Alfredo Sirkis, ex-deputado federal perde a vida em acidente de carro

bernadetealves.com

O jornalista e fundador do PV, Alfredo Sirkis, de 69 anos, faleceu na tarde do dia 10, em um acidente automobilístico na BR-493, no Arco Metropolitano, em Nova Iguaçu (RJ). Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) o carro que ele dirigia saiu da pista e colidiu com um poste.

Sirkis estava a caminho de um sítio em Morro Azul, em Paulo de Frontin, para visitar a mãe, Liliana, de 96 anos, em isolamento social por causa da pandemia. Ele também iria rever o filho Guilherme, que terminou mestrado recentemente nos Estados Unidos, e está cuidando da avó. Sirkis era casado com a escritora e empresária Ana Borelli.

Alfredo Hélio Sirkis nasceu no Rio de Janeiro em 8 de dezembro de 1950, filho dos imigrantes judeus-poloneses Herman Syrkis e Liliana Syrkis. Estudou em escolas particulares tradicionais da cidade até passar para o Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp/UFRJ), onde se iniciou na política estudantil, na coordenação do grêmio.

Sirkis foi um dos pioneiros na luta pela preservação do meio ambiente no Brasil, e um dos fundadores do Partido Verde, em janeiro de 1986. Em 1991, assumiu a presidência nacional do partido. Em 1998 foi candidato do partido à Presidência, ficando em sexto lugar. Em 2010 foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro.Presidiu a Comissão Mista de Mudança do Clima do Congresso Nacional e foi um dos vice-presidentes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

Sirkis não quis se candidatar à reeleição à Câmara. Passou a atuar então na sociedade civil. Dirigiu o Centro Brasil no Clima e representou no País o Climate Reality Project, do ex-vice-presidente americano Al Gore. Alfredo Sirkis era ainda diretor executivo do Centro Brasil no Clima (CBC) e foi coordenador do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima de 2016 a 2019.

bernadetealves.com
Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos com Alfredo Sirkis

O ex-deputado era conhecido pelo bom trânsito com políticos de todos os partidos, aberto ao diálogo e defensor ferrenho do meio ambiente. Sua carreira política começou em 1988 no Rio de Janeiro quando foi eleito o vereador mais votado e criou a Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Foi vereador municipal por quatro mandatos. Depois foi secretário municipal de Urbanismo, secretário municipal de Meio Ambiente e presidente do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP).

Como jornalista e escritor, foi autor de nove livros, incluindo “Os Carbonários”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1981. O mais recente livro “Descarbonário”, da Editora Ubook, o ex-parlamentar relata sua trajetória desde os anos 1960, quando participou ativamente de movimentos de resistência ao regime militar.

Sirkis iniciou seu trabalho no jornalismo em 1972, em Paris, onde estava exilado, no jornal Libération, dirigido pelo escritor Jean-Paul Sartre e também trabalhou em veículos de comunicação em Portugal.

bernadetealves.com
Ambientalista Alfredo Sirkis

No Brasil trabalhou nas revistas “Isto É” e “Veja”, além de colaborar para vários outros jornais. Foi ainda roteirista na TV Globo, na série “Tele-tema”.

Atuante na militância estudantil dos anos 60 contra a ditadura militar, Alfredo Sirkis esteve exilado em países como Chile e Argentina na década de 1970, voltando ao Brasil em 1979, com a Lei da Anistia.

O jornalista, escritor e político, deixa como legado uma luta incansável pela preservação do meio ambiente no Brasil. Uma perda precoce e irreparável.

Amigos lamentaram sua perda nas redes sociais como o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira, deputada federal Jandira Feghali, prefeito do Rio Marcelo Crivella, , senador Randolfe Rodrigues, deputado estadual Carlos Minc, senadora Leila Barros e a ex-senadora Marina Silva.

Randolfe Rodrigues disse que o livro de Sirkis, Os Carbonários, foi fonte de inspiração para que ele exercesse sua militância política. Pelo livro, Sirkis recebeu o Prêmio Jabuti de 1981.“É doloroso demais perder tão grande nome, que tanto contribuiu para o país. O ambientalismo fica de luto. Aos amigos, familiares e companheiros do Partido Verde, meus sentimentos”, declarou Randolfe.

Para a senadora Leila Barros (PSB-DF), foi grande a perda sofrida pelos militantes da preservação ambiental. “É uma triste notícia para quem luta pela preservação ambiental. Pioneiro neste tema, Sirkis foi um expoente no debate sobre a construção de um novo modelo de desenvolvimento. Que Deus conforte seus amigos e familiares”, disse senadora Leila do Vôlei.

bernadetealves.com
Alfredo Sirkis na Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas

“Uma perda irreparável para a luta socioambiental brasileira. O Sirkis foi pioneiro na defesa da ecologia, um defensor intransigente da democracia, um companheiro leal na defesa dos povos da floresta, principalmente através do Chico Mendes. Nos últimos 10 anos se dedicou de corpo e alma à questão das mudanças climáticas, buscando alternativas sustentáveis para essa crise ambiental global. Tudo que alcançarmos daqui para frente em relação ao desenvolvimento sustentável, seu legado será parte de tudo isso,. Uma perda irreparável para todos nós e sua família”, disse Marina Silva em sua Nota de Pesar.

Conheci o Alfredo Sirkis há mais de 50 anos, no exílio, sempre foi uma pessoa muito estudiosa, um bom escritor, competente, grande quadro da luta ecológica. Fundamos juntos o Partido Verde aqui no Brasil, com outros companheiros. Ele conhecia muito a questão urbana, era um estudioso. E ultimamente se dedicava à questão do aquecimento global. Tanto que o seu livro, publicado há cerca de 15 dias, o seu último livro, chama “Descarbonário”. Ele trata do trabalho contra o aquecimento global, da redução do gás carbônico na natureza. É também uma referência a seu primeiro livro, chamado “Carbonários”, no qual ele conta a sua participação na luta armada. É uma perda enorme para o movimento ecológico brasileiro, uma perda enorme para o movimento em escala mundial, porque era a pessoa que ultimamente estava presente em quase todas as reuniões no mundo, conhecendo muito bem o problema e formulando muito bem sobre ele”, disse o ex-deputado federal pelo PV, Fernando Gabeira.

bernadetealves.com
Deputado Federal Alfredo Sirkis

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) lembrou da luta política e lamentou a morte de Sirkis. “Estarrecida com a morte precoce de Sirkis num acidente de carro em Nova Iguaçu!!! Foi meu colega na Câmara e de diferentes lutas políticas no Rio. Cruzávamos ideias, um defensor ferrenho do Meio Ambiente. Minha total solidariedade à família e aos seus amigos.”

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) declarou:“Dia triste para quem luta pela democracia e pelo meio ambiente. Perdemos o jornalista, escritor e ativista Alfredo Sirkis. Minha solidariedade à família e aos amigos. Vá em paz, Sirkis. Você fará muita falta ao Brasil.”

“Muito chocado com a morte, em acidente de carro, de Alfredo Sirkis. Fomos colegas de vereança, de Câmara Federal e lutas comuns. Sirkis, devoto da causa ambiental, pensava grande. Deixa um novo livro. Que haja consolo para sua família e que Deus o acolha no Reino Cósmico da Paz”, ex-deputado Chico Alencar.

Alfredo Sirkis era um militante apaixonado por todas as causas que abraçava. Como secretário de Urbanismo e de Meio Ambiente da nossa cidade, sempre trabalhou por um Rio mais humano e solidário. Sua luta mais recente era contra as mudanças climáticas que tanto ameaçam nosso planeta. Tinha ainda muito a contribuir com sua experiência e dedicação. Neste momento de grande dor, peço a Deus que conforte sua família, amigos e admiradores”, disse em nota o prefeito do Rio Marcelo Crivella.

bernadetealves.com
Alfredo Sirkis e a esposa Ana Borelli, também escritora

O deputado estadual Carlos Minc (PSB), disse que está “devastado” com a morte do amigo. “O Alfredo Sirkis estava em uma fase boa, além do lançamento dos “Descarbonário”, estava envolvido em vários projetos sobre o clima. Tinha feito recentemente um filme sobre a mãe dele, a Lila, e ele estava indo encontrar exatamente a Lila e o filho Guilherme no sítio em Vassouras. Realmente é uma tristeza muito grade. Uma pessoa que se dedicou a vida toda à ecologia, ao clima, aos amigos, uma pessoa tão generosa, que deixa realmente uma história bonita de vida. E os amigos todos nós estamos realmente devastados, devastados, essa é a verdade.”