Sebastião Salgado mobiliza intelectuais para proteger indígenas brasileiros
O famoso fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado e sua mulher, a designer gráfica Lélia Wanick Salgado, radicados em Paris, pedem que o presidente brasileiro Jair Bolsonaro adote medidas imediatas para defender os povos da floresta da ameaça da pandemia do novo coronavírus.
O manifesto “Ajude-nos a proteger os índios da Amazônia da Covid-19” foi lançado neste domingo (3) e publicado pelo Journal du Dimanche. O documento lembra que há cinco séculos, os grupos étnicos da floresta foram dizimados por doenças levadas pelos colonizadores europeus. “A nova pandemia, que se propaga rapidamente pelo Brasil, poderia exterminar índios que vivem isolados na Amazônia e que não têm nenhuma defesa contra a Covid-19”, alerta o manifesto.

A situação na região é “duplamente crítica, devido às invasões das reservas indígenas por garimpeiros e madeireiros” que se aceleraram nas últimas semanas, denuncia o abaixo-assinado. O risco de “genocídio é real” e o desaparecimento da população indígena seria uma “tragédia colossal para o Brasil e uma perda para a humanidade”.
O pedido de socorro da lenda da fotografia, Sebastião Salgado, tem o apoio de dezenas de personalidades mundiais, como príncipe Alberto II de Mônaco, a apresentadora de televisão Oprah Winfrey, o diretor de cinema alemão Win Wenders, Paul McCartney, Madonna ,o espanhol Pedro Almodóvar, o ex-ministro da Ecologia da França Nicolas Hulot e a atriz francesa Juliette Binoche, os atores americanas Meryl Streep, Glenn Close e Richard Gere, os mexicanos Alejandro González Iñarritu e Alfonso Cuarón, passando por atores, cineastas e artistas do mundo todo.

Do Brasil Gisele Bündchen , Fernando Meirelles, Chico Buarque, Caetano Veloso, Luciano Huck, Gilberto Gil , Beatriz Milhazes, Carlos Nobre e João Carlos Martins, dentre outros famosos. As personalidades que já assinaram o manifesto se dizem “amigas do Brasil e admiradores de sua cultura”. O público pode aderir à campanha na plataforma Avaaz.
Há sete anos, Sebastião Salgado, autor do monumental projeto Genesis, fotografa tribos da Amazônia e defende seus direitos. Em fevereiro de 2018, o mestre do preto e branco, Sebastião Salgado, esteve em Brasília, para doar ao Supremo Tribunal Federal, painéis avaliados em 3 milhões de reais.

O brasileiro lembra que com o epicentro em Manaus, o novo coronavírus já se espalhou pelos nove países com território na região Amazônica. Monitoramento da Repam (Rede Eclesial Panamazônica), ligada à Igreja Católica, contabiliza 20.471 casos confirmados da Covid-19, com 1.257 mortos, até o dia 30 de abril. O levantamento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, aponta 105 casos confirmados entre os índios. Houve seis óbitos, todos registrados na Amazônia.

A Sesai não contabiliza nem atende indígenas morando nas cidades. Assim, casos como o do agente epidemiológico Aldevan Baniwa, 46, morto por coronavírus em Manaus, onde moram cerca de 30 mil indígenas, ficam de fora da estatística oficial.

“Temos de criar um movimento planetário de proteção às comunidades indígenas. A pré-história da humanidade está dentro da floresta amazônica, nesses grupos isolados, que somos nós há 10 mil, 20 mil anos. A humanidade não pode perder, é a origem de todos nós, sem exceção”, diz Sebastião Salgado.