Queda do Muro de Berlim completa 30 anos com presença invisível

Um dos fatos históricos mais surpreendentes do século passado completa 30 anos neste sábado 9 de novembro: a queda do muro de Berlim. O acontecimento até hoje é envolto grande confusão e polêmica e ainda está presente na vida dos alemães.
Naquele 9 de novembro de 1989, quando um porta-voz atrapalhado disse que o muro se abriria imediatamente, o povo eufórico saiu de casa para dar marteladas no autoritarismo e dando fim a Guerra Fria. O povo fez uma grande festa para comemorar o fim da barreira que oprimia há tantos anos.
Os 155 quilômetros de barreira de concreto foram levantados em 1961, e contornavam toda a Berlim Ocidental, formando uma ilha capitalista dentro da Alemanha socialista. O muro sobreviveu por 28 anos, dois meses e 26 dias. Ao destruir seu muro, a Alemanha Oriental deixava de se submeter à União Soviética e se abria por completo às vantagens e desvantagens do capitalismo.
Foi de propósito que os velhos blocos de concreto ficaram pelo caminho. É para ninguém se esquecer de que, durante quase três décadas, a cidade foi dividida, que alemães orientais eram proibidos de sair do lado comunista, e que muita gente morreu em busca de liberdade.
O muro da vergonha, como era conhecido em grande parte do Ocidente, ou a proteção antifascista, como era chamado pelo governo da República Democrática Alemã (RDA), é possivelmente o símbolo mais conhecido da divisão do país, que após a reunificação se tornou uma potência econômica europeia.
É curioso como um lugar que já foi um dos mais tensos do mundo, de repente se transformou em um ponto turístico. A casinha que foi reconstruída onde antes ficava o Checkpoint Charlie, um lugar de confronto constante entre americanos e soviéticos, sempre prestes a pegar fogo.
Os anos de divisão deixaram traumas. O antigo lado oriental é até hoje mais pobre e tem menos oportunidades. Sentindo-se negligenciados, os alemães orientais tornaram-se o maior eleitorado de um partido que se apresenta como alternativa para a Alemanha, o AFD.

Hoje, porém, 30 anos após sua queda, o impacto econômico e social deixado pela divisão do país é subestimado. E muitos alemães ainda sentem a presença de um “muro invisível” a dividir o país.