“Em Busca da Felicidade” ganha certificação da Unesco
A primeira radionovela do Brasil, “Em Busca da Felicidade”, transmitida pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro entre os anos 1941 e 1943, ganhou certificação da Unesco e agora é bem cultural e social. “Em busca da felicidade” recebeu da Unesco o certificado do Programa Memória do Mundo. A certificação foi dada aos roteiros da produção, a primeira do gênero no Brasil.
Os originais foram gravados em acetato à base de vidro, o material disponível durante a Segunda Guerra Mundial, que se perderam com o tempo. Porém, a Empresa Brasil de Comunicação responsável pelo arquivo da Rádio Nacional, mantém seis dos nove volumes de roteiros da produção e esse foi o material certificado.
A Empresa Brasil de Comunicação é uma das dez instituições que tiveram aprovada a inscrição de um bem arquivístico no Registro Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da Unesco (MoW). “O certificado representa uma vitória para a EBC, pois reafirma o valor de seu acervo, de sua importância enquanto patrimônio documental que merece ser preservado e difundido”, declarou o presidente interino da empresa, Luiz Antonio Ferreira.
A radionovela apresentada por Aurélio Andrade e Maria Helena, atingiu altos índices de audiência. Era um original cubano de Leandro Blanco com adaptação de Gilberto Martins. A estreia do primeiro capítulo dos 284 escritos, foi em julho de 1941 com oferecimento do creme dental Colgate-Palmolive.
“Senhoras e senhores ouvintes, muito boa noite. A Rádio Nacional do Rio de Janeiro tem o prazer em apresentar Em Busca da Felicidade, emocionante novela de Leandro Blanco”. As palavras do locutor em grave entonação eram ouvidas com os acordes de uma suave trilha musical. As famílias, de Norte a Sul, se reuniam para acompanhar as emoções da radionovela. O rádio tinha o poder de despertar a emoção das pessoas e de fazer pensar sobre os assuntos familiares abordados na telenovela.
Maria Carnavale, gerente de Acervo da EBC, diz que a inclusão no Programa MoW da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) é inédita para o acervo da empresa e reforça seu potencial, porque “agora, o acervo está com um certificado que garante sua preservação, porque é um bem para o mundo. Saiu das paredes da EBC e foi para o mundo. A certificação revela isso”, afirmou à Agência Brasil.
Maria Carnavale informou que a pesquisa para seleção do arquivo foi feita por Thiago Monteiro de Barros Guimarães e Indiara Góes, da Gerência de Rádio e TV da EBC, auxiliados pela arquivista Mirian dos Santos da Conceição. “Juntos, eles construíram a defesa justificativa do projeto. Foi o primeiro passo. É nossa primeira tentativa e logo de cara conseguimos a certificação. Então, é uma felicidade só”, declara Carnavale.
A Rádio Nacional foi criada em 1936 a partir da compra da Rádio Philips, por 50 contos de réis. Seu primeiro prefixo, “Luar do sertão”, de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense, era tocado em vibrafone por Luciano Perrone e em seguida um locutor anunciava o prefixo da emissora: PRE-8.
No mesmo ano começou a apresentar pequenas cenas de rádio-teatro intercalados com números musicais. Em 1937, foi inaugurado o “Teatro em Casa” para a irradiação de peças completas, semanalmente. Sua programação ao vivo passou depois a ser retransmitida para todo o país, o que a tornou uma pioneira na integração cultural do país.
Foi nos anos 1940 e 1950 a principal emissora do país e verdadeiro símbolo da chamada “Era do Rádio”. Seus programas de auditório, radionovelas, programas humorísticos e musicais marcaram a História do Rádio no Brasil. Foi líder de audiência praticamente desde a fundação até que o aparecimento da TV que passou a ditar os novos rumos para a comunicação no país.
