz raridades, além de revistas, HQs, mangá e coleções de leis, fica em cartaz até 13 de setembro, de 2ª a 6ª feira, 10h às 17h, na  Biblioteca Nacional, Av. Rio Branco, 219 – Centro – Rio de Janeiro

Fotos: Fernando Frazão/Agência Brasil e Reprodução