Dia de Finados celebração de amor, gratidão, respeito, memória e luz

O 02 de Novembro é o Dia da Saudade, um momento para recordar, honrar e celebrar aqueles que já partiram deste mundo e tornaram-se eternos pelo amor, sentimento que consegue eternizar alguém, pois só quem ama sente saudades. A data é uma oportunidade para refletir sobre a importância de suas vidas, suas contribuições e os valores que compartilharam conosco.
Que possamos no dia de hoje valorizar quem ainda está vivo, ao nosso lado, e lembrar com admiração e respeito daqueles que tanto contribuíram com a nossa existência e nos inspiram até hoje. É uma celebração de respeito e gratidão.
Essa data tem por objetivo principal relembrar a memória dos entes queridos que já se foram, bem como rezar pela alma deles. A todos que perderam alguém querido pela Covid ou pela violência, que sejam fortalecidos e encorajados. Que as boas memórias preenchem a dor da saudade.

De acordo com a doutrina da Igreja Católica, a alma da maioria dos mortos está no purgatório passando por um processo de purificação. Católicos, espíritas, evangélicos, budistas e judeus dizem que a data não representa perda, mas esperança e o encontro de amigos e entes queridos com Deus.
A palavra “Finados” significa alguém que finou, findou, se concluiu, acabou ou morreu. Mas, algo muito grande segue vivo e pulsando. Conectando os corações pelo fio invisível do AMOR. É o amor quem tem a chave que abre as comportas que deixam fluir – na própria vida – a bênção, a experiência, o aprendizado, e o legado de quem passou. A vida de quem partiu segue viva pulsando em nossos corações.

Papa Francisco visitou lápides no Cemitério de Guerra de Roma e depois presidiu a celebração da missa de Todos os Fiéis Defuntos. O Pontífice refletiu sobre a memória dos que já morreram, a esperança na vida eterna e o sofrimento causado pelas guerras.
Em sua homilia, o Santo Padre apresentou duas palavras para reflexão: memória e esperança. Primeiro, a memória daqueles que já passaram pela vida, “de tantas pessoas que nos fizeram bem: na família, entre amigos… E também memória daqueles que não puderam fazer tanto bem, mas foram recebidos na memória de Deus, na misericórdia de Deus”, expressou Francisco.
O Santo Padre expressou tristeza pelos inocentes e tantas vidas ceifadas. Francisco voltou a afirmar que as guerras são sempre uma derrota e que devemos pedir a Deus o dom da paz. “Hoje pensando nos que morreram, peçamos ao Senhor que nos dê a paz, para que as pessoas não se matem mais em guerras. As guerras são sempre uma derrota, sempre. Rezemos ao Senhor por nossos falecidos, por todos. Que o Senhor receba todos eles”, disse o Pontífice.
Oração
Pai Santo, Deus Eterno e todo Poderoso, nós Vos pedimos por todas pessoas que chamastes deste mundo. Dai-lhes a felicidade, a luz e a paz. Que eles, tendo passado pela morte, participem do convívio de Vossos Santos na luz eterna, como prometestes a Abraão e a sua descendência. Que suas almas nada sofram, e Vós dignais ressuscitá-los com os vossos santos no dia da ressureição e da recompensa. Perdoai-lhes os pecados para que alcancem junto a Vós a vida imortal no reino eterno. Por Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém (Rezar Pai Nosso e Ave Maria).
Dai-lhes Senhor o repouso eterno e brilhe para eles a Vossa Luz! Amém!
Crimes contra o respeito aos mortos

Respeitar o direito dos mortos é respeitar a dor que familiares e amigos ao perder uma pessoa querida. É por isso que o Estado, por meio de legislação, protege esse bem jurídico. Os crimes estão previstos nos artigos 209 a 212 do Código Penal.
Art. 209 – Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária. Pena: detenção, de um mês a um ano, ou multa. Se houver violência, a pena é aumentada em um terço.
Art. 210 – Violação de sepultura. Pena: reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 211 – Destruição, subtração ou ocultação de cadáver. Pena: reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 212 – Vilipêndio (tratar com desrespeito) o cadáver ou suas cinzas. Pena: detenção, de um a três anos, e multa,
Como surgiu o Dia de Finados

O Dia de Finados, como é conhecido, foi instituído inicialmente no século X, na abadia beneditina de Cluny, na França, pelo abade Odilo (ou Santo Odilon [962-1049], como chamado entre os católicos). Odilo de Cluny sugeriu, no dia 02 de novembro de 998, aos membros de sua abadia que, todo ano, naquele dia, dedicariam suas orações à alma daqueles que já se foram.
A ação do abade Odilo resgatava um dos elementos principais da cosmovisão católica: a perspectiva de que boa parte das almas dos mortos está no Purgatório, passando por um processo de purificação para que possam ascender ao Paraíso.
Segundo a doutrina católica, no estado de purgação, as almas necessitam, de orações dos vivos, que podem pedir para elas a misericórdia divina e a intercessão dos santos, da Virgem Maria e do principal mediador, o Deus Filho, Jesus Cristo.
Nos séculos da Baixa Idade Média (X ao XV), a prática de orações pelas almas dos mortos tornou-se bastante popular na Europa, ficando conhecida pela alcunha de “Dia de todas as Almas”. Essa prática remonta ao período do cristianismo primitivo, dos séculos II e III, quando os cristãos perseguidos pelo Império Romano enterravam e rezavam por seus mortos nas catacumbas subterrâneas da cidade de Roma.
Ao longo da história diversos ritos de sepultamentos, como a cremação, a mumificação, o enterro em covas e em urnas de cerâmica ou de pedra, bem como a deposição do corpo dos mortos em mausoléus. Grandes monumentos como as pirâmides de Gizé e o Taj Mahal foram erguidos para acomodar os restos mortais de pessoas ilustres.
Com a descoberta da América e o processo de colonização, o dia escolhido por Odilo de Cluny tornou-se ainda mais popular. Nos dias atuais, apesar do grande processo de secularização que a civilização ocidental sofreu ao longo da modernidade, o Dia de Finados continua a ser uma data especial, na qual a memória dos entes queridos que já se foram nos vem à mente e na qual, também, milhões de pessoas vão aos cemitérios levar suas flores, velas, sentimentos e orações.
Fotos: Guglielmo Mangiapane/Reuters e Reprodução