Papa Francisco chega ao Iraque em visita histórica

O Papa Francisco chegou nesta sexta-feira (5) ao Iraque, na primeira viagem de um pontífice a um país muçulmano de maioria xiita. Uma visita desafiadora porque o país do Oriente Médio tem problemas sanitários e há risco de violência. O “peregrino da paz” vai ficar quatro dias no país afetado por anos de guerra e terrorismo.
De acordo com dados da Ajuda para as Igrejas Necessitadas, nos três anos de guerra contra o Estado Islâmico, 34 igrejas foram totalmente destruídas e 132 foram incendiadas. Mais de mil casas de cristãos também foram totalmente destruídas e 3 mil incendiadas, o que demonstra a perseguição à minoria cristã no país.

O Papa visita duas cidades que foram cenários de ataques com foguetes contra alvos americanos recentemente. Bagdá, Najaf, Ur, a terra natal do patriarca Abraão, figura de referência para os judeus, cristãos e muçulmanos, Erbil, capital do Curdistão iraquiano, Mossul e Qaraqosh. A agenda inclui encontros com a comunidade católica, cristãos de outras Igrejas e confissões religiosas, líderes políticos e com o Ayatola Ali Sistani, a maior autoridade xiita do país.

O pontífice foi calorosamente acolhido pelas autoridades ao chegar em terras iraquianas. Ele foi saudado ao pé da escada do avião pelo primeiro-ministro iraquiano, Mustafa Al-Kadhimi, conhecido como Al-Kadhimi e pelo Sr. Rahman Farhan Abdullah Al-Ameri, Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Iraque junto à Santa Sé, além de outras autoridades civis e religiosas. Duas crianças em vestes tradicionais ofereceram flores amarelas ao Papa, que durante todo o tempo usou máscara protetora.

Depois da cerimônia oficial de boas-vindas, aconteceu a Cerimônia de boas-vindas no Palácio Presidencial, com a visita de cortesia ao presidente da República do Iraque, Barham Ahmed Salih Qassim. O encontro com as Autoridades, a Sociedade Civil e o Corpo Diplomático, no grande salão do Palácio Presidencial.
O Pontífice expressou publicamente a sua gratidão por poder realizar esta Visita Apostólica, “longamente esperada e desejada” – visita esta que hoje se realiza enquanto o mundo está tentando “sair da crise pandêmica da Covid-19”.
“Nas últimas décadas, afirmou, o Iraque sofreu os infortúnios das guerras, o flagelo do terrorismo e conflitos sectários muitas vezes baseados no fundamentalismo. De modo especial, o Pontífice citou os yazidis, “vítimas inocentes duma barbárie insensata e desumana”. Tudo isto trouxe morte, destruição, ruínas ainda visíveis… E não só em nível material! Os danos são ainda mais profundos, quando se pensa nas feridas dos corações de tantas pessoas e comunidades que precisarão de anos para se curar.”

Hoje, o “Iraque é chamado a mostrar a todos, especialmente no Oriente Médio, que as diferenças, em vez de gerar conflitos, devem cooperar harmoniosamente na vida civil.”
O Santo Padre ressaltou os apelos da Santa Sé às autoridades competentes no Iraque, como noutros lugares, “para que concedam a todas as comunidades religiosas respeito, direitos e proteção”.
“Penso naqueles que perderam familiares e entes queridos, casa e bens primários por causa da violência, da perseguição e do terrorismo; mas penso também em todas as pessoas que lutam diariamente à procura de segurança e dos meios necessários para sobreviver, enquanto aumentam desemprego e pobreza.”

O Papa fez então um fervoroso apelo pelo fim da violência:
“Venho como penitente que pede perdão ao Céu e aos irmãos por tanta destruição e crueldade. Venho como peregrino de paz, em nome de Cristo, Príncipe da Paz. Quanto rezamos ao longo destes anos pela paz no Iraque! São João Paulo II não poupou iniciativas, e sobretudo ofereceu súplicas e sofrimentos por isso. E Deus escuta; escuta sempre! Cabe a nós ouvi-Lo. Calem-se as armas! “
Chega de violências, extremismos, facções, intolerâncias, disse ainda Francisco, pedindo que se dê espaço e voz aos artífices da paz, ao povo simples que quer viver, trabalhar, rezar em paz!

O Pontífice citou ainda o papel decisivo da comunidade internacional não só no Iraque, mas na vizinha Síria. “Espero que as nações não retirem a mão amiga e construtora estendida ao povo iraquiano, mas continuem a operar em espírito de responsabilidade comum com as autoridades locais, sem impor interesses políticos ou ideológicos.”

O Papa disse que a religião deve estar ao serviço da paz e da fraternidade. “O nome de Deus não pode ser usado para justificar atos de homicídio, de exílio, de terrorismo e de opressão”, afirmou Francisco, garantindo a plena colaboração da Igreja Católica para a causa da paz.
Após o discurso do Santo Padre, Francisco dirige-se para a Catedral de Sayidat al-Nejat (Nossa Senhora da Salvação), distante 8,4 km, para o encontro com os bispos, sacerdotes, religiosos/as, seminaristas e catequistas.

Ao final, o Papa Francisco se desloca para a Nunciatura Apostólica de Bagdá, distante 3,3 km, onde passará a noite.
A visita de Papa Francisco é mais que histórica, É uma atitude de extrema grandeza, generosidade e coragem de um extraordinário líder. Viva Francisco, o verdadeiro Apóstolo de Deus.!