Dia Mundial de luta contra Hepatites Virais é comemorado neste 28 de Julho
As hepatites virais são doenças infecciosas sistêmicas que afetam o fígado, o órgão que desempenha diversas funções, como a desintoxicação do corpo, o armazenamento de vitaminas e a sintetização do colesterol.

O lançamento da campanha Julho Amarelo de Combate às hepatites, do Ministério da Saúde, aconteceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, com a participação do ministro Luiz Henrique Mandetta, e do embaixador do Movimento Vacina Brasil, o cantor sertanejo Michel Teló.
“Vim aqui para Campo Grande, vim aqui na minha terra, para falar desse assunto e conscientizar os pais da vacinação e no caso da hepatite, os pais, os adultos, que não se vacinaram contra a hepatite que vá a um posto de saúde para se vacinar” disse Teló.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, existem cinco tipos de infecções virais que causam hepatite: A, B, C, D e E. As mais comuns são dos tipos A, B e C. Os principais sintomas são: febre, mal-estar, tontura, náusea, vômito, dor abdominal e olhos e pele amarelados, urina escura e fezes claras. Em situações raríssimas, o vírus causa uma hepatite fulminante, em que os danos ao fígado são severos, súbitos e podem levar à morte.

A hepatite A é a mais leve, tem cura, e pode ser prevenida com vacina. O vírus dessa doença é transmitido por alimentos ou água contaminados – daí a importância de verificar a procedência de certos produtos e do saneamento básico. Ele também se dissemina em relações sexuais, em que resquícios de fezes (não raro indetectáveis ao olho nu) entram em contato com a boca. Na maioria dos casos, o próprio corpo se livra da hepatite A após um ou dois meses. Alguns episódios se prolongam por seis meses.

A hepatite B é transmitida principalmente por relações sexuais desprotegidas, uma vez que seu vírus passa pelas secreções vaginais ou penianas. Mas ela também pode se espalhar se o sangue de alguém infectado entrar em contato com o de outro sujeito. Isso ocorre, por exemplo, entre quem compartilha seringas. Ou mesmo se vai em uma manicure onde os equipamentos não são esterilizados.
Desde a década de 1990, há uma vacina segura e altamente eficaz contra a hepatite B. Ela já está no calendário infantil de imunizações. Quem não tomou o imunizante, é importante fazer um exame de sangue para verificar a eventual presença do vírus. Se der reagente é necessário ir a um posto de saúde e tomar as doses – via de regra, são quatro para os bebês e três para os adultos.
É importante estar imunizado porque a hepatite B abre as portas para a hepatite D. Embora o vírus D, menos comum em terras brasileiras, só consegue infectar alguém que carrega a versão B no corpo. O problema é que essa coinfecção é consideravelmente mais grave.
A hepatite C não tem vacina, mas tem grande chance de cura. De 2000 a 2016, 70% das mortes por hepatites virais no Brasil decorreram do tipo C da doença. Algumas pessoas entram em contato com esse vírus e conseguem se livrar dele naturalmente, mas é relativamente comum que ele drible nossas células de defesa e firme residência no corpo. Aí, ele provoca estragos silenciosamente com o passar dos anos. Se nada for feito, o fígado pode sofrer com um quadro de cirrose ou mesmo com o câncer. Os tratamentos atuais garantem uma chance de cura de mais de 90%. Eles estão disponíveis no Sistema Único de Saúde para todos os portadores do vírus.
Cada tipo dessa doença tem suas particularidades. E as características desses vírus ajuda demais a preveni-los e mesmo tratá-los. Estudo realizado pela OMS aponta que mais de 95% das mortes causadas por hepatite são infecções das variações B e C. Os tipos A e E raramente provocam doenças graves e a hepatite D é uma infecção que ocorre em pessoas que já vivem com a hepatite B.
Segundo a OMS, cerca de 325 milhões de pessoas vivem com hepatite B e C. 124 países tem planos de erradicação da doença, no entanto, não possuem orçamento para executar as medidas de prevenção e tratamento. Ampliar os investimentos públicos no combate aos diferentes tipos de hepatite viral salvaria a vida de 4,5 milhões de pessoas nos próximos 11 anos, segundo uma estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em comunicado à imprensa, em razão do Dia Mundial de Combate à Hepatite, data lembrada neste domingo (28), o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, explica que atualmente 80% das pessoas que vivem com hepatite não recebem os serviços necessários para prevenção, exames e tratamento.”Pedimos uma liderança política forte, com investimentos à altura”, afirma Ghebreyesus.

Entre 1999 e 2018, o Ministério da Saúde recebeu 632.814 notificações da doença. No período, a hepatite com mais registros foi a do tipo A (233.027), seguida pelas variedades C (228.695). De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, mais de 500 mil pessoas convivem com o vírus C da hepatite sem saber. Esse tipo é o que mais preocupa as autoridades de saúde do país. Em 2018, foram notificados 26.167 casos de hepatite C no Brasil, ante 13.992 casos de hepatite B e 2.149 casos de hepatite A. Foram registrados também 145 casos da hepatite D no país.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou em Campo Grande que a expectativa é chegar a 50 mil tratamentos por ano. Segundo ele em 2019, foram enviados cerca de 24 mil kits de tratamento para os estados.”É uma meta ambiciosa, mas até 2030, com vacina e tratamento, pretendemos ter números praticamente zero de hepatite no Brasil”, declarou o ministro.

O ministro Mandetta ressaltou que ainda não há vacina para hepatite C, mas há tratamento: “Esse tratamento passa primeiro por fazer o teste. Quando a pessoa tem o vírus faz-se o tratamento e o tratamento consegue zerar essa carga viral. Agora, ela é uma doença silenciosa. Muitos portadores do vírus da hepatite C não sabem que têm a doença e esse vírus agride de maneira muito intensa o fígado, muitas vezes a pessoa pode descobrir a doença quando está em estágio avançado.”, explicou o ministro da Saúde.