Brasil perde Ruth de Souza, a primeira-dama negra do teatro, cinema e televisão

A consagrada atriz Ruth de Souza faleceu no domingo, aos 98 anos, no Hospital Copa D’Or, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Ela estava internada no Centro de Tratamento Intensivo desde o dia 22 para tratar de uma pneumonia.
A cerimônia de despedida está sendo feita no Theatro Municipal, no Centro do Rio de Janeiro, fechada para os familiares até as 10h, depois o espaço será aberto ao público, até as 12h. O sepultamento da atriz está previsto para a 16h30 no Cemitério da Penitência, em cerimônia reservada à família e amigos próximos.
O último trabalho de Ruth foi na minissérie Se eu fechar os olhos agora, da TV Globo, filmado este ano. Ela foi homenageada no carnaval de 2019 pela escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz durante desfile da Série A.

Ruth de Souza é considerada a primeira-dama negra do teatro, do cinema e da televisão brasileira. Foi a primeira brasileira indicada ao prêmio de melhor atriz em um festival internacional de cinema, com o papel de Sinhá Moça, no Festival de Veneza, em 1954.

Também foi a primeira atriz negra a se apresentar no Theatro Municipal do Rio, na peça O Imperador Jones, de Eugene O’Neil. Foi pioneira ainda no Teatro Experimental do Negro. Em 1948, estreou no cinema num papel de Terra Violenta, adaptado do romance Terras do Sem Fim, de Jorge Amado.
Ruth de Souza viveu uma vida longa e intensa. Dedicou mais de sete décadas à dramaturgia e é considerada um ícone para os atores brasileiros e encantou várias gerações. Mulher negra, linda, forte, talentosa que abriu caminhos e venceu preconceitos. Foi um símbolo da ascensão do negro no mercado de trabalho.

De um talento incomensurável, a imortal e lendária Ruth de Souza, a quase centenária continuava lúcida, alegre e produtiva. Partiu fazendo o que mais amava e deixa um legado de uma carreira impecável. Vá em paz, grandiosa Ruth de Souza.

