Brasil perde Sérgio Mamberti: um gigante da cultura

A cultura brasileira está de luto. O gigante na arte de interpretar,Sérgio Mamberti, perdeu a vida para a Covid-19, aos 82 anos, na sexta-feira, dia 03. Ele foi uma pessoa que lutou pelo progresso e desenvolvimento da nação brasileira, com as armas que tinha, a cultura e a arte!
Dono de um talento grandioso, generosidade e amor imensurável à arte. Ele é a cara da cultura brasileira. Um ser de luz. O Dr. Victor do Castelo Rá-Tim-Bum, que fez parte da infância de milhares de pessoas, continuará vivo em nossos corações.

Sérgio Mamberti construiu sólida carreira nos palcos e nas telas além de ter trabalhado no fomento a políticas culturais. Ele dedicou-se por mais de 60 anos à arte e à cultura brasileiras por meio de diversas atividades: foi autor, diretor, produtor, ator, artista plástico e ocupou vários cargos no Ministério da Cultura durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mamberti se formou pela Escola de Artes Dramáticas da Universidade de São Paulo (USP) em 1961 e logo iniciou sua carreira no teatro. Sua primeira peça profissional foi “Antígone América”, com texto de Carlos Henrique Escobar, produção de Ruth Escobar e direção de Antônio Abujamra.
Depois daquele sucesso encenou as peças “O Inoportuno”, “Electra” e “Navalha na Carne”. Por esta última, ganhou projeção nacional, e por “O Balcão”, venceu o Prêmio Governador do Estado de São Paulo como ator coadjuvante em 1969.
No cinema, estreou em 1966 com a comédia “Nudista à força”, de Victor Lima. Depois, emplacou inúmeros sucessos: “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), “Toda Nudez Será Castigada” (1973), “O Homem do Pau Brasil” (1980), “A Hora da Estrela” (1985), “A Dama do Cine Shangai” (1987). Também estrelou filmes infantis como “Xuxa Abracadabra” (2003) e “O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili” (2006).

Foi nas séries que Mamberti viveu seu personagem mais querido, o saudoso Dr. Victor do Castelo Rá-tim-bum. Também participou de produções da TV Globo, como “A diarista” e “Os normais”. Recentemente, esteve no elenco de “3%”, série brasileira produzida pela Netflix.
Mamberti também reinou nas novelas. Um de seus primeiros papéis de destaque foi como João Semana em “As Pupilas do Senhor Reitor” (1970). Depois disso, atuou também em , “Brilhante” (1981), “Anjo Mau” (1998), “O Profeta” (2007), “Flor do Caribe” (2013), “Sol Nascente” (2016), entre outras. Seu maior sucesso foi o mordomo Eugênio na clássica “Vale Tudo” (1988).
Mesmo depois de ter estreado no cinema e na televisão, não abandonou os palcos. Além de atuar, também encampou projetos de revitalização e manutenção de teatros, como o Teatro Vereda, ao lado de seu irmão Cláudio Mamberti.
Mamberti também dirigiu peças importantes no circuito paulista. Em 2019, estreou, ao lado de Rodrigo Lombardi, a premiada “Um panorama visto da ponte”.
Em 2021, lançou a autobiografia “Sérgio Mamberti: Senhor do meu Tempo”, escrita com o jornalista Dirceu Alves Jr. No livro, falou abertamente sobre sua bissexualidade. “Sempre fiquei com meninos e meninas com naturalidade, a sexualidade nunca foi um problema”, contou.

Carreira política
Mamberti era filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e teve atuação intensa durante os mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Presidiu três secretarias no Ministério da Cultura: Música e Artes Cênicas; Identidade e Diversidade Cultural; e Políticas Culturais. Também foi presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte).
O artista sempre manteve relação próxima ao ex-presidente. Foi ele quem leu a carta na qual Lula, à época preso, anunciava seu nome como candidato oficial do PT na eleição presidencial de 2018.
Mamberti nasceu em 22 de abril de 1939, na cidade de Santos, litoral de São Paulo. Em 1964, casou-se com Vivien Mahr, com quem teve três filhos: o também ator Duda, o diretor Fabrício e Carlos. A esposa morreu em 1980. Depois disso, Mamberti teve um companheiro por 37 anos, Ednaldo Torquato, que morreu em 2019.
Em setembro de 2012, Mamberti foi homenageado no Festival de Cinema de Santos e recebeu uma estrela na Calçada da Fama de um cinema da cidade. O ator ficou bastante emocionado com a homenagem na cidade em que nasceu e no cinema que frequentou desde criança.

Fotos: Ale Catan/Divulgação, Celso Tavares/G1 e Reprodução/Instagram