Irisina pode reverter problemas de memória causada por Alzheimer

 

Irisina combate perda de memória

Os cientistas Sergio Ferreira, Mychael Lourenço e Fernanda De Felice, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em parceria com outras universidades, conseguiram estabelecer uma relação entre os níveis de irisina, o hormônio produzido pelo corpo durante exercícios físicos, e um possível tratamento para a perda de memória causada pela doença de Alzheimer.

O estudo foi feito por 25 cientistas de diversos países, com participação das universidades de Columbia e do Kentucky, nos EUA, da Queen’s University e da Universidade do Oeste de Ontário, no Canadá, e ainda da Fiocruz e do Instituto D’Or, ambos no Rio. O estudo foi publicado no dia 07 na revista “Nature Medicine”.

“A grande contribuição do nosso estudo foi mostrar que os níveis desse hormônio estão de fato diminuídos nos cérebros dos pacientes com Alzheimer. Em segundo lugar, foi tentar investigar se repor os níveis desse hormônio no cérebro dos camundongos seria bom para a memória. E nós vimos que, de fato, se você aumentar os níveis de irisina, melhora a memória. E, finalmente, foi demonstrar que a irisina é, justamente, o intermediário entre o efeito benéfico do exercício e a melhora de memória”, explica o professor da UFRJ Sergio Ferreira, um dos autores do estudo.

Os professores da UFRJ  explicam que três novidades foram descobertas: 1) Existem baixos níveis de irisina no cérebro de pacientes afetados pelo Alzheimer. Essa mesma deficiência foi vista nos camundongos que foram usados como modelo no estudo. 2) A reposição dos níveis de irisina no cérebro, inclusive por meio de exercícios físicos, foi capaz de reverter a perda de memória dos camundongos afetados pelo Alzheimer. 3) A irisina é o que regula os efeitos positivos do exercício físico na memória dos camundongos.

Irisina combate perda de memória

Para os autores Mychael Lourenço e Fernanda De Felice, ambos da UFRJ, as descobertas reforçam a importância dos exercícios físicos no combate à doença. Além disso, lembram, o fato de a irisina ser produzida pelo próprio organismo diminui as chances de efeitos colaterais, o que dá esperança para novos tratamentos.

“É diferente de uma droga desenvolvida em laboratório, por exemplo, porque se sabe menos ainda sobre o que pode causar de efeito colateral. Infelizmente não há um tratamento para Alzheimer que funcione, então a busca é muito importante”, diz. Para De Felice, a novidade foi perceber os efeitos benéficos no cérebro tanto da irisina que foi aplicada nos camundongos como daquela produzida com exercícios físicos.

Os cientistas afirmaram que se sabe que o exercício melhora as capacidades cognitivas e atrasa a progressão dos transtornos neurodegenerativos, mas são necessários estudos adicionais para compreender melhor como a irisina entra em ação e interage com o cérebro.

Cérebro Alzheimer

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa causada pela morte progressiva de células do cérebro, prejudicando funções como memória, atenção, orientação e linguagem. A doença não tem cura. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de um milhão de pessoas no Brasil sofrem com a doença. No mundo, são 35 milhões afetadas.

Estudos anteriores comprovaram que a irisina regula o metabolismo do tecido adiposo e até de processos que acontecem nos ossos. O hormônio irisina tem, também, efeitos protetores sobre o cérebro.

Irisina  combate perda de memória

Os cientistas mostram, mais uma vez, a importância do exercício físico para saúde do corpo e da mente. Ficou comprovado que quando o corpo se exercita o tecido muscular libera o hormônio irisina, que é capaz de melhorar a capacidade cognitiva.

Cientistas da UFRJ Irisina